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Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Elohim verdadeiro, e a Yeshua o Messias, a quem enviaste. JOÃO 17:3
Visão Judaico Messiânica sobre o Messias
Visão Judaico Messiânica sobre o Messias
Você Realmente Sabe
Quem Foi Yeshua?
Parte I
Yeshua, o Judeu
I.1 – INTRODUÇÃO
Se alguém te perguntar quem é Paul McCartney você saberia responde
r?
Creio que a grande maioria saberia dizer que era um dos integrante dos Beatles. Outros lembrariam
que ele mora na Inglaterra, outros ainda que ele foi casado com Linda McCartney. A grande maioria das
pessoas pouco sabe sobre os detalhes da vida dele. Mas, se você perguntasse isto a um membro de um fãclube
dos Beatles? Você provavelmente esperaria que eles conhecessem muitas coisas a respeito do Paul
McCartney.
Agora, se alguém te perguntasse o que você sabe sobre quem foi Yeshua? Como ele viveu? A que
grupos sociais ele pertencia? Entre outras… Infelizmente, a realidade é que muitos dos que se dizem
seguidores dele mal o conhecem! E você, realmente sabe quem foi Yeshua? Esta série de artigos tem por
objetivo justamente isto: contar um pouco mais sobre Yeshua e a vida que ele levava.
I.2 – PODEMOS CUSTOMIZAR O MESSIAS?
Uma das grandes mentiras que a “Nova Era” propaga entre os povos é a idéia de que o Eterno pode
ser do jeito que você desejar que Ele seja. É como um verdadeiro supermercado espiritual onde as pessoas
escolhem aquilo no que crer. Infelizmente, muitos dos ditos seguidores de Yeshua fazem o mesmo com ele,
às vezes até mesmo sem perceber. O Yeshua que é apresentado nos Evangelhos não é uma pessoa mística
que se enquadra a qualquer gosto. Yeshua nasceu, cresceu, viveu e pregou entre judeus. Fez discípulos
judeus, que o descreveram nos livros do B’rit Chadashah (Novo Testamento) dentro de uma ótica judaica. Se
o removemos de Seu contexto judaico, jamais o entenderemos de fato.
O movimento iniciado por Yeshua cresceu tanto que hoje é encontrado em cada tribo e nação do
planeta. Tal fé rompeu todas as barreiras culturais e sociais. Em Yeshua, a mensagem do Eterno é para todos,
a salvação é para todos, e não há divisões étnicas ou barreiras raciais. Contudo, o centro da fé bíblica é
Yeshua, e Yeshua é um judeu.
I.3 – O NASCIMENTO DE UM JUDEU CHAMADO YESHUA
Ele nasceu de uma mãe judia, e pertenceu a uma típica família judaica. Como todo filho homem
judeu, fez o seu B’rit Milá, ou seja, foi circuncidado ao oitavo dia. De acordo com a tradição judaica, recebeu
o seu nome no dia em que foi circuncidado, como os judeus o fazem até hoje. Ele recebeu o nome de Yeshua.
O nome foi dado porque Yeshua significa “salvação”. Yeshua recebeu a missão de salvar o Seu povo de
todos os seus pecados. Pergunta: Yeshua falhou em tal missão? Espero que ninguém responda que sim! Se
Yeshua não falhou, porque ainda há pessoas que insistem em dizer que os judeus não serão salvos?
O povo
de Yeshua descende de Avraham (Abraão), Itschak (Isaque) e Ya’akov (Jacó). O povo de Yeshua é o povo
judeu.
I.4 – A VIDA COMUNITÁRIA DE YESHUA
Yeshua foi criado como judeu numa comunidade que seria equivalente ao que é hoje uma
comunidade judaico-ortodoxa. Você conhece uma comunidade judaico-ortodoxa? Não? Sem ao menos
sabermos como é, jamais entenderemos a Yeshua plenamente.
Natseret (Nazaré), cidade onde Ele cresceu, foi fundada pelos descendentes do Rei David, e ficava
na Galiléia, uma região totalmente judaica. Você conhece a história da Galiléia, berço de nosso Salvador?
Pois é, pouco se conta nas igrejas que a Galiléia era um dos maiores centros de estudos judaicos de Israel
naquela época. Yeshua não simplesmente “nasceu sabendo” tudo o que ele sabia. Lembre-se de que Ele se
desfez de Sua glória para se tornar humano. Não foi por acaso que o Pai o colocou naquele local. Yeshua
aprendeu de perto com alguns dos maiores rabinos daquela época. Você sabia que muitos de seus
ensinamentos são citações de tais rabinos? Pois é, caro leitor, como você pode ver, sem conhecermos o
trabalho de tal rabino, como compreender a educação que teve nosso Messias? Yeshua foi educado como um
parush (fariseu).
Certamente que tal educação influenciou suas disputas teológicas com algumas escolas farisaicas. Ao
contrário do que muitos crêem, Yeshua não era contra TODOS os fariseus, mas tinha disputas sérias com os
p’rushim (fariseus) da escola de Shamai, que eram extremamente legalistas.
Sua vida na comunidade judaica foi absolutamente normal. Conforme o costume judaico, ele
observava todas as festas bíblicas, e buscava ao Pai no Shabat, o dia que o Eterno desde a fundação do
mundo estabeleceu como Seu dia.
I.5 – A ALIMENTAÇÃO DE YESHUA
Yeshua tinha uma saudável alimentação kasher, segundo a Torá em Vayicra (Levítico) 11. Isto
significa que carnes como a de porco, coelho, répteis, camarão, etc., além de boa parte da gordura animal, não
faziam parte da sua dieta. Durante o Pessach (a “páscoa” judaica), Yeshua como todo bom judeu comia
apenas pães sem fermento. Yeshua também jejuava no Yom Kippur, o conhecido Dia da Expiação, quando o
Cohen Gadol (Sumo Sacerdote) oferecia sacrifício pela expiação do pecado do povo.
I.6 – COMO YESHUA SE VESTIA?
Yeshua se vestia como judeu. Isto significa que não misturava lã com linho, conforme determinação
da Torá. Yeshua certamente usava talit, o sagrado manto de oração que contém os tsitsit, que são as franjas
que a Torá determina que usemos para nos lembrarmos de que devemos viver segundo os preceitos do
Eterno. Os tsitsiyot de Yeshua possuiam um fio azul, que simboliza o caminho de safira descrito em Shemot
(Êxodo) 24:10, ou seja o caminho do Eterno. Foi justamente nos tsitsit de Yeshua que a mulher que tinha
fluxo de sangue tocou e foi curada. Não foi um simples ato de tocar em Yeshua. Tocar nos tsitsit significava
que ela reconhecia nEle a autoridade de Messias.
Como todo judeu de seu tempo, Yeshua também certamente usava kippá. O kippá é uma cobertura
para a cabeça que representa nosso reconhecimento de que a Shechiná (Glória) do Eterno está sobre nós. É
uma vestimenta que deriva das vestes sacerdotais na Torá.
Yeshua também usava t’filim, popularmente conhecidos como filactérios. Os t’filim têm como
objetivo simbolizar que as leis do Eterno estão presentes em nossa mente (por isso é atado entre os olhos) e
em nossos atos (na mão). A Torá do Eterno nos guarda para que não pequemos em nossa mente nem em
nossos atos.
I.7 – YESHUA E A SINAGOGA
No Shabat, pela manhã, Yeshua ia à sinagoga. Ao contrário de muitos hoje em dia que fazem tudo
por um microfone, Yeshua sabia que antes de poder falar e questionar, era necessário aprender.
Provavelmente, como era de costume, aos cinco anos Yeshua começou a aprender a o hebraico (sua língua
nativa era o aramaico) e a estudar a Torá do Eterno. Por volta dos 13 anos, Yeshua provavelmente fez o seu
Bar Mitsvá, uma cerimônia que marca a passagem da criança para a vida adulta. Como todo judeu, aos 13
anos Yeshua tinha que saber de cor toda a Torá.
Fica a pergunta: nós que nos dizemos seguidores dele, quanto das Escrituras sabem nossos filhos aos
13 anos? Será que nós sabemos hoje tanto quanto um menino judeu sabia no tempo de Yeshua? Como
teremos uma fé sólida sem conhecermos as escrituras.
No Shabat, Yeshua não só aprendia a Torá como recitava bênçãos. Estas bênçãos não são como nas
igrejas pós-modernas. Não visavam prosperidade, mas sim darmos o devido reconhecimento ao Eterno da
soberania dEle sobre nossas vidas. Ao declararmos Sua majestade, fortalecemos nossa fé. Ao fortalecermos
nossa fé, nossa vida espiritual melhora. Com a vida espiritual melhor, somos mais felizes, mais preparados e
nos sentimos mais próximos ao Eterno. O menino Yeshua sabia disto ao ler o Sidur (livro de bênçãos) a cada
Shabat. Após sua maioridade, Yeshua também passou a participar da leitura do Tanach. É tradição judaica
até hoje ler-se muito os textos sagrados no Shabat. Foi desta forma que Yeshua pôde ler o rolo de Yesha’yahu
(Isaías) e declarar que Ele era o seu cumprimento. Yeshua sempre argumentava a partir das Escrituras,
expondo-as perante o questionador (uma técnica rabínica).
Ao final do Shabat, Yeshua participava do Kidush, que é o animado partir do pão onde damos
graças ao Eterno pelas provisões semanais. Os discípulos de Yeshua mantiveram esta prática após os
serviços, tanto que é mencionado o partir do pão diversas vezes no livro de Atos.
I.8 – YESHUA SE TORNA UM RABINO
Yeshua tornou-se um respeitado rabino. Para alguém se tornar um rabino, é necessário (até hoje)
muito estudo. Este foi certamente um dos motivos (ou talvez “o” motivo) de Seu ministério só ter se iniciado
por volta dos 30 anos. Ele ensinava a partir do Tanach (Tanach significa: Torá, Nevi’im / Profetas, e Ketuvim
/ Escritos). Ao contrário do que aparece nos filmes, a grande maioria dos discípulos de um rabino eram
meninos, bastante jovens. Com Yeshua não era diferente. Vemos até mesmo pela idade em que morreram
que os discípulos de Yeshua tinham entre 13 e 20 anos, no máximo. Eram meninos inexperientes.
Ao contrário da nossa cultura, onde vamos à escola por 4-5 horas e voltamos para casa, um discípulo
no judaísmo vivia com o seu rabino. Com os discípulos de Yeshua não era diferente. Eles não desviavam os
olhos de Yeshua um minuto sequer. Será que somos assim?
I.9 – YESHUA: ETERNAMENTE JUDEU
Infelizmente, ao longo dos séculos, a figura de Yeshua transformou-se no “Jesus anti-semita” que
encontramos primeiro na igreja de Roma, mas que depois foi herdada por muitas outras igrejas. A teologia
anti-judaica e a premissa de que não é importante vivermos conforme as leis do Eterno nada tinha de
semelhante com a pregação do rabino Yeshua, um grande judeu que viveu o pleno cumprimento da Torá.
Yeshua é um judeu, viveu como judeu, morreu como judeu, e de acordo com Ezequiel, continuará a
ser o Sumo Sacerdote segundo a ordem de Malki Tsedek, oficiando no Templo (judaico) de Yerushalayim
(Jerusalém).
Tão precioso sangue de Yeshua, derramado por nossos pecados no madeiro, era sangue judeu. E a
placa acima de seu madeiro dizia: “Yeshua de Natseret, Rei dos Judeus”
Parte II
Com Quem Yeshua Estudou
II.1 – ONDE ESTUDOU YESHUA?
Segundo a tradição judaica, o Messias deveria ensinar ao povo a correta interpretação da Palavra do
Eterno. E foi isto que Yeshua fez. Para isto, antes de começar o seu ministério, Yeshua foi um aluno bastante
aplicado.
Yeshua demonstrou grande familiaridade tanto com a linha dos essênios (com a qual teve contato
através de seu primo Yochanan Bar Zachariá, popularmente conhecido como “João Batista”) quanto com a
linha rabínica da escola de Hillel.
Mas seu conhecimento não se limitava às tais linhas. Yeshua, antes de mais nada, conhecia
profundamente as Escrituras e a sabedoria judaica.
II.2 – PARALELOS ENTRE YESHUA E A ESCOLA DE HILLEL
Os ensinamentos de Yeshua se assemelharam muito com a linha da escola de Hillel (embora
houvesse alguns itens de discordância, como questão do divórcio por exemplo). Hillel, que viveu pouco
tempo antes de Yeshua, foi um dos maiores judeus de toda a história, um grande rabino.
Veja o impressionante paralelo entre os ensinamentos de Yeshua e Escola de Hillel:
1) A Escola de Hillel disse: “se alguém busca te fazer o mal, farás bem em orar por ele” (Testamento
de Yossef XVIII.2)
Yeshua disse: “Eu vos digo ainda: Amai aos inimigos de vocês, e orai pelos que vos perseguem;” –
Matitiyahu (Mateus) 5:44
2) Em Menahot 4, no Talmud, encontramos o Rabino Shamai querendo fazer tsitsit mais largos do
que os seguidores da Escola de Hillel (Menahot 4)
Yeshua disse: “Todas as suas obras eles fazem a fim de serem vistos pelos homens; pois alargam as
tiras dos seus tefilin, e aumentam os tsitsiyot dos seus mantos;” – Matitiyahu (Mateus) 23:5
3) A Escola de Hillel disse: “Se o mundo inteiro estivesse reunido para destruir o yud, que é menor
letra da Torá, eles não seriam bem sucedidos” (Canticles Rabá 5.11; Leviticus Rabá 19). “Nenhuma letra da
Torá jamais será abolida” (Exodus Rabá 6.1).
Yeshua disse: “17 Não penseis que vim abolir a Torá ou os profetas; não vim abolir, mas cumprir.
18 Amen, e eu vos digo pois que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da Torá um só
Yud ou um só traço, até que tudo seja cumprido.” – Matitiyahu (Mateus) 5:17-18
4) A Escola de Hillel disse: “Aquele que é misericordioso para com os outros receberá misericórida
do Céu” (Talmud – Shabat 151b; – compare com);
Yeshua disse: “Benditos os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.” – Matitiyahu
(Mateus) 5:7 )
5) A Escola de Hillel disse: “Eles falam ‘Remova o cisco do seu olho?’ Ele retrucará, ‘Remova trave
do seu próprio olho” (Talmud – Baba Bathra 15b).
Yeshua disse: “E por que vês o cisco no olho do teu irmão, e não reparas na trave que está no teu
olho?” – Matitiyahu (Mateus 7:3)
6) A Escola de Hillel disse: “É lícito violar um Shabat para que muitos outros possam ser
observados; as leis foram dadas para que o homem vivesse por elas, não para que o homem morresse por
elas.” Todas as seguintes coisas eram lícitas no Shabat, segundo a escola de Hillel (os p’rushim que debatiam
com Yeshua certamente eram da escola de Shamai): salvar vidas, aliviar dores agudas, curar picadas de
cobra, e cozinhar para os doentes (Shabat 18.3; Tosefta Shabat 15.14; Yoma 84b; Tosefta Yoma 84.15)
Yeshua disse:”Então lhes perguntou: É lícito no Shabat fazer bem, ou fazer mal? salvar a vida ou
matar? Eles, porém, se calaram.” – Marcus 3:4
7) “o Shabat foi feito para o homem, e não o homem para o Shabat,” também aparece em material
rabínico (Mekilta 103b, Yoma 85b). Além disto, os Rabinos da escola de Hillel frequentemente citavam
Hoshea (Oséias) 6:6 para argumentar que ajudar os outros era mais importante do que observar ritos e
costumes (Suká 49b, Deuteronomy Raba em 16:18, etc.),
Yeshua disse:”E prosseguiu: O Shabat foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do
Shabat.” – Marcus 2:27
8) A respeito dos exageros nos rituais de purificação, um rabino da escola de Hillel, Yohanan ben
Zakai, contemporâneo de Yeshua, disse: “Na vida não são os mortos que te fazem impuros; nem é a água,
disse: “Na vida não são os mortos que te fazem impuros; nem é a água, mas a ordenança do Rei dos Reis, que
purifica.” – compare com o relato de Marcus 7
9) Os rabinos da escola de Hillel também eram partidários da tese de que é pela graça do Eterno que
somos salvos, e não por mérito de obras: “Talvez Tu tenhas grande prazer em nossas boas obras? Mérito e
boas obras não temos; aja para conosco em graça.” (Tehillim Rabá, on 119,123)
10) A Escola de Hillel também teve disputas com Saduceus a respeito da questão da ressurreição dos
mortos. Veja o que o rabino Gamaliel, neto de Hillel e contemporâneo de Yeshua, disse, referindo os
Saduceus a Devarim (Deuteronômio) 11:21 ou Shemot (Êxodo) 6:4, “. a terra que YHWH jurou dar aos seus
pais”,o argumento é lógico e convincente: “os mortos não podem receber, mas eles viverão novamente para
receber a terra” (Talmud – Sanhedrin 90b)
Yeshua disse: “Mas que os mortos hão de ressurgir, o próprio Moshe o mostrou na passagem a
respeito da sarça, quando chama a YHWH: Elohim de Avraham, e Elohim de Yits’chak e Elohim de
Ya’akov. Ora, ele não é Elohim de mortos, mas de vivos; porque araEle todos vivem.” Lc 20:37-38
11) O rabino Yochanan ben Zakai também conta parábola semelhante à de Yeshua, a respeito de
convidados de um rei para o banquete Messiânico, ao comentar Yesha’yahu (Isaías) 65:13 e Eclesiastes 9:8
(vide Talmud – Shabat 153a).
12) O próprio Hillel disse: “Sejam discípulos de Aaron, amando a paz e perseguindo a paz, amando
as pessoas e as trazendo para perto da Torá” (m.Avot 1:12)
Yeshua disse: “9 Benditos os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Elohim.”
Matitiyahu (Mateus) 5:9
“Uma nova mitsvá vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós, que
também vós vos ameis uns aos outros.” Yochanan (João) 13:34
13) A “Regra de Ouro” de Hillel: “…e [Hillel] disse a ele “Não faça aos outros o que não deseja que
façam a você: esta é toda a Torá, enquanto o resto é comentário disto; vai e aprende isto.” (b.Shab. 31a)
Esta regra, que era a base de todo talmid (discípulo) da escola de Hillel, é citada explicitamente por
Yeshua em: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles; porque
esta é a Torá e os profetas.” – Matitiyahu (Mateus) 7:12
II.3 – PARALELOS ENTRE YESHUA E OS ESSÊNIOS
Yeshua também demonstrou grande familiaridade com a teologia dos essênios, a qual muito
provavelmente aprendeu com Yochanan, seu primo (o qual pouca gente ousaria discordar do fato de que
pertenceu ao segmento dos essênios)
1)Os essênios promoviam a unidade (Yachad) em amor. (Philo; A Hipotética 11:2)
Yeshua disse: “para que todos sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também
eles sejam um em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.” – Yochanan (João) 17:21
2) Os essênios estabeleciam um conselho de 12 para direcionar a comunidade (1Q58:1). Compare
isto com a autoridade dada a Yeshua para os 12 talmidim (discípulos), a fim de que eles pudessem gerenciar o
povo.
3) Os essênios eram frontalmente contra juramentos (Documento de Damasco – Geniza A; Col. 15;
Linhas 1-3) – compare com Matitiyahu (Mateus) 5:33-37
4) Sobre as viagens dos essênios para pregarem a Palavra do Eterno, veja o que diz o historiador
Flavius Josefus: “…e se alguém do segmento deles vem de outros lugares, o que eles têm permanece aberto a
eles, como se fossem um deles… como se fossem conhecidos deles de muito tempo. Por esta razão eles não
levam nada consigo quando viajam a lugares remotos, apesar de ainda levarem suas armas, por medo de
ladrões.Da mesma forma, existe em cada cidade onde eles vivem, alguém com a atribuição particular de
cuidar dos estranhos, e prover roupas e outras necessidades para eles.” (Josephus; Guerras 2:8:4) – compare
com Matitiyahu (Mateus) 10:9-11 e Lucas 22:38
5) A questão do divórcio:
“… eles são pegos em duas armadilhas: fornicação, por pegarem duas esposas ao longo de suas vidas
apesar do princípio da criação ser: “macho e fêmea Ele os criou.” (Documento de Damasco – Col. 4 – linha 20
a Col. 5 – linha 1)
Yeshua disse: “Respondeu-lhe Yeshua: Não tendes lido que o Criador os fez desde o princípio
homem e mulher, e que ordenou: Por isso deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os
dois uma só carne? Assim já não são mais dois, mas um só carne. Portanto o que Elohim ajuntou, não o
separe o homem.” – Matitiyahu (Mateus) 19:4-6
6) A Halacha sobre a questão de “Korban” (uma oferta) ser usada como desculpa para violar a Torá
(vide Matitiyahu / Mateus 15:1-8) – é encontrada de forma similar entre os essênios (Documento de Damasco
16:13)
7) No capítulo 4 de Yochanan (João) encontramos a alegoria da “Água Viva” saindo do poço de
Ya’akov (Jacó) e trazendo a salvação e a vida eterna. No Manual de Disciplina dos essênios, a lição da “água
viva” é encontrada e retirada simbolicamente do poço de Bamidbar (N meros) 21:8, identificado pelo
pergaminho como sendo a Torá. Podemos concluir que Yochanan (João) 4 é uma Midrash (interpretação
alegórica), baseada num conceito existente entre os essênios naquela época, para concluir que Yeshua é a
Torah Viva, nossa fonte de vida eterna (Compare Yochanan / João 4:10 e Documento de Damasco VI, 4-5;
VII, 9 – VII, 21).
8) O uso do Seder de Pessach (a ceia da “Páscoa Judaica”) como sendo um banquete messiânico,
também era um conceito essênio (Josephus – Guerras 2:8:5; Manual de Disciplina 6:3-6 e 1QSa. 2, 17-21)
9) O conceito de serem ‘Bnei Or’ (Filhos da Luz – compare Lucas 16:8 e Yochanan / João 12:36 com
Manual de Disciplina 1,9: 2,24; 1QM)
10) Yeshua conhecia bem o Messias esperado pelos essênios. Veja a explicação que ele deu a
Yochanan Bar Zachariá (João Batista) em Lucas 7:22: “Então lhes respondeu: Ide, e contai a Yochanan o que
tens visto e ouvido: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, e os surdos ouvem; os
mortos são ressuscitados, e aos pobres são anunciadas as Boas Novas.”
Agora compare com o critério do Messias esperado pelos essênios:
“[os céus] e a terra ouvirão ao Seu Messias, e ninguém se afastará dos mandamentos dos santos.
Vocês que buscam ao S-NHOR, fortaleçam-se no serviço dEle! Todos vocês esperançosos em (seu) coração,
vocês não encontrarão o S-NHOR nisto? Porque o S-NHOR considerará os hassidim (pios) e chamará os
justos pelo nome. Sobre os pobres o Seu espírito pairará e renovará os fiéis com o Seu poder. E Ele glorificará
os hassidim (pios) no trono do Reino Eterno. Ele que libera os cativos, restaura a visão dos cegos, endireita os
[tortos]… E o S-nhor fará coisas gloriosas que nunca houveram… Pois Ele curará os feridos, e reviverá os
mortos e trará as Boas Novas aos pobres…” (4Q521)
11) O conceito da “luz da vida” (Yochanan / João. 8:12 & Man. Disc. 3, 7)
II.4 – PARALELOS ENTRE YESHUA E OUTROS RABINOS
Vemos ainda alguns paralelos entre Yeshua e outros rabinos. Como a literatura rabínica é muito
extensa, é provável que encontremos ainda muitos outros, mas a idéia deste artigo é apenas a de demonstrar
como Yeshua foi muito bem instruído na sabedoria judaica:
1) Normalmente, Yeshua discordava fortemente dos p’rushim (fariseus) da escola de Shamai, os
quais eram extremamente legalistas em sua observância da Torá. Vemos apenas UMA situação em que
Yeshua concorda com a escola de Shamai, que é a questão do divórcio (repudiar a esposa) exposta em
Matitiyahu (Mateus) 5:31-32, semelhante à posição da escola de Shamai em m.Gittin 9:10).
2) Algumas expressões tais como “se teu olho direito de ofende, arranca-o” e “se a tua mão direita te
ofende, corta-a for a” (Mt. 5:29-30) são encontradas em discursos rabínicos semelhantes (vide Nidá 13b)
II.5 – CONCLUSÃO
“E crescia Yeshua em sabedoria, em estatura e em graça diante de Elohim e dos homens.” – Lucas
2:52
As Escrituras deixam bem claro que Yeshua recebeu instrução. Porém, o espectro de conhecimento
apresentado pelo rabino Yeshua, tanto das Escrituras, quanto das técnicas de interpretação da mesma, da
tradição oral, e dos ensinamentos dos sábios e rabinos ao longo da história dos judeus, é simplesmente
inimaginável!
Tamanho conhecimento e habilidade jamais foram vistos em toda a história de Israel, e só poderiam
vir do Filho de Elohim!
Parte III
Yeshua, O Rabino
III.1 – INTRODUÇÃO
Para entender completamente o que Yeshua fazia, e também seus ensinamentos, é necessário
entendermos o que era ser rabino no primeiro século, como ensinavam, etc.
III.2 – O QUE FAZ UM RABINO?
Quando conhecemos alguém, uma das primeiras perguntas que fazemos é “Qual a sua profissão?”
Dependendo da profissão, pedimos também à pessoa para explicar um pouco do que ela faz. Ao conhecermos
mais sobre a profissão de uma pessoa, passamos a conhecer mais sobre a própria pessoa, pois ela passa grande
parte da vida dela naquela atividade. Por exemplo, se descobrimos que a pessoa que acabamos de conhecer é
um médico, esta informação nos diz bastante a respeito da educação da pessoa, do seu círculo social, do seu
status financeiro e até mesmo da sua rotina diária.
E se você tivesse a oportunidade de voltar no tempo e encontrar com o Yeshua dos Evangelhos, e
perguntasse: “O que você faz?” O que Ele te diria? Que tipo de educação um Salvador precisa ter? Qual era o
status social da profissão de Filho de YHWH? Quanto um Messias ganhava por mês? Qual era a rotina de um
Libertador? Pois é, estas perguntas não fazem sentido, não é mesmo? Porque o fato é que conhecemos muito a
respeito das definições teológicas de Yeshua (i.e. Salvador, Filho de YHWH, Messias, etc.), mas
normalmente as pessoas conhecem pouco sobre a vocação de Yeshua.
A vocação de Yeshua era ser rabino. Ele era um rabino de Galil (Galiléia), com muitos admiradores
e seguidores. Só estes fatos já nos dizem muita coisa sobre quem o rabino Yeshua realmente é.
Naqueles dias, o termo “rabino” ainda não tinha o significado de hoje. Hoje em dia, “rabino” é um
termo usado automaticamente para quem se forma em uma Yeshiva (instituição rabínica). O termo “rabino”
era um termo respeitoso para um grande professor. É neste contexto que devemos procurar entender o rabino
Yeshua.
Felizmente, a literatura judaica preservou para nós uma grande riqueza em termos de tradições,
ensinamentos, parábolas e histórias de grandes rabinos do Judaísmo da mesma era que Yeshua (isto é, da Era
do Segundo Templo). Ao compararmos as palavras, as vidas e as aventuras de outros rabinos
contemporâneos de Yeshua, conseguimos aprender bastante sobre o que significava ser um rabino no
Primeiro Século.
III.3 – QUAL ERA O SALÁRIO DE YESHUA?
Um rabino do Primeiro Século não era um clérigo ou ministro ordenado. Aliás, apesar de muitas
vezes serem vistos desta forma (devido principalmente à cultura ocidental), até hoje os rabinos não são
exatamente ministros. Os rabinos do Primeiro Século não recebiam salário de uma sinagoga ou denominação.
Ao invés disto, eles tipicamente praticavam alguma atividade comercial para sustentar o seu ministério de
ensino, ou viviam de doações. Por exemplo, Raban Gamliel aconselhava os seus alunos a combinar a prática
da instrução da Torá com uma atividade mundana (Avot 2:2). Seu aluno mais famoso,
o rabino Sha’ul HaBinyamin, mais popularmente conhecido como o apóstolo Paulo, escolheu
ser um fabricante de tendas ao invés de aceitar doações de seus talmidim (discípulos).
Outros professores, como Yeshua, ensinavam e faziam talmidim (discípulos) em tempo integral. Tais
professores dependiam de doações da comunidade e de seus alunos. (Lucas 8:3 menciona algumas mulheres
que apoiavam o ministério de Yeshua. Yochanan / João 12:6 lembra que havia uma sacola de doações levada
por Yeshua e seus talmidim / discípulos.) Quando um rabino decidia se dedicar em tempo integral ao
ministério, isto normalmente significava ter que levar um estilo de
vida bastante humilde. Por isto ele disse que as raposas tinham tocas e os pássaros tinham ninhos,
mas o Filho do Homem não tinha um lugar para recostar a cabeça.
III.4 – ONDE MORAVA E TRABALHAVA YESHUA?
Pelo Talmud, fica bem evidente que na maioria das vezes um rabino do Primeiro Século ensinava de
uma sinagoga local. As sinagogas eram normalmente chamadas de Beit Midrash (Casa de Estudo). Os alunos
que desejavam aprender daqueles rabinos frequentemente viajavam grandes distâncias e, se fossem aceitos
como talmidim (discípulos), eles dedicavam as suas vidas não só a estudar, mas também a viver com o seu
rabino. Por outro lado, muitos dos sábios do Judaísmo do Primeiro Século eram itinerantes, viajando de
cidade em cidade, de sinagoga em sinagoga, ensinando a Torá e fazendo talmidim (discípulos). O ministério
de Yeshua certamente era itinerante, embora ele também utilizasse Kfar Nachum (Cafarnaum) como sua base.
Tanto que nos Evangelhos vemos Kfar Nachum (Cafarnaum) sendo chamada de “Sua própria cidade.”
(Matitiyahu / Mateus 9:1). Em Kfar Nachum (Cafarnaum), muito provavelmente ele se hospedava em um
quarto na casa de Kefá (Pedro). Contudo, ele certamente rejitou a oferta de se tornar um rabino residente de
Kfar Nachum (vide Lucas 4:43).
A maior parte do ministério de Yeshua consistiu das viagens dentre Yerushalayim (Jerusalém) e
Galil (Galiléia). Mas por que? Porque como todo judeu observante da Torá em Israel, ele tinha que ir a
Yerushalayim (Jerusalém) e ao Templo para cada uma das três festas de peregrinação: Pessach, Shavuot
(Pentecostes) e Sukot (Tabernáculos). O Talmud relata que os sábios aproveitavam as grandes multidões de
peregrinos para ensinar um grande número de pessoas nas alas do Templo durante os festivais. Até mesmo
aqueles rabinos que normalmente ficavam em uma só localidade faziam isto, por entenderem que era uma
grande oportunidade de ensinar às massas. É por isto que vemos nos Evangelhos Yeshua frequentemente
ensinando nas alas do Templo, sempre durante as Moedim (Festas Bíblicas).
III.5 – QUAL EXATAMENTE ERA A FUNÇÃO DE UM RABINO?
A função de um rabino no início do Judaísmo era a de transmitir os ensinamentos (ou seja, a Torá)
para a próxima geração. O livro de Pirkei Avot (“A Ética dos Pais”) começa com estas palavras “Moshe
(Moisés) recebeu a Torá do Sinai e a transmitiu a seu talmid (discípulo) Yehoshua (Josué) e aos anciãos; os
anciãos aos profetas, e os profetas os homens da grande assembléia (geração de Ezra / Esdras).” (Avot 1:1)
O padrão de professor-discípulo para transmissão da Torá e do conhecimento do Eterno foi
estabelecido desde de o início da história, e temos como primeiro exemplo mais concreto a Moshe e
Yehoshua (Moisés e Josué). Aos professores de cada geração era confiada a tarefa de fazer talmidim
(discípulos) e formar futuros professores para a próxima geração. Geração após geração, de professor a
aluno, os ensinamentos da Torá eram transmitidos. Um rabino do Judaísmo do Primeiro Século era dedicado
exatamente a esta função (como é considerado função de um rabino até hoje): ensinar a Torá do Eterno. O
propósito de sua vida era explicar a Torá em termos práticos e comunicar o conhecimento do Eterno para a
geração seguinte.
III.6 – OS TRÊS CRITÉRIOS PARA UM RABINO
O Pirkei Avot continua “Os Homens da Grande Assembléia disseram três coisas `Seja deliberado
em seu julgamento, forme muitos talmidim (discípulos), e faça uma cerca para a Torá.” Esta era a função de
um rabino do Primeiro Século.
I – Ser deliberado no julgamento: A função de um rabino era ser cuidadoso ao tomar uma decisão
legal ou ao interpretar as Escrituras. Ele tinha que cuidadosamente examinar todas as evidências. Quando lhe
era perguntado algo sobre as Escrituras, ou quando tinha que tomar uma decisão como ancião ou juiz em uma
corte, ou até mesmo ao tomar decisões sobre a observância da Torá (halacha), um rabino tinha que ser
cuidadoso e deliberado. Um rabino levava as Escrituras a sério, e as estudava cuidadosamente para ser
deliberado em seu julgamento.
II – Formar muitos talmidim (discípulos): A função de um rabino era a de formar muitos talmidim
(discípulos). Ele tinha que passar as instruções a muitos alunos. Se ele não o fizesse, não haveria
continuidade de geração em geração. Sem talmidim (discípulos), o estudo da Torá e o conhecimento do
bem desapareceriam em uma passagem de geração, e a próxima geração cairia em apostasia. A função de
um rabino era a de formar talmidim (discípulos) que por sua vez se tornariam professores e formariam
outros discípulos, para que a Torá não se perdesse.
III – Fazer uma Cerca para a Torá: A tarefa de um rabino era a de proteger a Torá, ou seja,
proteger os mandamentos para que o povo não caísse em pecado. Por exemplo, para que uma pessoa não
cometesse adultério, os sábios fizeram uma cerca, dizendo que um homem não deveria ficar sozinho com
uma mulher que não fosse sua esposa, para que não caísse na tentação do adultério. Alguns dizem que
Yeshua condenou o princípio da cerca, mas na realidade o que Yeshua condenou foi o excessivo
legalismo, e o peso que havia nos exageros sobre as leis de cerca. Como em tudo na vida, o ser humano
tem a tendência a cometer exageros, e as leis de cerca, que eram um conceito válido e muito interessante,
tornaram-se um peso muito grande.
Em seu ministério, Yeshua foi um rabino completo, cumprindo os três critérios acima. Ele foi
deliberado em sue julgamento, tomando decisões brilhantes a respeito da interpretação da Torá. Ele formou
muitos talmidim (discípulos), mais do que qualquer outro rabino jamais o fez. Além dos Doze Apóstolos, ele
tinha centenas de alunos devotos, e milhares de pessoas que ouviam aos seus ensinamentos. Ele fez cercas
para a Torá, por exemplo quando disse que alguém que sequer olha para uma mulher com desejo já cometeu
com ela adultério no coração. Ou quando disse para não fazermos juramentos, mas que o nosso sim seja sim e
o não seja não. Nestes dois exemplos, ele fez cercas para os mandamentos de adultério, e para alguns
mandamentos relacionados ao falar (i.e. não levantar falso testemunho, leis a respeito de juramentos, não
tomar o nome do Eterno em vão, etc.). Vemos então que Yeshua era um rabino completo.
III.7 – ENTENDENDO AS PALAVRAS DO RABINO YESHUA
Quando começamos a estudar os ensinamentos e metodologias de ensino dos primeiros rabinos,
fazemos uma descoberta fantástica. Logo percebemos que muitas das palavras e ensinamentos de Yeshua
refletem os ensinamentos de outros rabinos anteriores ou contemporâneos a ele. A metodologia,
hermenêutica, argumentação, pressuposições teológicas, e até mesmo os assuntos abordados nos
ensinamentos de Yeshua são fundamentalmente rabínicos. Até mesmo a sua forma de ensinar utilizando
parábolas era um método de ensino comum no Primeiro Século. Muitas de suas parábolas são derivadas de
parábolas de outros rabinos anteriores a ele, que Yeshua aproveitou e/ou reformulou para transmitir Sua
mensagem. Em poucas palavras, como rabino, ele utilizou as ferramentas de um rabino para transmitir
Suas idéias. Ele utilizou tanto técnicas rabínicas quanto materiais rabínicos, tal qual já demonstramos
brevemente no segundo artigo desta série.
A literatura judaica nos permite comparar Suas palavras com as palavras dos rabinos que vieram
antes dEle, ou mesmo dos rabinos contemporâneos a Ele. Assim, conseguimos compreender melhor
algumas expressões idiomáticas obscuras e elementos do estilo judaico que Yeshua empregou, ao fazermos
tais comparações. Através da literatura judaica, conseguimos entender melhor os pontos de conflito entre
Yeshua e o sistema do Judaísmo que existia no Primeiro Século. E o melhor de tudo é que,
consequentemente, conseguimos entender melhor a Yeshua e à Sua mensagem, dentro do seu contexto
original.
III.8 – CONCLUSÃO
Yeshua é um rabino. Seus ensinamentos são fundamentalmente rabínicos. Para entendermos melhor
quem Ele foi e o que Ele ensinou, é necessário explorarmos o material e as metodologias rabínicas de Sua
época.
Parte IV
Um Rabino Muito Especial
IV.1 – INTRODUÇÃO
As três primeiras partes deste estudo mostravam como Yeshua se encaixa na descrição normal de um
rabino do Primeiro Século Yeshua foi o único rabino com autoridade para questionar até mesmo as tradições
rabínicas anteriores. O próprio Judaísmo rabínico reconhece que o Messias tem autoridade para mudar a
Halacha (as decisões sobre como observar corretamente a Torá), e ensinar a observar propriamente a Lei do
Eterno. Yeshua não mudou a Torá, pois o Eterno não muda, mas questionou muitas tradições rabínicas
(embora tenha concordado com outras). Yeshua disse “Vocês têm ouvido… mas Eu lhes digo.” Quando dizia
esta frase, Yeshua mostrava Sua autoridade absoluta. Por isto lemos “Ao concluir Yeshua este discurso, as
multidões se maravilhavam da sua doutrina; porque as ensinava como tendo semichá, e não como os seus
professores da Torá.” (Matitiyahu / Mateus 7:28-29)
IV.4 – OS MILAGRES DO NOSSO RABINO
O ministério de ensinamento do rabino Yeshua foi complementado e validado pelas manifestações
dos milagres do Reino dos Céus que o acompanhavam. Os doentes foram curados, os que eram oprimidos
por demônios foram libertos, os famintos foram alimentados, os cegos voltaram a ver, os aleijados andaram,
os surdos ouviram, e os mortos voltaram à vida. Milagres desta magnitude eram muito raros dentre outros
rabinos. Mas no ministério do rabino Yeshua, os milagres eram a regra, e não a exceção.
IV.5 – UM RABINO SE TORNA MALDIÇÃO
Os rabinos do Primeiro Século conheciam muito bem a Torá. Sabiam que a Torá, como Palavra do
Eterno, é Ets Chayim, mas também pode trazer morte. Por que? Porque o conhecimento do bem não vem sem
o conhecimento do mal, e eles sabiam quais eram as consequências de não viverem segundo a Torá. Sabiam
de todas as terríveis maldições que viriam como consequência disto. Certamente encontraríamos no Primeiro
Século, e até mesmo hoje em dia, muitos rabinos que dariam sua vida para salvar a alguém.
No entanto, nenhum rabino que se preze aceitaria tomar sobre si todas as horríveis maldições que a
Torá descreve como sendo conseqüência da transgressão. Certamente que não aceitariam nem mesmo a
metade. Yeshua, como rabino, conhecia bem a Torá. Sabia de todas as horríveis maldições, tanto físicas
quanto espirituais, que estaria para sofrer, em nosso lugar. E em Seu grande amor, Yeshua decidiu nos salvar.
O maior rabino de todos os tempos também demonstrou o maior amor de todos os tempos, ao tomar sobre si
algo que todos os outros rabinos julgavam e ainda julgam impensável.
IV.6 – O RABINO QUE VOLTOU DOS MORTOS
Yeshua também foi o único rabino a ressurgir de dentre os mortos. Nenhum outro rabino na história
jamais fez, e jamais fará tal coisa. Se você ainda tem dúvidas sobre isto, imagine a seguinte situação: após a
sua morte, os seus talmidim (discípulos) estavam dispersos e completamente desnorteados. Eram pobres, sem
as doações que eram feitas ao ministério de Yeshua, não tinham como se sustentar. Estavam desapontados,
pois esperavam ver o seu rabino coroado como rei em Yerushalayim (Jerusalém), e no entanto seu rabino foi
preso, torturado, morto e nada fez para impedir. A grande maioria das multidões que o seguiam agora também
estavam desapontadas, se sentindo desiludidas pois também esperavam que Yeshua os libertasse de Roma.
Sem dinheiro, sem as multidões, sem rumo, sem o seu pastor, confusos, desiludidos, amedrontados,
dispersos, perseguidos por Roma e por muitos moradores da região de Yehudá: este era o quadro dos
talmidim (discípulos) de Yeshua. E no entanto, algo acontecesse. Eles passam de adolescentes amedrontados
a intrépidos proclamadores do Reino dos
Céus, ao ponto de levarem adiante a mensagem de Yeshua até os confins da Terra, dispostos a darem
suas vidas por esta mensagem. O que mudou? Justamente o fato de que Yeshua ressurgiu dos mortos, e
apareceu para eles. Sem isto seria impossível imaginar que os talmidim (discípulos) seriam capazes de
levarem sozinhos uma mentira adiante.
IV.7 – SEGUINDO O RABINO YESHUA
Uma coisa é saber que Yeshua foi um rabino e até chamá-lo de rabino Yeshua. Outra coisa bem
diferente fazer dEle o seu rabino. Tal como no Primeiro Século, até os dias de hoje existe uma grande
diferença entre aqueles que são curados ou salvos por Yeshua, e aqueles que decidem serem seus talmidim
(discípulos). Para realmente aprendermos de Yeshua como os primeiros talmidim (discípulos) faziam, temos
que entender como Ele vivia, e procurar viver da mesma forma, e seguí-lo. Pois o chamado de Yeshua é para
que nós o sigamos. Se desejamos conhecê-Lo como Ele realmente é, devemos experimentá-Lo não apenas
como Salvador, mas também como Mestre e S-nhor, e devemos dedicar nossas vidas ao discipulado dEle.
Assim como ocorria no contexto do Primeiro Século, devemos entender que ser discípulo de Yeshua
é estar aprendendo constantemente dEle. É um processo de uma vida inteira. O mesmo chamado de Yeshua
está disponível até hoje.
http://jesusmessias.blogspot.com.br/2009/01/viso-judaico-messinica-sobre-o-messias.html
Postado por André
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Visão Judaico Messiânica sobre o Messias