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Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Elohim verdadeiro, e a Yeshua o Messias, a quem enviaste. JOÃO 17:3
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A Peshitta prova que Jesus é Yahweh?

A Peshitta prova que Jesus é Yahweh? (parte 1)
Postado por Valdomiro
mai 28
Parte 1
Seja pela via trinitária, seja pela via unicista muitos procuram estabelecer, de alguma forma, uma identidade única para o Pai e o Filho. O primeiro grupo para afirmar que embora sendo pessoas distintas são o mesmo Deus e o segundo para dizerem que são a mesma pessoa, logo, o mesmo Deus. Tem-se especulado, principalmente em meios unicistas, em tempos recentes, que a Peshitta apresenta a prova documental de que Jesus é Yahweh. Mas, uma observação é oportuna antes de comentarmos a suposta prova da identidade do Pai com o Filho: Ainda que se reconheça a Peshitta como uma antiga versão das Escrituras Sagradas, ela é uma versão, e isto é provado pelo fato de o Tanakh ter sido originalmente escrito em hebraico, não aramaico e assim como a Septuaginta é toda em outra língua e reflete influências e adaptações textuais como toda versão. Os analistas da Peshitta reconhecem que nela há traços dos Targums Aramaicos, e da própria Septuaginta, pois há trechos que não seguem o texto hebraico, o que prova sua posteridade. Alguns reconhecem a Peshitta da Brit Chadasha (Peshita do Novo Testamento), como uma produção independente e também mais tardia do que sua composição do Antigo Testamento. Logo, ainda que antiga, não é cópia exata do original, mas traz em seu bojo as influências das épocas em que foram traduzidos (Antigo e Novo Testamento) para o aramaico. O próprio texto não reflete a escrita aramaica da era pré-cristã, período da construção histórica do Tanakh, nem do usado no primeiro século, época histórica da Brit Chadasha (Novo Testamento).
O siríaco, vertente do aramaico em que se encontra escrita a Peshitta que se tem hoje, ainda que antigo enquanto língua não se popularizou enquanto escrita senão a partir do III século. E a própria Bíblia Peshitta não é anterior ao IV século. Logo, mesmo que se possa presumir ou reconhecer que tenha havido uma versão aramaica do II século, os manuscritos que se dispõem datam do IV e V séculos, e se apresentam no siríaco tardio, dialeto aramaico que se popularizou como língua de literatura mais de trezentos anos depois de Cristo, principalmente na região de Edessa. Portanto, como todos os demais manuscritos da Bíblia, principalmente os do Novo Testamento, o texto aqui e ali pode apresentar possíveis preferências de fé ou mesmo falhas dos copistas como ocorre também nas cópias gregas.
A afirmação de que Yahweh e Jesus são a mesma pessoa ou o mesmo Deus parte, basicamente, além dos versículos comumente usados pelos unicistas, sejam protestantes ou messiânicos, do uso da palavra aramaica “Marya” (em caracteres hebraicos מריא) que significa Senhor. Ainda que no messianismo hajam as três linhas: unitarismo, unicismo e trinitarismo. Essa palavra tem sido considerada pelos defensores dessa linha de pensamento como um substituto estrito do Nome Sagrado YHWH na Peshitta Tanakh (Peshitta do Antigo Testamento) e, de fato, em praticamente todas as ocorrências do Tetragrama os tradutores dessa versão usaram “Marya” como substituto, e, por isso, quando essa mesma palavra aparece aplicada a Jesus nessa versão das Escrituras é interpretado como uma confirmação de identidade de Jesus com sendo Yahweh. Mas, existem aqueles que não veem esse sistema de identificação como um procedimento seguro para esse tipo de reconhecimento.
Duas questões precisam ser definidas. Primeiro: Será que Marya é a forma aramaica para Yahweh? Ou, será Marya o substantivo aramaico intensivo que significa “senhor” e serviu como substituto não equivalente do Tetragrama na Peshitta, assim como Kyrios o foi na Septuaginta grega?
Os questionamentos surgem a partir da própria transliteração adotada, pois quem defende que Jesus é Yahweh por esses moldes unicistas, costuma transliterar מריא como “Maryah”, alguns chegam mesmo a escrever “MarYah” ou “Mar-Yah” com o “Y” maiúscula e um “h” no final, o que produz uma associação visual com a costumeira transliteração do Nome Sagrado, a partir do hebraico, já que a forma abreviada de Yahweh (hebraico) é Yah, como no Sl. 68.51. Esse tipo de transliteração aproveita uma particularidade da escrita moderna que é a capitulação, ou seja, maiúscula e minúscula, quando sabemos não haver existido capitulação no aramaico, assim como não havia do hebraico ou mesmo do grego da época bíblica. De qualquer forma מריא é escrito com “א” (álap) no final, não com “ה”. Então, a transliteração correta é “marya”. Mesmo que “יא” possa eventualmente, em aramaico, aparecer em composição com nomes teofóricos, não se pode dizer que todas as palavras terminadas “יא” queiram representar a forma abreviada da substituição do Nome Sagrado. Outro detalhe é que a transliteração “MarYah”, assim escrita, denuncia explicitamente que ela é uma palavra criada pelos tradutores, composta de Mar + Yah, mas tal junção não é reconhecida por nenhum dicionário de aramaico. Marya é uma forma real e existente dentre as várias construções possíveis oriundas da raiz “mr” (mar). Marya é a forma intensiva da palavra Senhor, e assim como Adonay é um plural. Além do mais, abundam provas de que nem sempre uma palavra terminada com agrupamento “יא”, em aramaico, representa a abreviação sugerida para o Nome Sagrado. “יא” é desinência plural de muitas palavras em aramaico, fora as palavras que mesmo terminando “יא” nem representam o nome, nem são plurais. Por conta disso o estabelecimento da relação de uma suposta construção de Marya a partir de “mar” com Yahweh, partindo da forma abreviada deste última, precisa ser criteriosamente verificada.
Há que ser notado que se “ya” em “marya” fosse a abreviação “Yah” e fizesse parte dessa palavra, então, essa parte não poderia estar ausente nas variações de “marya” ou de “mar”, no entanto temos maraya, maray, marawan, maran, mareh, marawhy, mara, mareyeh, marhwn e etc. Como já foi dito, há um grande número de substantivos masculinos em aramaico que terminam em “יא” (ya) tais como “rawaya” = bêbado, claro que não podemos presumir “O Bêbado Yahweh” ou “o Bêbado Yah” ou “shatya” = tolo, certamente não será “O Tolo Yah”. Some-se a isso o fato de que se ao traduzir a Bíblia para o aramaico os tradutores preservaram YAH (parte do Nome Sagrado) para fazerem uma composição com “Mar” e aplicá-la quase 7.000 vezes? Por que não mantiveram todo o Tetragrama em vez de sua abreviação que ocorre algumas poucas vezes no texto hebraico? Por que transformariam a abreviação em ocorrência principal e aniquilariam a forma completa do nome? Por que não escreveram, se a palavra fosse uma composição de “mar” com “Yahweh” “MarYahweh”, ou ainda, porque não aparece no texto aramaico pelo menos uma ocorrência dessa forma completa, ao invés de uma suposta forma sempre abreviada?
Factualmente o argumento que parece dar vida a ideia de que Marya identifique Jesus como sendo Yahweh é o fato de na Peshitta Tanakh essa palavra ter servido como substituto sistemático do tetragrama “YHWH” e existirem ocorrências na Peshitta Brit Chadasha da palavra sendo aplicada a Jesus, no entanto, isso não deveria dar alguma especialidade a palavra além daquela que vemos também em Kyrios, título substituto do tetragrama na Septuaginta (versão grega do Tanakh) e no NT grego. O que se pode perceber é que na Peshitta AT os tradutores quiserem preservar a identificação no lugar onde havia ocorrências do Tetragrama através de uma forma fixa de uma palavra aramaica que significa “Senhor”, mas foram além e verteram inclusive outras palavras por Marya.
“Yah” – “Cantai a Deus, cantai louvores ao seu nome; louvai aquele que vai montado sobre os céus, pois o seu nome é Yah (marya), e exultai diante dele.” Sl. 68.4
“Adonenu” – “Disse-lhes mais: Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor [hebraico – Adonenu / aramaico – marya]; portanto não vos entristeçais; porque a alegria doYHWH [marya] é a vossa força.” Ne. 8.10.
“Adon” – “Treme, terra, na presença do Senhor [em hebraico – adon / aramaico – marya], na presença do Eloah de Jacó.” Sl. 114.7
“Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; e de repente virá ao seu templo o Senhor [em hebraico – adon / aramaico – marya], a quem vós buscais; e o mensageiro da aliança, a quem vós desejais, eis que ele vem, diz o Yahweh dos Exércitos.” Ml. 3.1.
“Adonay” – “Ah! Senhor [hebraico – adonai / aramaico – marya], estejam, pois, atentos os teus ouvidos à oração do teu servo, e à oração dos teus servos que desejam temer o teu nome; e faze prosperar hoje o teu servo, e dá-lhe graça perante este homem. Então era eu copeiro do rei.” Ne. 1.11
“Elohim” – “Firmemente aderiram a seus irmãos os mais nobres dentre eles, e convieram num anátema e num juramento, de que andariam na lei de Elohim [marya], que foi dada pelo ministério de Moisés, servo de Elohim [marya]; e de que guardariam e cumpririam todos os mandamentos do YHWH [marya] nosso Senhor [maran], e os seus juízos e os seus estatutos;” Ne 10.29.
Visto que, ante as evidências, não há como estabelecer que Marya deva ser lido MarYah, como se fossem um agrupamento de uma palavra aramaica com outra hebraica, ou que Yah deva ser entendido como um complemento de nome à raiz “mar”, fica pendente a segunda pergunta: Marya é um substantivo aramaico que serviu como substituto do Tetragrama? Podemos dizer que sim, dada as suas ocorrências com essa característica, ainda que não 100% uniforme já que palavras como Adon, Adonay, Elohim e a própria abreviação Yah são, por vezes, substituídas por Marya! Dai surge a questão da ocorrência dessa palavra na Pashitta do Novo Testamento e sua aplicação com a pessoa de Jesus Cristo. Será que em se aplicando essa palavra a Jesus se estabelece uma identificação entre ele e Yahweh como sendo o mesmo ser?
É fato curioso que os tradutores da Peshitta Tanakh tenham procurado ao máximo substituir o Tetragrama por Maya, chegando mesmo a verter até títulos aplicados a Yahweh por Maya, mas não tenham seguido o mesmo rigor de uniformidade na aplicação dessa palavra a Jesus quando produziram o NT. Talvez pelo fato de terem sido grupos diferentes, como já foi dito, que produziram a Peshitta que hoje temos em mãos ou talvez porque a exclusividade que deram a Marya no Antigo Testamento não tenha sido transportada para o Novo Testamento. Note-se que a expressão “Senhor Jesus” ocorre no Novo Testamento 119 vezes se tomarmos como base o TR e um pouco menos se tomarmos o TC do NT Grego como base. Isto se considerarmos “Senhor” no conjunto “Senhor Jesus”. Se considerarmos apenas a palavra “Senhor” isoladamente, mas se referindo pelo contexto a Jesus, e agregarmos a essas o número aumenta substancialmente, pois a palavra “Senhor” ocorre no NT cerca de 750 vezes, dessas um pouco mais de 200 é de fácil identificação como se referindo a Yahweh, o Pai (como, por exemplo, nas referências à passagens do Antigo Testamento). Se excluirmos as ocorrências aos senhores terrenos, sobram, então, aproximadamente 500 ocorrências que se aplicariam a Jesus. No entanto, em apenas cerca de 30 ou um pouco mais, os escritores da Peshitta usaram “marya” referenciando Jesus. Se para os elaboradores da Peshitta Jesus era indubitavelmente Yahweh e a Peshitta substituiu todas as ocorrências do Yahweh no Antigo Testamento por Marya, qual a razão para não usarem também de forma sistemática e uniforme a palavra quando Jesus fosse referenciado como “Senhor”? Ou mesmo por que não trocar o nome Jesus por Marya, se esta era a forma de identificação do nome de Deus naquela versão da Bíblia?
Como já dissemos os grupos que produziram a Peshitta do A.T e a do N.T muito provavelmente não foram os mesmo. A atual versão que dispomos é a junção desse trabalho.
O detalhe importante que parece ser ignorado nesse processo de tentativa de identificação de Jesus como sendo Yahweh pela via da aplicação de Marya nos textos aramaicos é o contexto teológico do período de sua produção, mas especificamente da produção do N.T no dialeto siríaco. Já no séc. II haviam muitas facções originadas daquela fé pregada pelo Nazareno. Existiam os de linha judaica que consideravam Jesus um homem: O messias enviado a terra. Outros judeus e não judeus de linha Gnóstica, que Deus gerava ou emanava divindades e Jesus era uma dessas divindades geradas. Outros que entendiam que Jesus era o próprio Deus em carne, mas não o mesmo que o Pai, e outros ainda que admitiam Jesus como encarnação de Deus e era, achavam eles, em certo aspecto, o próprio Pai. Esta última impostação se tornou muito popular, é a antecessora do dogma trinitário e já no séc. III havia agregado o Espírito Santo como a terceira manifestação, não outra pessoa, desse Deus. O chamado modalismo havia alcançado Roma, Asia Menor, Síria e Egito. Isto significa dizer que na época da produção da cópia da Peshitta da qual se dispõe hoje, já existia um distanciamento grande, nesse aspecto, das raízes verdadeiramente judaicas iniciais do cristianismo. Assim, o conceito de que Jesus e Deus, seu Pai, não eram duas pessoas, mas o mesmo e único Deus já havia chegado às regiões de produção da Pashitta do NT. Não é difícil ponderar, até pela falta de uniformidade e escassez de uso da palavra Marya aplicada a Jesus, em contraste com o grande volume das ocorrências que chamam Jesus de Senhor (onde deveríamos esperar também Marya), que o copista tenha colocado ali a palavra sem a devida firmeza, já que de 400 ocorrências da palavra Senhor referindo a Cristo, ele teria usado Marya apenas em cerca de 30; ou que tal copista já estava inclinado ao chamado modalismo, que se caracterizava justamente pela crença de que Jesus e Deus, seu Pai, eram o mesmo Deus, logo o mesmo Marya, mas não eram pessoas diferentes.

Parte 2
O que dizer dos versos que apresentam Jesus como Marya.
Aqui não analisaremos os cerca de 30 que são reivindicados como sendo, supostamente, versos que dariam base para o requerimento de identificação de Yahweh como sendo Jesus, mas uns poucos, porém suficientes para mostrar o equívoco que é tentar estabelecer uma identidade de Yahweh com Jesus através da palavra Marya na Pehsitta Aramaica.
Um dos versículos comumente usados para defender que Jesus é Yahweh, pela via aramaica, é Fp. 2.11 “E toda a língua confesse que Jesus Cristo é מריא, para glória de Deus Pai.” Mas, ele deveria ser a prova contrária, pois se Deus Pai é Yahweh, por que, então, o confessar Jesus não seria para glória de Marya mas de Deus Pai, já que Marya é o próprio Yahweh? Por que distingui-lo dizendo que a glória seria para Deus Pai e não para Jesus mesmo, já que ele é Marya. Por conseguinte confessar que Jesus é Marya deveria ser para glória de Marya. Qual a razão para tratá-los como dois seres diferentes, se são a mesma “substância” ou o mesmo Marya?
Há versículos que mostram claramente que reconhecer “Marya” como sendo um substituto, pari passu, de Yahweh, descontextualiza a passagem bíblica completamente. Por exemplo, em Jo. 8.11 lemos: “E ela disse: Ninguém, Marya (Senhor). E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais.” É difícil achar que aquela mulher estivesse, de pronto, identificando Jesus como sendo o próprio Yahweh, já que é isso que pretende aqueles que defendem o uso de Marya para Jesus, até porque o verso segue dizendo: “E disse-lhe Jesus…” Ou seja, a identificação de Jesus não deixa de ser Jesus, e a ele se atribui ali o título “Senhor”, não o nome “Yahweh” ou um substituto estrito do nome Yahweh, por tabela da palavra aramaica “Marya”. Não é natural deduzir ou entender que, ante a pergunta de Jesus se alguém a havia condenado, a mulher houvesse dito: “Ninguém Yahweh!”. Ou seja, é difícil crer que a mulher teria chamado Jesus de Yahweh e João o escritor do Evangelho teria insistido em identificá-lo com o nome Jesus! Entender marya além de seu sentido comum de “Senhor” gera essas estranhezas que só é aceita por quem já tenha abraçado um conceito que abarque isso previamente, pois o texto por si só não permite essa compreensão.
A citação que Jesus faz do Sl. 110.1 em Mt. 22.44 também mostra que vermos em “marya” um substituto estrito do nome Yahweh, não é uma opção segura: “Disse Marya (Yahweh) a l’Mari (Senhor)”. Aqui Jesus é “Mari”, não “Marya”. E é fato curioso que os defensores da ideia de que Jesus é Yahweh Deus pela associação dele com a palavra “marya” costumam citar Mt. 22.43 e o 45, onde aparece Jesus sendo chamado de Marya, mas não citam o verso do meio, Mt. 22.44, justamente onde se mostra Jesus sendo chamado de Mari, mostrando a distinção dele com Yahweh referenciado no Sl. 110.1. Ou seja, ainda que no verso 43 e 45 ele seja chamado de Marya, quando ele é colocado ao lado de quem, pelo contexto do Salmo representa seu Pai, ele é reconhecido como “mari”, não como “marya”. Isto prova que quando aplicado a Jesus, “Marya”, tem o mesmo valor de Mari ou Maran e significa assim como “Kyrios”, “Senhor”, e, não é associado estritamente com caráter de identidade pela forma substitua aramaica do nome “Yahweh”.
Em At. 2.25 há uma citação de interesse para o caso: “Porque dele disse Davi: Sempre via diante de mim o Senhor (l’mari), Porque está à minha direita, para que eu não seja comovido;” essa passagem é citação do Sl. 16.8 “Tenho posto Yahweh (Marya) continuamente diante de mim; por isso que ele está à minha mão direita, nunca vacilarei.” Como se pode perceber na Peshitta NT se usou “Mari” em um trecho do AT onde aparece “Marya” indicando que o sentido de ambos é o mesmo e significa “Senhor”. O que se pode dizer aqui é que na Peshitta NT Yahweh é também reconhecido como “mari”.
Digno de nota também é o texto de Jo. 12.21, na versão Siríaca do Sinai, onde lemos: “Estes, pois, dirigiram-se a Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e rogaram-lhe, dizendo: Marya, queríamos ver a Jesus.” Aqui Felipe é reconhecido com “Marya”. Certamente a ocorrência mostra que “Marya” não é o equivalente estrito de Yahweh no NT. O que se pode dizer aqui é que na Peshitta NT Felipe foi reconhecido como Marya. Se Marya é estritamente identificação de Yahweh temos um problema evidente de identificação de Felipe.
Curiosamente tem-se na Peshitta do NT a ocorrência exatamente de “maryah” (não marya) mas sendo aplicada a homens comuns, conforme aparece em At. 16.16 “E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem, que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores.” “Senhores” aqui é “מריה”.
Se “marya” fosse sinônimo de Yahweh, então, não há explicação razoável para At. 2.36 “Saiba, pois, com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Marya e Cristo.”, pois não tem sentido dizemos que Jesus foi constituído por Deus em Yahweh. Se ali entendermos “marya” como o senhorio dado a Cristo o texto é harmônico, mas se por “marya” entendermos que Jesus foi feito Yahweh pelo próprio Deus, o texto fica sem qualquer sentido. Quem ele era antes, para somente depois ser feito “marya” (Yahweh)? Se ele foi feito, então, em que momento não era “Yahweh” (Marya) feito carne”.
O uso de “marya” se entendido como um composto de “mar” mais a forma “Yah” do nome de Deus, destrói o propósito do uso de “marya” pois se a ideia era manter “Yah” oriundo do nome de Deus ainda que em forma abreviada, porque não usar sua forma completa “Yahweh”?
Um outro detalhe bem gritante da falha da reivindicação de “marya” como praticamente o equivalente aramaico de Yahweh e que com esse viés tenha sido aplicado a Jesus, é o fato de nenhum judeu opositor de Cristo, que por sinal eram eram muitos, haver taxado de idólatras ou blasfemos aquelas pessoas que teriam chamado Jesus de Marya (se Marya era o equivalente de Yahweh). É como se o fato houvesse passado completamente desapercebidos de tudo e de todos em Jerusalém, Judeia, Samaria e confins da terra.
Some-se a tudo isso, o fato de nenhum dos renomados especialistas em aramaico apresentarem Marya como uma construção de “Mar” com “Yah”, mas como um intensivo de “mar” que foi posto como substituto do nome do Eterno; semelhantemente ao que os LXX fizeram com “Kyrios”.
As obras ou estudos que apresentam Marya como sendo uma composição de Mar (aramaico) + Yah (hebraico) se origina no meio de quem já acredita nisso.

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