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Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Elohim verdadeiro, e a Yeshua o Messias, a quem enviaste. JOÃO 17:3
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As almas debaixo do altar

As almas debaixo do altar

As almas do Apocalipse: Literal ou Simbólico? – Por fim, o último dos argumentos imortalistas a ser refutado se encontra em Apocalipse 6:9-11, que os defensores da doutrina da imortalidade da alma gostam de usá-lo como um acontecimento literal daqueles que estavam no Céu pedindo a vingança dos seus inimigos. Eles se esquecem, porém, que João não escreveu um livro literário e sim um livro simbólico. Todas as ações místicas tem um exato sentido literal para ser identificado. Quando João escreve que o Sol se escureceu refere-se às cidades pegando fogo com fumaça para todos os lados – veja se você vai conseguir ver o Sol! Quando fala do mar virando sangue, jogue corpos e mais corpos no mar e você vai ver no que vira.

Ninguém pensará que no Céu há cavalos brancos, vermelhos, negros ou pálidos, montados por ginetes belicosos; ninguém pensará que Jesus está no Céu na forma de um cordeiro com uma ensanguentada ferida de faca, ou que está em forma de um leão (leão da tribo de Judá). Os quatro seres viventes não representam criaturas aladas reais com características de animais. Também não há ali “almas” que jazem na base de um altar. Toda a cena foi uma representação gráfica e simbólica, de que aqueles que foram martirizados seriam vingados por Deus, no dia do juízo final. Toda a simbologia apocalíptica tem um sentido a ser identificado.

Algumas passagens que são claramente simbólicas, dentre muitas outras que podemos destacar são:

(1) Cristo no Céu em forma de cordeiro ensanguentado (cf. Ap.5:6).

(2) Criaturas dentro do mar falando e louvando a Deus (cf. Ap.5:13).

(3) Várias estrelas caindo sobre a terra (cf. Ap.6:13). Sabe-se que o tamanho das estrelas é maior do que o do nosso planeta e se caíssem estrelas sobre a Terra esta acabaria no mesmo instante e o Apocalipse teria fim.

(4) Cavalos com cabeças de leão (cf. Ap.9:17).

(5) Cavalos que soltavam de sua boca fogo e enxofre (cf. Ap.9:17).

(6) Gafanhotos com coroa de ouro e rosto humano, cabelos como de mulher e dentes como de leão (cf. Ap.9:7,8).

(7) Um dragão perseguindo uma mulher grávida no deserto (cf. Ap.12:13).

(8) A mulher grávida no deserto tem asas e voa (cf. Ap.12:14).

(9) A terra abre a boca engolindo um rio que um dragão soltou com a sua boca (cf. Ap.12:15,16).

(10) Os trovões falam (cf. Ap.10:3).

(11) O altar fala (cf. Ap.16:7).

(12) Jesus tem sete chifres e sete olhos (cf. Ap.5:6).

(13) Duas oliveiras e dois candelabros soltam fogo devorador de suas bocas (cf. Ap.11:4,5).

Diante de tudo isso, por que não crer que almas agonizando debaixo do altar em pleno Paraíso clamando por vingança contra os seus inimigos seja uma cena simbólica? Tal como não existia uma mulher grávida sendo perseguida por um dragão no deserto durante mil duzentos e sessenta dias, mas esta mulher representa a Igreja e o dragão representa Satanás perseguindo a Igreja, igualmente não existe alguém no Paraíso agonizando e gritando por vingança, mas é de fato uma representação de que aqueles que foram martirizados seriam vingados por Deus, no dia do juízo final.

Pressupor que existem literalmente almas no Céu agonizando, gritando “em alta voz” (cf. Ap.6:10) em seus clamores por vingança contra os seus inimigos é ferir a todos quanto pensam racionalmente e entendem as linguagens simbólicas do Apocalipse. Se até o trovão fala no Apocalipse (cf. Ap.10:3), e isso é claramente uma linguagem simbólica, por que as “almas” gritando vingança no Céu tem que ser necessariamente literal? Afinal, João escreveu um livro altamente simbólico: “Quando ele bradou, os sete trovões falaram. Logo que os sete trovões falaram, eu estava prestes a escrever, mas ouvi uma voz do céu, que disse: Sele o que disseram os sete trovões, e não o escreva” (cf. Ap.10:3,4). Dois pesos… duas medidas!

O Paraíso não é um local onde as pessoas ficam agonizadas e atormentadas ao ponto de clamarem em alta voz a vingança contra os inimigos, muito pelo contrário, é exatamente o inverso: é o momento em que as pessoas recebem a sua merecida recompensa e entram no conforto do Pai, no lugar no qual “Ele lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (cf. Ap.21:4).

Se não há mais dor, nem luto e nem lágrima na presença de Deus, então é totalmente inconcebível que haja literalmente almas clamando por vingança contra os seus inimigos, aos gritos! O Céu é exatamente o inverso disso: é o local onde encontraremos tanto descanso de Deus que não iremos mais nos preocupar em nos vingar de nossos adversários. Enquanto estamos aqui na terra, por várias vezes pensamos nisso, pois estamos ligados às tensões e tribulações terrenas. O Paraíso, contudo, é chamado de local do descanso (cf. Ap.14:13), precisamente porque não nos preocuparemos mais com isso, mas desfrutaremos do máximo da comunhão com o Senhor.

Inconcebível pensar que, neste mesmo contexto em que desfrutam da plena paz que é estar com Cristo, que descansam no Paraíso, que veem a Deus face a face, que podem desfrutar de todos os galardões celestiais e onde nenhuma tribulação mais pode ter efeito, ainda existam almas clamando, aos gritos, em “alta voz” (cf. Ap.6:10), suplicando por vingança contra inimigos, aglomeradas debaixo de um altar, ao invés de estarem louvando e glorificando a Deus como em toda a parte vemos no Apocalipse, e tudo isso de forma real e literal!

A conclusão óbvia na qual podemos chegar é que tanto as almas debaixo do altar como os trovões que falaram eram linguagem simbólica, e não um acontecimento literal, pois as almas só revivem na ressurreição (cf. Ap.20:4), e naturalmente trovão nenhum emite fala clara. Lemos neste mesmo livro que as almas permanecem mortas até o momento da ressurreição:

“Então vi uns tronos; e aos que se assentaram sobre eles foi dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na fronte nem nas mãos; e reviveram, e reinaram com Cristo durante mil anos” (cf. Apocalipse 20:4)

Ora, como pode alguma “alma morta” falar? É evidente que a linguagem do capítulo 6 é claramente simbólica, pois as almas não revivem senão na ressurreição (cap.20), após todos os acontecimentos apocalípticos tiverem término. O Céu não é um lugar onde almas agonizam-se debaixo de um altar em seus gritos por vingança, mas sim o local onde somos tomados da mais profunda alegria que jamais seria possível sentir nesta vida. Isso é estar na presença de Deus!

As almas que clamavam em alta voz por vingança era uma representação daqueles mártires que deram a sua vida pelo evangelho, daqueles que, enquanto vivos, clamavam em alta voz contra os terrores daqueles que pronunciavam morte e perseguição a eles. O que é ensinado simbolicamente em Apocalipse é que estas almas que clamavam em alta voz enquanto eram martirizadas pelo Império Romano (pela “Babilônia” espiritual) seriam vingadas, e para isso restaria mais algum tempo, até que se completassem o número dos seus conservos e irmãos que deveriam ser mortos como eles.

Jamais estava ensinando que depois da morte dos mártires, depois deles sofrerem tanto aqui nesta vida, eles sobem ao Paraíso e continuam agonizando debaixo de um altar em gritos por vingança! Prova maior ainda de que se trata de uma simbologia apocalíptica é o fato de que as almas não ficariam gritando debaixo de um altar, sofrendo aflitas, clamando em altos brados por vingança contra os inimigos.

Além de “incomodar” os outros moradores do Céu (que diferentemente daquelas “almas” deviam certamente estar curtindo o Paraíso, e não clamando vingança), isto nem é do espírito cristão, que manda “amar os inimigos, e orar por eles” (cf. Mt.5:44). Desta maneira, além de proferir que o Céu assim como a terra é um local de agonia e de sentimentos de vingança, eles estariam descumprindo totalmente aquilo que o próprio Cristo ensinou biblicamente sobre o que fazer com os seus inimigos.

Além disso, se fossem “espíritos” (i.e, seres imponderáveis, fluídicos e abstratos, como querem os imortalistas), como se concede eles estarem trajando “vestes brancas” e tivessem “palmeiras nas mãos”? Isso fica claro nessa passagem:

“Depois destas coisas olhei, e eis uma grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, que estavam em pé diante do trono e em presença do Cordeiro, trajando compridas vestes brancas, e com palmeiras nas mãos; e um dos anciãos me perguntou: Estes que trajam as compridas vestes brancas, quem são eles e donde vieram? Respondi-lhe: Meu Senhor, tu sabes. Disse-me ele: Estes são os que vêm da grande tribulação, e levaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro” (cf. Apocalipse 7:9-14)

Ora, se tal sucedesse, então a Bíblia seria totalmente confusa e contraditória, pois afirma que só seremos dotados de corpos novamente após a ressurreição dos mortos (lembre-se que para os imortalistas a ressurreição dá-se apenas para o corpo; portanto, um “espírito” não poderia estar com “vestes brancas”). O imaterial não se veste de algo físico. E o que dizer das “palmeiras”, que se levavam nas mãos? Eram palmeiras imateriais e não-físicas também, igual o “espírito” que as segurava? Qual a base bíblica para uma palmeira invisível?

Não, tratava-se de uma visão. Tudo era simbólico. Como a reputação dos mártires tivesse sido engrandecida por todos os seus méritos, então o simbolismo apocalíptico fez questão de relatar a sua inocência com o símbolo das “vestes brancas”. O que representava este simbolismo? Representava que eles (os mártires) eram pessoas dignas e santas, como atesta o próprio livro do Apocalipse: “O linho fino são os atos justos dos santos” (cf. Ap.19:8).

Deus vingaria aqueles que morreram em nome dEle. De maneira nenhuma deve ser analisado como algo literal, com “almas” desfrutando dos “deleites” e dos prazeres do Paraíso há dois mil anos e ainda reclamando com Deus do motivo de ainda não terem sido julgadas. Também devemos lembrar que cada selo representava um espaço de tempo real na história da terra, e as almas que apareceram no quinto selo representavam as pessoas que foram mortas pelo cavalheiro denominado “Morte” (presente no selo anterior).

Noutras palavras, eles foram exterminados sob o selo precedente, dezenas ou centenas de anos antes, e, consequentemente, os seus perseguidores já deviam estar mortos, e supostamente já estariam queimando no fogo do inferno, exatamente como ensina a doutrina da imortalidade da alma. Isso tornaria inteiramente inócuo e sem sentido os “gritos de vingança”, pois os seus inimigos já estariam sendo castigados de acordo com a crença dualista sobre a vida pós-morte.

O que Deus manda a seguir é “descansarem mais um pouco até que se complete o número dos irmãos que deveriam ser mortos como eles” (cf. Ap.6:11). Deus mandou que eles “descansassem” ou “repousassem” um pouco mais, no grego “anapano”, que significa “repouso; descanso”[1]. Certamente que Deus não estava falando para os corpos dormirem mas as almas continuariam acordadas. É para as próprias almas que Deus estava dirigindo tal frase. Já vimos que, no conceito bíblico, almas não dormem literalmente, mas é uma alegoria apropriada para expressar o estado inconsciente do ser racional na morte, e totalmente não apropriado para almas que conversam, e muito menos que gritam por vingança contra inimigos!

Para ver se faz algum sentido, imagine alguém dormindo e gritando ao mesmo tempo. Aqui os imortalistas não podem dizer que a alegoria do “dormir” refere-se apenas ao corpo, como costumam objetar por falta de argumentos mais sólidos, pois o próprio texto bíblico em questão deixa claro que Deus disse aquilo às almas (cf. Ap.6:11), até porque não faria qualquer sentido Deus responder aos corpos das almas que clamavam e não às próprias almas, sendo que eram as almas e não os corpos que pediam vingança! São os próprios imortalistas que se veem obrigados a alegorizar tal verso, ou a crença deles na imortalidade da alma é ainda mais afetada do que a crença na mortalidade dela[2].

E é exatamente isso o que a simbologia de Ap.6 estava retratando: que os que foram martirizados seriam certamente vingados, entretanto isso só aconteceria no fim dos tempos, até que todos os seus irmãos fossem martirizados como eles foram, pois aí sim os ímpios iriam ser queimados e os justos finalmente vingados; afinal, o joio só será queimado na “consumação deste mundo” (cf. Mt.13:40). Até lá, os justos permanecem “dormindo o sono da morte”, repousando até que se complete o número de conservos até o final dos tempos, quando despertarão para a vida ou para a condenação.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)

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