Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Elohim verdadeiro, e a Yeshua o Messias, a quem enviaste. JOÃO 17:3
A MENTIRA DA SEXTA-FEIRA SANTA
A MENTIRA DA SEXTA-FEIRA SANTA
Em que dia morreu e ressuscitou Yeshua, o Messias?
Para a maioria dos cristãos a resposta à esta pergunta é: “morreu na Sexta-feira e ressuscitou no Domingo de Páscoa”. Porém não é tão simples assim. Examinando as Escrituras encontraremos a verdade sobre o dia da morte de Yeshua no Madeiro. O presente estudo tem como objetivo examinar uma série de textos bíblicos que nos fará entender melhor os fatos que envolveram a pessoa do Messias com relação à sua morte e ressurreição.
I- O PÊSSACH [PÁSCOA BÍBLICA]: SUA RELAÇÃO COM A MORTE DO MESSIAS
Há uma estreita relação entre o Pêssach [Páscoa Bíblica] e a morte de Yeshua. E não se pode analisar os fatos que culminaram com Sua morte sem se levar em conta a relação existente entre ela o Pêssach que lhe serviu de sombra (Cl. 2:17).
1 – A instituição de Pêssach (Êx. 12:1-14; Dt. 16:6,16; Nm. 28:17,18): Pêssach era celebrado no dia 14 de Abibe, que mais tarde tornou-se conhecido como mês de Nisã. Este era o primeiro mês do calendário hebraico (o que corresponde a março/abril do calendário atual). A data de Pêssach era fixa, diferindo da Páscoa cristã, pois esta correspondia à lua cheia do equinócio de inverno. Pêssach comemorava a libertação do cativeiro egípcio. O cordeiro escolhido, para esse jantar familiar, deveria ser separado no dia 10 e imolado no dia 14, no crepúsculo da tarde. O décimo quinto dia, o primeiro dos festejos pascais era separado para o repouso (em hebraico “Shabat”), nele não se fazia nenhuma obra. Do décimo sexto ao vigésimo primeiro dia eram os dias dos pães ázimos (sem fermento); e no vigésimo segundo dia, observava-se um novo repouso (outro “Shabat”) (Lv. 23:8).
2 – Os elementos de Pêssach (Êx. 12:5): O cordeiro, a ser morto na ocasião do Pêssach, deveria ter um ano de idade e ser perfeito. Essa exigência divina no tocante ao cordeiro justificava-se por ser ele uma representação do Messias, o Filho de YHWH (Jo. 1:29). Ainda havia naquela composição: pão ázimo e ervas amargosas. O pão de Pessach (pão ázimo) precisava ser asmo ou ázimo, isto é, sem fermento, e não podia haver nenhum traço de impureza, significada pelo fermento (Êx. 12:18-20), pois prefigurava o Messias (também sem pecado); e as ervas amargosas os sofrimentos de Israel, e o ministério de Yeshua com suas aflições (Jo.19:17).
3 – A morte de Yeshua e sua relação com o Pêssach (I Co. 5:7): Yeshua, como o Cordeiro de YHWH, é o nosso Pêssach e comemora a libertação da escravidão do pecado. Relacionada ao ministério público de Yeshua, o Pêssach é algo determinante que faz coincidir, também, no mesmo dia e hora a morte de Yeshua. O cordeiro de Pêssach era imolado à tarde do décimo quarto dia de Nisã e comido depois ao pôr-do-sol. Da mesma forma que o cordeiro pascal lembra a salvação da escravidão do Egito, Messias, o cordeiro pascal, lembra a salvação do pecado.
II- A DETERMINAÇÃO DA DATA DA MORTE DE YESHUA
Vamos agora descobrir o ano da crucificação de Yeshua, tendo já descoberto que o dia da Sua morte se deu no dia 14 de Abibe, quando se comemorava o Pêssach.
1 – A profecia de Daniel (Dn. 9:24-27): O anjo explicou a Daniel que passaria 69 semanas proféticas desde a saída da ordem de restaurar e edificar Jerusalém até ao Messias, o Príncipe. Na profecia de Daniel, a palavra semana, segundo se entende no contexto, significam 7 anos. Tomando isso por base, faremos o cálculo para saber o tempo em que apareceria o Messias. Segundo as Escrituras, desde que se deu a ordem para a restauração de Jerusalém nos dias do rei Artaxerxes, que foi no ano 457 a.C. (Ne. 2:1), até o dia quando chegasse o Messias, passariam 483 anos (69×7 = 483 – 457 = 26). Este tempo cumpriu-se literalmente no batismo (imersão) de Yeshua, quando Yochanan (João) o batizou no rio Jordão, iniciando, assim o seu ministério no outono do ano 27 d.C. Segundo a profecia, o Príncipe seria tirado (morto) no meio da septuagésima semana profética, ou seja, três anos e meio depois do concerto, o que se deu no ano 31 d.C.
2 – O ano da Sua morte (Lc .3:1-3): Lucas declara que (João Batista) Yochanan o imersor, começou a batizar no décimo quinto ano do reinado de Tibério César, o imperador romano. Isso ocorreu 15 anos após o ano 12 d.C., quando começou a reinar com Augusto. Portanto, temos aqui o ano do batismo de Yeshua, que se deu no ano 27 d.C. O ministério de Yeshua foi de três anos e meio, o que somado aos 27, somos transportados ao ano 31 d.C. Sendo assim, temos o ano 31 como sendo o ano da morte do Messias.
3 – O sinal da sua morte (Mt. 12:40): Há três palavras gregas para designar milagres: a) “teras”, coisa maravilhosa; b) “dunamis”, poder maravilhoso; c) “semeion”, uma prova ou sinal sobrenatural. Os judeus pediram um sinal para Yeshua. Para confirmar a obra de Yeshua, haveria o maior prodígio de todos. O tempo de permanência na sepultura foi dado por Yeshua como o sinal da Sua messianidade. Esse tempo seria, segundo Yeshua, de três dias e três noites. A analogia a Yoná (Jonas) serviu ao propósito de Jesus para apontar para Sua ressurreição.
III- O MINISTÉRIO DA ÚLTIMA SEMANA
Um cuidadoso exame dos textos bíblicos vai mostrar com suficiente clareza onde Yeshua esteve em cada um dos dias da última semana de Seu ministério terreno. Entretanto, é oportuno esclarecer que os acontecimentos narrados nos evangelhos não obedecem a nenhuma ordem cronológica. A despeito disto, porém, é possível ordenar-se boa parte dos acontecimentos, inclusive porque a maioria ocorreu durante a última semana.
1 – Sexta-feira anterior à morte (Jo. 12:1; Lc. 13:22): Yeshua saiu de Efraim e se dirigiu para Betânia. Isso ocorreu 6 dias antes da comemoração do Pêssach dos judeus. Isto significa que a referida saída ocorreu no dia 9. O percurso entre Efraim e Betânia não poderia ser feito senão em um dia comum de trabalho, em razão da distância, cerca de vinte quilômetros.
2 – Sábado anterior à morte (Lc. 13:10, 31-33; 14:1; 18:31-34; 19:1-5): Yeshua ensina numa sinagoga. Neste mesmo dia vamos encontrá-lo participando de um banquete. De acordo com o costume judaico, o Messias não teria prosseguido com Sua viagem no Shabat [Sábado]. No final daquele Shabat, Yeshua foi informado de que Herodes procurava ocasião para matá-lo, e isso fez com que se retirasse dali com Seus discípulos para Jericó (Mc. 10:46,51-52). Porém, antes de sair, mandou dizer a Herodes que tinha uma agenda a ser cumprida, abrangendo três dias de intensa atividade e que só depois disso, seria consumado. Naquela noite, Yeshua pousou na casa de Zaqueu, em Jericó.
3 – Primeiro dia da semana anterior à morte (Mt. 20:29; 21:1-11): Pela manhã do primeiro dia da semana, Yeshua juntou-se à uma caravana de peregrinos vindo da região da Peréia, dalém do Jordão, e com eles entrou em Jerusalém, montado em um jumentinho. Nesse mesmo dia expulsou os cambistas do templo (Lc. 19:45,46). À noite, retirou-se para Betânia, onde pousou (Mc. 11:11). Chegava ao fim o primeiro dia da sua agenda de trabalhos mencionada em Lucas 13:31-33.
4 – Segunda-feira anterior à morte (Mt. 26:1, 14-16, 22): Yeshua voltou à Jerusalém na manhã de Segunda-feira, dia 12 de Abibe, indo ao templo, onde ficou ensinando (os ensinos são os que estão em Mateus 21:23 a 25:46). Mateus registra que “daqui a dois dias é Pessach (Páscoa)…”. E ele ainda acrescenta que é nesse dia que “o Filho do homem será entregue para ser pendurado no madeiro ”. Isto iria ocorrer no dia 14 de Abibe, numa Quarta-feira, o último dos 6 dias de Yochanan (João) 12:1 e também o último dos 3 dias mencionados em Lucas. Ainda nesse mesmo dia Yehudá [Judas] procurou o príncipe dos sacerdotes para combinar o preço da traição.
5 – Terça-feira anterior à morte (Lc. 22:17-19): Ao pôr-do-sol daquele dia Yeshua mandou preparar o local dos preparativos de Pêssach que seria comido ao entardecer do dia 14. Yeshua, porém, antecipou para a noite do dia 13 (Terça-feira), comendo assim o Pêssach com seus discípulos uma noite antes do normal. Depois levantou-se da mesa e lavou-lhes os pés (Jo. 13:1-17) e instituiu o Seder a “Ceia” (Mt. 26:26-29). Logo após anunciou a traição dando um bocado de pão a Yehudá [Judas] que saiu para chamar os soldados, “e era já noite” (Jo. 13:30). Yeshua deu as últimas instruções aos Seus discípulos (Jo. 13:31 a 17:26). Depois saiu com eles para além do ribeiro de Cedrom, onde havia um horto “e Yehudá [Judas], que o traia, também conhecia aquele lugar” (Jo. 18:1,2). Logo após, Yehudá [Judas] chega com soldados, “a corte e oficiais dos principais sacerdotes e fariseus, veio ali com lanternas, tochas e armas” para prenderem a Yeshua. Os discípulos fogem, deixando Yeshua sozinho. Ainda nessa mesma noite, Ele foi levado perante Anás (Jo. 18:3,12,13).
IV- O DIA DA MORTE E RESSURREIÇÃO DE YESHUA
Já pudemos observar que a última Pessach “Páscoa” comemorada por Yeshua ocorreu no ano 31 d.C., e o cordeiro pascal, segundo as Escrituras, devia morrer exatamente no dia 14 do mês de Abibe. Vejamos agora em que dia ocorreu a morte do Messias.
1 – O dia da Sua morte (Lc. 22:66-71; 23:6-12; Jo. 18:39,40): Cedo, de manhã, na Quarta-feira, dia 14 de Abibe, Yeshua foi levado da casa de Caifás para a audiência com Pilatos. Antes, passou pelo julgamento formal diante do Sinédrio. Pilatos enviou Yeshua a Herodes. Herodes enviou Yeshua novamente a Pilatos, que soltou a Bar-Abba (Barrabás) (Mt. 27:15,16,26). Yeshua é coroado, espancado e forçado a levar a cruz até o monte do Gólgota, onde é colocado sobre o madeiro entre dois ladrões (Mt. 27:27-38), e desde a hora sexta (meio-dia) até a hora nona (três horas após meio-dia) houve trevas. Houve um grande terremoto e o véu do templo se rasgou em duas partes (Mt. 27:45,51). À hora nona Yeshua expirou, e caindo a tarde, Yosef (José) de Arimatéia foi ter com Pilatos para pedir o corpo de Yeshua. A seguir, com Nicodemos, prepararam o corpo para o sepultamento (Mt. 27:57-60; Jo. 19:38-42), e o sepultaram num sepulcro novo, ao pôr-do-sol. A partir daqui começam “os três dias e três noites”.
2- A preparação dos Judeus (Mt. 27:62): Sendo Yeshua crucificado na Quarta-feira, o dia imediato, Quinta-feira, era o dia chamado “o grande Shabat “Sábado” (feriado judaico, Jo. 19:31); era o dia 15 de Abibe ou Nisã, o primeiro dia após o sacrifício do cordeiro pascoal. Este dia da preparação não era a Sexta-feira, mas sim o preparo dos judeus para a Pessach “Páscoa” (Mt. 26:1-5; Mc. 14:1,2). Esse é o motivo de Mateus não ter usado o termo descanso “Sábado”, para não ser confundido com esse dia.
3 – O dia da Ressurreição (Mt 28.1) ” Porque da mesma forma que Yonah (Jonas) esteve três dias e três noites no ventre do Monstro Marinho) peixe, ” assim o Filho do Homem ficará três dias e três noites nas profundezas da terra” ( Mt 12.40) Mateus registra que “no findar do Sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana”, as mulheres foram ver o sepulcro de Yeshua. É importante notar que o dia hebraico termina no pôr-do-sol. Portanto, fica evidente que Yeshua ressuscitou no pôr-do-sol do “Sábado” (Shabat), e não no Domingo pela manhã, como é ensinado por muitos. A ressurreição de Yeshua teria de se dar no “Sábado” Shabat, ao pôr-do-sol, no momento exato quando se completariam os três dias e as três noites – no seio da terra.
Relembremos aqui o tempo:
Yeshua passou na sepultura, as noites de: Quarta para Quinta; de Quinta para Sexta e de Sexta para o Sábado = três noites; passou os dias de: Quinta, Sexta e “Sábado” Shabatt o dia todo até o momento da ressurreição, no findar do dia, segundo as Escrituras = três dias. Portanto, “três dias e três noites”
V- A HARMONIA DOS EVANGELHOS
Há textos que se apresentam como forte objeção ao assunto; porém, o estudo dos mesmos ajuda a entender essas coisas. Quando comparados uns com os outros: a causa justa aparece. Vejamos como se harmonizam os evangelhos.
1 – A preparação das mulheres (Mc. 16:1,2; Lc. 23:53-56): Lucas registra a preparação das mulheres antes do “Sábado” Shabat e Marcos depois do “Sábado” Shabatt. Como se explica isso? É importante lembrar que aquela semana teve DOIS “sábados”: o Shabat “Sábado” Pessach= pascal e o sétimo dia. O Sábado pascal era comemorado no dia 15 de Abibe (não importava o dia da semana em que caísse). Neste dia era feita a “santa convocação” (Lv. 23:6,7). Assim fica claro que as mulheres compraram as especiarias na Sexta-feira daquela semana, e que o escritor Mordechai (Marcos) faz referência ao Sábado pascal, o qual ocorreu numa Quinta-feira, enquanto Lucas menciona o Shabatt “Sábado” do sétimo dia da semana.
2 – A ressurreição no primeiro dia da semana (Mc. 16:9): A Bíblia, quando foi escrita, não tinha as divisões de capítulos e versículos, como tem agora, tampouco, a pontuação, pois os textos eram escritos à mão e em ordem seguida, mesmo sem separação de palavras. Por conseguinte, a vírgula que aparece logo após a palavra “semana” não foi colocada por Mordechai (Marcos) . Porém quando a pontuação entrou em vigor, foi colocada de acordo com o pensamento da ressurreição no primeiro dia da semana. Entretanto, o texto precisa ser lido com a pontuação da seguinte maneira: “E tendo Yeshua ressuscitado, na manhã do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Miryan de Magdalah, conhecida como” Maria Madalena pela igreja romana ,da qual tinha expulsado sete demônios”. A referência do primeiro dia é então ao encontro de Yeshua com Miryan “Maria” e não à ressurreição.