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Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Elohim verdadeiro, e a Yeshua o Messias, a quem enviaste. JOÃO 17:3
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O Falar Em Línguas, Hoje – Parte 1 de 4

O Falar Em Línguas, Hoje – Parte 1 de 4
Autor: Walter Andrade Campelo
Introdução
Estabelecendo a supremacia da palavra de Deus
Este estudo se propõe a tratar objetivamente o dom de línguas, e suas aplicações e implicações nos dias de hoje… Para este estudo, bem como para qualquer outro assunto referente à religião, à vida, ao nosso relacionamento com Deus, devemos ter a Sua Santa Palavra como autoridade máxima, absoluta e final.
Os verdadeiros Cristãos têm na Bíblia Sagrada, a palavra de Deus, sua única regra de fé e prática, isto implica que tudo o que cremos e tudo o que fazemos está pautado pela palavra de Deus. Neste cenário, não cabe discussão, quando a palavra de Deus estabelece algo, isto é final, é a palavra de Deus:
“Mas o SENHOR está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra.” (Habacuque 2:20 ACF1)
Há algum ser humano que possa contradizer a palavra de Deus? Alguém se julga capaz de contradizer o que o Deus Todo-Poderoso, o Senhor do Universo, está dizendo? Não, nunca, nenhum ser humano pode contradizer a Deus: Somos fracos demais, limitados demais, corruptos demais, para isto.
Assim, em circunstância alguma podemos colocar a experiência humana, ou a palavra de homens, por mais espiritual que possa nos parecer, acima dos ensinos bíblicos; e assim sigamos adiante:
“Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo;” (Colossenses 2:8)
Dons do Espírito Santo
Muitos têm confundido talento natural, ou capacidade inata, ou ainda um grande desejo de realizar uma determinada tarefa, com dons do Espírito Santo. Outros ainda buscam determinados, por dons do Espírito Santo, deixando de levar em conta que quem os dá é o próprio Espírito Santo e de acordo com a Sua vontade:
“Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.” (I Coríntios 12:11)
Os dons do Espírito Santo são algo distinto e específico, não vinculado à vontade do homem:
“(7) Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo… (11) E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, (12) Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; (13) Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.” (Efésios 4:7, 11-13)
É imperioso que tenhamos em nossas mentes uma clara noção do que vem a ser dom do Espírito Santo, qual sua função e necessidade e, portanto, sua ocasião.
O dom é assim, um talento potencializado pela ação do Espírito Santo, ou uma capacidade concedida por Sua ação, utilizado para a edificação do corpo de Cristo, para a obra do ministério, sendo dado a cada um dos crentes na “medida do dom de Cristo”, e de acordo com a Sua vontade. (v.11)
Há dons que nos parecem naturais, como os dons de ensino e pregação do evangelho, e outros dons que são miraculosos, como curas e línguas. Mas, em nenhum caso, mesmo no dos dons que nos pareçam naturais, estes devem ser confundidos com talentos naturais, que são habilidades carnais para a execução de tarefas, pois se assim procedermos teremos, como infelizmente temos visto com alguma freqüência, pessoas que nada tem a ver com o Espírito Santo recebendo livre acesso ao corpo de Cristo, causando enorme destruição, discórdia e divisão.
Devemos, portanto, tratar da questão dos dons com a mais absoluta seriedade, e sempre discernindo os espíritos, isto, sempre provando o que nos é apresentado, se vem ou não de Deus:
“Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.” (I João 4:1)
Não nos enganemos, devemos sim estar julgando todas as coisas:
“Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida?” (I Coríntios 6:2)
E devemos tirar do nosso meio tudo o que for impuro, tudo o que não proceda de Deus. Pois toda ação da Igreja deve ser para que se apresente santa e irrepreensível2 diante de Cristo. Nada menos.
Definindo a palavra “língua” no contexto do Novo Testamento
Antes de qualquer estudo, é fundamental a definição dos termos, ou palavras, que serão abordados, bem como um claro entendimento das circunstâncias em que estes termos são utilizados e o seu significado dentro de cada contexto específico. Assim, torna-se absoluta prioridade estudarmos o termo “língua”, ou o seu plural, “línguas”, em cada uma de suas ocorrências no Novo Testamento, tendo como base de estudo o seu significado na língua original em que foi escrito o Novo Testamento: o grego koiné. Existem algumas palavras gregas, no Novo Testamento, que foram traduzidas para o português como “língua”, vejamos:
1. Língua Hebraica (ebraisti – Hebraisti ou ebraikov – Hebraikos):
a. João 5:2;
b. Apocalipse 16:16.
o No léxico de Strong:
1. em Hebreu, ou seja, em Caudeu.
Língua Grega (ellhnikov – Hellenikos):
. Lucas 23:38;
a. Apocalipse 9:11.
o No léxico de Strong:
1. grego
Língua Latina (rwmaikov – Rhomaikos):
. Lucas 23:38;
o No léxico de Strong:
1. a língua falada pelos Romanos.
Língua Licaônica (lukaonisti – Lukaonisti):
. Atos 14:11;
o No léxico de Strong:
1. na fala ou língua da Licaônia.
Língua dobre (pessoa de duas palavras) (dilogov – dilogos):
. I Timóteo 3:8;
o No léxico de Strong:
1. dizer a mesma coisa duas vezes, repetição.
2. língua dupla, duplicidade de discurso, dizer uma coisa a uma pessoa e outra com outra pessoa (com a intenção de enganar).
Outra língua (eteroglwssov – heteroglossos)
. I Coríntios 14:21;
o No léxico de Strong:
1. alguém que fala uma língua estrangeira.
Língua humana existente (dialektov – dialektos):
. Atos 2:6;
a. Atos 2:8.
o No léxico de Strong:
1. conversação, fala, discurso, linguagem.
2. a língua ou linguagem peculiar a qualquer povo.
Parte do corpo humano ou a linguagem de um povo (glwssa – glossa):
. Língua humana existente: Atos 2:4, 11, 26; I Coríntios 13:1, 8; 14:26;
a. Atributo de nacionalidade (língua do país ou do povo): Apocalipse 5:9; 14:6;
b. Ato de falar: I Coríntios 14:9; I João 3:18; Tiago 1:26;
c. Órgão do corpo: Atos 2:26; Romanos 14:11; I Pedro 3:10; Apocalipse 16:10;
d. Língua humana existente, porém não conhecida pela audiência: I Coríntios 14:2, 4, 13, 14, 19, 27.
o No léxico de Strong:
1. A língua, um membro do corpo, um órgão da fala.
2. Uma língua.
3. A linguagem ou dialeto usado por um povo em particular, distinto do de outras nações.
o No léxico de Liddell & Scott:
1. Língua
a. Laringe, glote.
b. Língua como o órgão da fala, com a preposição “apo” = franqueza no falar; verbalmente, oralmente; com “ouk apo” falar através de argumentação;
c. Orador fluente.
d. A advocacia do fisco.
2. Linguagem; falar uma língua ou dialeto; dialeto;
a. palavra estrangeira ou obsoleta, que necessite de explicação. De onde vem a palavra portuguesa “glossário”;
b. língua falada por um povo em particular.
3. qualquer coisa que tenha o formato de língua. (Atos 2:3)
a. em música, a cana ou lingüeta de uma flauta;
b. língua de couro do sapato;
c. língua de terra, península;
d. lingote de metal (aço, ferro, ouro, etc.)
Neste ponto faz-se mister assinalar e destacar que em nenhum léxico ou dicionário grego, quaisquer das palavras gregas, traduzidas para o português como “línguas”, têm o significado de um falar em êxtase ou falar uma língua ou dialeto que não seja inteligível por um povo. Assim, das ocorrências da palavra “língua” ou “línguas”, no Novo Testamento, podemos certamente afirmar que, quando esta palavra se refere a uma linguagem, é sempre, invariavelmente, uma língua3 humana falada e entendida por algum povo.
Também é importante registrar que a palavra portuguesa “glossolalia” utilizada para representar a prática atual do “falar em línguas”, tão comum em meios pentecostais e neopentecostais, tem o seguinte significado conforme o dicionário Houaiss:
1. Suposta capacidade de falar línguas desconhecidas quando em transe religioso.
2. Distúrbio de linguagem observado em certos doentes mentais que crêem inventar uma linguagem nova.
Esta palavra vem de duas palavras gregas: glwssa + lalia (glossa + lalia) que ao pé da letra significam “língua + falar”, e que em momento algum aparecem juntas no Novo Testamento.
A palavra (lalia) é encontrada no Novo Testamento em duas passagens:
“E, daí a pouco, aproximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro: Verdadeiramente também tu és deles, pois a tua fala te denuncia.” (Mateus 26:73)
“Mas ele o negou outra vez. E pouco depois os que ali estavam disseram outra vez a Pedro: Verdadeiramente tu és um deles, porque és também galileu, e tua fala é semelhante.” (Marcos 14:70)
E como pode ser observado nos versos acima, não há qualquer conjunção ou combinação da palavra “lalia”, em suas ocorrências no Novo Testamento, com a palavra “glossa”.
Existe, contudo, uma conjunção da palavra “glossa” que é encontrada, por exemplo, em I Coríntios 14:2, conforme segue:
“Porque o que fala em língua desconhecida não fala aos homens, senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala mistérios.” (I Coríntios 14:2)
“o gar lalwn glwssh ouk anqrwpoiv lalei alla tw qew oudeiv gar akouei pneumati de lalei musthria” (I Coríntios 14:2 TR4)
lalew + glwssa (laleo + glossa) significa ao pé da letra, “falar com uma língua”. Esta conjunção apesar de próxima à conjunção de “glossa” + “lalia”, não tem a mesma conotação que glossolalia, e não pode ser entendida como se fosse uma ocorrência desta combinação de palavras. Ante estas constatações, podemos com segurança afirmar que não há qualquer ocorrência, no Novo Testamento grego, de glossolalia.
Outro ponto importante a se ter em mente é que o Cristianismo não admite “transe religioso” (prática comum em várias religiões pagãs), nossa religião exige entendimento, clareza de raciocínio, discernimento, temperança (moderação, autodomínio), conhecimento e firmeza, conforme pode ser entendido dos textos abaixo:
“Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.” (Marcos 12:30)
“Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” (Romanos 12:1)
“Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. (15) Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.” (I Coríntios 2:14-15)
“E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência, (6) E à ciência a temperança, e à temperança a paciência, e à paciência a piedade, (7) E à piedade o amor fraternal, e ao amor fraternal a caridade. (8) Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. (9) Pois aquele em quem não há estas coisas é cego, nada vendo ao longe, havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos pecados. (10) Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis.” (II Pedro 1:5-10)
Referências gerais
Ocorrências do falar em línguas
• O falar em línguas ocorreu no Novo Testamento em 3 ocasiões:
o Na descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes: Atos 2:4
o Em Cesaréia na casa de Cornélio: Atos 10:46
o Após a imposição de mãos de Paulo sobre os 12 discípulos em Éfeso: Atos 19:6
Além disto o falar em línguas foi citado na primeira carta do apóstolo Paulo aos Coríntios.
Não ocorrência do falar em línguas
• Em várias outras ocasiões especiais, não houve o falar em línguas, como por exemplo:
o Quando Jesus soprou o seu Espírito sobre os seus discípulos: João 20:21-22
o Na conversão do Eunuco: Atos 8:35-39
o Na conversão de Paulo: Atos 9:1-9
o Após Pedro e João estarem perante o Sinédrio: Atos 4:31-33
o No Batismo de Lídia: Atos 16:13-15
o Na conversão do carcereiro e sua casa: Atos 16:30-34
Instruções para o uso do falar em línguas
• O apóstolo Paulo demonstrou que o falar em línguas deve seguir regras específicas e determinadas:
o É uma atividade secundária, de importância menor e muitas vezes indesejável: I Coríntios 14:3 e 14:23
o Exige a necessidade de intérprete: I Coríntios 14:27
o Caso não haja intérprete, não deve haver o falar em línguas: I Coríntios 14:28
o Somente dois, quando muito três podem falar em línguas: I Coríntios 14:27
o Somente um pode falar por vez: I Coríntios 14:27 e 14:30
o Não deve haver confusão: I Coríntios 14:33
o Tudo deve ser feito com ordem e decência: I Coríntios 14:40
o As línguas não devem ser buscadas (Deus é quem decide): I Coríntios 12:18

O Falar Em Línguas, Hoje – Parte 2 de 4
Autor: Walter Andrade Campelo
Definições
Sinais e milagres
Os sinais e milagres sempre foram utilizados com funções específicas:
1. Fazer com que as pessoas cressem na Bíblia que ainda estava por ser escrita:
“Jesus, pois, operou também em presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro. (31) Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.” (João 20:30-31 ACF1)
“Porque não ousarei dizer coisa alguma, que Cristo por mim não tenha feito, para fazer obedientes os gentios, por palavra e por obras; (19) Pelo poder dos sinais e prodígios, na virtude do Espírito de Deus; de maneira que desde Jerusalém, e arredores, até ao Ilírico, tenho pregado o evangelho de Jesus Cristo.” (Romanos 15:18-19)
2. Dar credibilidade e reconhecimento aos que apregoavam a mensagem:
“Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis;” (Atos 2:22)
“Rodearam-no, pois, os judeus, e disseram-lhe: Até quando terás a nossa alma suspensa? Se tu és o Cristo, dize-no-lo abertamente. Respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo tenho dito, e não o credes. As obras que eu faço, em nome de meu Pai, essas testificam de mim.” (João 10:24-25)
“Então a mulher disse a Elias: Nisto conheço agora que tu és homem de Deus, e que a palavra do SENHOR na tua boca é verdade.” (I Reis 17:24)
“Jesus, pois, operou também em presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.” (João 20:30-31)
3. Marcar uma era de novas revelações para o povo de Deus, ou mudança na forma de ação do Espírito Santo junto ao povo de Deus. (Babel, Dilúvio, Êxodo, o Ministério de Jesus Cristo, Atos dos Apóstolos, Apocalipse, etc.)
É importante que tenhamos em mente que os sinais de Deus ocorrem em determinado momento, para validar Sua mensagem através de um mensageiro Seu, ou para cumprir um propósito específico determinado pelo próprio Deus, e depois desaparecem quando não são mais necessários. Podemos ver claramente este fato ao estudarmos a história de Moisés, de Josué e de Elias. Num determinado momento, Moisés foi capaz de abrir um caminho seco através das águas, de modo que o povo de Deus pôde passar a seco pelo Mar Vermelho. De modo similar, Josué pôde abrir as águas do Jordão para que o povo de Deus pudesse atravessá-lo a seco. Em nenhum outro momento o sinal de criar separação de águas ocorreu. O profeta Elias pediu, e Deus fez com que descesse fogo dos céus para queimar o holocausto:
“Sucedeu que, no momento de ser oferecido o sacrifício da tarde, o profeta Elias se aproximou, e disse: O SENHOR Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, manifeste-se hoje que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo, e que conforme à tua palavra fiz todas estas coisas. (37) Responde-me, SENHOR, responde-me, para que este povo conheça que tu és o SENHOR Deus, e que tu fizeste voltar o seu coração. (38) Então caiu fogo do SENHOR, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água que estava no rego.” (I Reis 18:36-38)
Depois desta, não houve mais nenhuma outra ocorrência de Deus enviando fogo dos céus para queimar holocaustos.
Podemos também observar o momento em que o Sol parou a pedido de Josué:
“Então Josué falou ao SENHOR, no dia em que o SENHOR deu os amorreus nas mãos dos filhos de Israel, e disse na presença dos israelitas: Sol, detem-te em Gibeom, e tu, lua, no vale de Ajalom. (13) E o sol se deteve, e a lua parou, até que o povo se vingou de seus inimigos. Isto não está escrito no livro de Jasher? O sol, pois, se deteve no meio do céu, e não se apressou a pôr, quase um dia inteiro. (14) E não houve dia semelhante a este, nem antes nem depois dele, ouvindo o SENHOR assim a voz de um homem; porque o SENHOR pelejava por Israel.” (Josué 10:12-14)
A própria Palavra de Deus nos apresenta o fato de ser esta, uma ocorrência única, que nunca mais tornaria a se repetir.
Estes exemplos, e tantos outros que podemos encontrar através das Escrituras Sagradas, nos mostram de forma inequívoca que os sinais de Deus são isto mesmo, de Deus, utilizados por Ele para fins específicos, em momentos específicos, de acordo somente com Sua soberana vontade, e não pertencem ao homem, nunca pertenceram e nunca pertencerão.
O que é o falar línguas conforme a Palavra de Deus
O sinal de línguas foi a capacidade sobrenatural de se falar um idioma estrangeiro sem prévio estudo ou conhecimento deste, e o dom de línguas é a facilidade para se falar vários idiomas diferentes.
Como vimos no estudo das ocorrências da palavra “línguas” no Novo Testamento, a palavra de Deus nos apresenta estes idiomas, sempre, como idiomas humanos existentes. Por exemplo, quando da descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, os discípulos transmitiram a mensagem do evangelho nas línguas nativas daqueles que os estavam ouvindo (Atos 2:1-11) !
Paulo ao repreender os coríntios sobre a necessidade de ordem no culto, disse que os indoutos, aqueles sem estudo, não entenderiam os que estavam falando línguas (I Coríntios 14:16 e 23), demonstrando de modo inequívoco que, ao contrário, os doutos, aqueles que tem erudição, poderiam entender, e portanto, os coríntios estavam falando um idioma humano existente e inteligível (pelo menos para aqueles que tivessem cultura suficiente para entendê-lo). Também em I Coríntios 14:21 Paulo, citando Isaías, especifica que “por outros lábios falarei a este povo”, descrição esta que também aponta diretamente para uma linguagem humana existente.
Em I Coríntios 14:18, Paulo afirma categoricamente que falava mais línguas que os coríntios. Ora, Paulo falava hebraico, aramaico, grego, latim, e possivelmente ainda outras línguas mais, como o copta. Mas, eram todas línguas humanas existentes… (Iremos tratar de forma mais detalhada a questão da igreja de Corinto mais abaixo no tópico “O falar línguas em Corinto”).
Reforçando mais uma vez segundo o testemunho da Palavra de Deus, o falar línguas ou é um sinal sobrenatural de falar línguas ou dialetos humanos, existentes, sem que tenham sido previamente estudados, ou como ocorreu na Igreja de Corinto, a capacidade ou a facilidade para falar em várias línguas (diversidade de línguas).
O sinal miraculoso de línguas ocorreu em 3 circunstâncias no livro de Atos
“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.” (Atos 1:8 destaque acrescentado)
o Jerusalém – Atos 2:4 “E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.”
o Judéia e Samaria (Cesaréia) – Atos 10:46 “Porque os ouviam falar línguas, e magnificar a Deus.”
o Confins da Terra (Éfeso) – Atos 19:6 “E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas, e profetizavam.”
O sinal miraculoso de línguas sempre foi um sinal para os judeus que não criam primeiramente no derramamento do Espírito Santo de Deus, e depois não criam que o derramamento do Espírito Santo atingisse também aos gentios e não somente aos judeus.
O verso 45 de Atos 10 nos mostra este fato:
“E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios.”
Assim, espantaram-se os judeus, todos os que eram da circuncisão, quando gentios demonstraram os mesmos sinais que os discípulos haviam demonstrado em Jerusalém!
Em Éfeso (Atos 19:3-20) grande foi a disputa de Paulo para apresentar o Caminho aos judeus ali reunidos. E o falar línguas dos discípulos que lá estavam mostrava a estes judeus que através de “outros lábios” e de “outras línguas” Deus estava lhes falando Sua mensagem:
“Está escrito na lei: Por gente de outras línguas, e por outros lábios, falarei a este povo; e ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor.” (I Coríntios 14:21)
Após estas três ocorrências não há qualquer outra referência ao falar línguas como um sinal de Deus para o seu povo. Surge, contudo, uma outra referência ao falar línguas no Novo Testamento: durante o período de desordem que ocorreu na Igreja de Corinto; Igreja esta que foi exortada pelo apóstolo Paulo a retornar à ordem e à decência, quando de sua primeira carta a ela endereçada.
O falar línguas em Corinto
É importante estabelecermos alguns pontos antes de prosseguirmos nesta análise. Primeiramente, quanto ao termo utilizado pelo apóstolo Paulo em sua carta quando se referiu ao falar línguas. A palavra grega utilizada foi “glossa” que, conforme já pudemos estudar, tem os seguintes significados:
4. A língua, um membro do corpo, um órgão da fala.
5. Uma língua.
2.1. A linguagem ou dialeto usado por um povo em particular, distinto do de outras nações.
Ou seja, a palavra grega “glossa” no contexto em que foi utilizada pelo apóstolo Paulo tem um único significado: “uma língua estrangeira”, ou “uma linguagem de um povo de outra nacionalidade”.
Assim, fica determinado que o que estava acontecendo em Corinto é o falar línguas estrangeiras, línguas de outros povos distintos daqueles que lá habitavam.
Como exposto acima, esta afirmação corrobora a declaração do apóstolo Paulo no verso 21 do capítulo 14:
“Está escrito na lei: Por gente de outras línguas, e por outros lábios, falarei a este povo; e ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor.” (I Coríntios 14:21)
Bem como, também, o fato de o apóstolo, um pouco antes em sua exortação àquela Igreja, ter afirmado que falava mais línguas que todos os que lá estavam:
“Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do que vós todos.” (I Coríntios 14:18)
Há também o fato de que doutos, ou seja, pessoas de grande cultura, poderiam entender o que diziam os que falavam línguas, indicação assertiva de que eram faladas línguas inteligíveis, ou seja, línguas estrangeiras, com as quais os doutos poderiam ter familiaridade:
“Se, pois, toda a igreja se congregar num lugar, e todos falarem em línguas, e entrarem indoutos ou infiéis, não dirão porventura que estais loucos?” (I Coríntios 14:23)
Estabelece-se assim, de forma definitiva, que o falar línguas conforme ocorreu na Igreja em Corinto e do qual o apóstolo Paulo trata em I Coríntios é o falar uma língua estrangeira e humana. E esta é a característica do falar línguas conforme nos apresenta a Palavra de Deus: Falar uma língua estrangeira! Seja diretamente por ação divina (sem que houvesse prévio estudo), como foi descrito em Atos 2, seja pelo dom, dado por Deus, de com facilidade se falar várias línguas, como ocorreu com o apóstolo Paulo (I Coríntios 14:18).
Ainda como uma confirmação adicional à conclusão acima, temos que Lucas ao escrever o livro de Atos dos Apóstolos, estava com Paulo em seu exílio em Roma. Lucas, quase com certeza, também esteve em Éfeso quando o apóstolo Paulo escreveu sua primeira carta aos coríntios, já que desde Atos 16 Lucas se apresentou como estando ao lado de Paulo em suas viagens. Mas, uma coisa é certa: Lucas tinha conhecimento do conteúdo da carta de Paulo aos coríntios antes de escrever o livro de Atos dos Apóstolos, uma vez que I Coríntios foi escrita por volta de 56 d.C. e Atos somente foi escrito por volta de 61 ou 62 d.C. Este raciocínio foi apresentado aqui pelo fato de Lucas ter-se utilizado em Atos dos Apóstolos da mesma palavra grega, e no mesmo contexto, que Paulo utilizou em I Coríntios para indicar o falar línguas, “glossa”:
“E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas (glossa), conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.” (Atos 2:4)
E não havendo distinção do termo grego utilizado para um caso ou para o outro, fica estabelecido, também através deste raciocínio, que o falar línguas descrito em I Coríntios tinha esta mesma natureza, ou seja, era o falar um idioma estrangeiro.
Frente a todas estas evidências, fica definitivamente determinado que o falar línguas descrito pelos textos em I Coríntios não é o falar uma língua “celestial”, ou “de anjos” (Veja o Apêndice A sobre este assunto), ou qualquer outra manifestação extática2, mas sim o falar um idioma humano existente e inteligível.
Propósito do dom de línguas
O dom de línguas foi dado com o propósito específico de ser um sinal (Marcos 16:17).
Esta interpretação é confirmada por Paulo quando cita a Isaías em I Coríntios 14:21-22. A passagem citada por Paulo é Isaías 28:11, onde o profeta está repreendendo os bêbados de Efraim que não aceitaram a palavra do profeta, e por esta razão Isaías lhes disse que Deus os faria ouvir através do falar do exército que estava por invadi-los. E isto lhes seria por sinal. Este sinal, o falar línguas estrangeiras, é sempre apresentado pela palavra de Deus como sendo para que judeus incrédulos viessem a crer, tanto no Velho quanto no Novo Testamento. Pode-se verificar que em todos os registros de ocorrência do dom miraculoso de línguas (todas em Atos dos Apóstolos), a audiência era composta de judeus.
Já no caso específico da Igreja em Corinto, deve-se lembrar que a natureza do falar línguas lá foi diferente, não tendo a característica de milagre, mas sim, de um dom dado por Deus para a obra do ministério e para a edificação do corpo de Cristo, como o são todos os dons:
“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, (12) Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;” (Efésios 4:11-12)
Mas, se o dom miraculoso de línguas foi um sinal, foi um sinal do quê e para quem? Podemos ver que foi um sinal de confirmação aos judeus da aceitação dos gentios no plano de salvação (Atos 10:45-46; 11:15), isto porque apesar de alguns judeus terem crido em Jesus, não criam na possibilidade de gentios também o crerem, e este foi o propósito dos sinais relatados no livro de Atos.
Despropósito do dom de línguas
O dom de línguas, como meio edificação pessoal, é um dos despropósitos sobre o objetivo deste dom. Não há qualquer registro do uso privado do dom de línguas no Novo Testamento. A referência do apóstolo Paulo ao fato daquele que fala em língua desconhecida se edificar a si mesmo, e não à Igreja, é repreensão, declarada e direta ao que assim procede, pois os dons são unicamente para a edificação do Corpo como um todo, e não para uso individual:
“Assim também vós, como desejais dons espirituais, procurai abundar neles, para edificação da igreja.” (I Coríntios 14:12)
“Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas. (11) E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, (12) Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;” (Efésios 4:10-12)
A edificação pessoal procede da edificação do corpo, uma vez que cada indivíduo é parte do corpo, ao se edificar o corpo edifica-se juntamente cada um de seus membros componentes.
Outro despropósito observado é o de se alegar que o milagre do falar línguas se deu como meio de facilitar a pregação do evangelho. Em nenhum momento isto foi aventado no Novo Testamento. Ao contrário, após sua ocorrência, os judeus ficaram atônitos com o sinal de línguas! Estes homens eram pelo menos bilíngües, pois entenderam a pregação antes do dom de línguas se manifestar, ou seja, antes de ouvirem os discípulos falarem em sua língua natal. Sendo assim, caso o sinal de línguas, conforme vemos em Atos dos Apóstolos, fosse para ser utilizado com o propósito de pregação, teria sido mantido intacto durante toda a existência da Igreja, se tornando lugar comum até nossos dias, e todos os salvos em Cristo poderiam falar qualquer língua (humana e existente) para a qual houvesse audiência presente.
Isto não quer dizer que tal milagre não possa ocorrer, ao contrário, Deus é soberano e faz como lhe apraz. Mas, ocorrendo o milagre, será exatamente isto: um milagre de Deus, e não lugar comum, ou qualquer tipo de atestado desta ou daquela condição na vida daquele que se coloca como instrumento para que Deus, através dele, execute o milagre. Deus faz milagres quando quer e através de quem quer. Deus é soberano, Deus é Senhor!
O Falar Em Línguas, Hoje – Parte 3 de 4
Autor: Walter Andrade Campelo
Cessação do sinal de línguas?
Podemos afirmar com segurança que enquanto um sinal para judeus incrédulos (primeiro atestando a ação direta do Espírito Santo sobre os próprios judeus, e depois atestando que a ação do Espírito Santo não estava restrita somente a judeus, mas que atingia também aos gentios), o sinal miraculoso de línguas desapareceu no primeiro século.
“O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desa-parecerá; (9) Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; (10) Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.” (I Coríntios 13:8-10) [destaque em negrito acrescentado para ênfase]
Alguns afirmam que esta passagem não pode ser utilizada como base para afirmar-se que o sinal de línguas cessaria em algum momento próximo. Não há pleno consenso quanto a isto, e há argumentos vários em ambas as direções. Mas, independentemente da disputa teológica que se trava em torno desta passagem, ela nos informa, sim, de que o sinal de línguas cessou, pelo menos enquanto milagre de Deus para validação da mensagem bíblica.
Como vimos os sinais de Deus tem funções específicas, e o sinal de línguas teve a função de validar a mensagem dos apóstolos de Jesus Cristo. E isto foi necessário até que se completasse o cânon bíblico, o que ocorreu entre o final do primeiro século e o início do segundo. Neste ponto veio o que é perfeito (I Coríntios 13:9-10), ou seja, a palavra de Deus, inerrante, infalível, dispensando qualquer sinal posterior de validação do seu conteúdo além do milagre de sua própria inerrância e de sua miraculosa preservação pela mão de Deus.
Há aqueles que querem dizer que “o que é perfeito” refere-se a Jesus Cristo, e que esta passagem fala sobre o segundo advento de nosso Senhor. Mas, nos aprofundando no texto grego, vemos que:
“Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.” (I Coríntios 13:10 ACF1)
“otan de elqh to teleion tote to ek merouv katarghqhsetai” (I Coríntios 13:10 TR2)
A construção em grego é neutra, o que descarta a possibilidade de estar tratando de alguém, não é, assim, uma referência a Jesus, nem, como querem alguns outros, ao Espírito Santo, esta construção trata de algo, de um objeto, e não de alguém. Não há outro entendimento possível senão o de que este texto está tratando da palavra de Deus, que ainda estava, à época em que este texto foi escrito, sendo confeccionada.
Na carta aos Hebreus temos:
“Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade?” (Hebreus 2:3-4)
Esta passagem indica claramente que:
1. O anuncio da salvação foi confirmado pelos que o ouviram sendo anunciada pelo Senhor.
2. Os que ouviram testificaram através de sinais, milagres, várias maravilhas e dons do Espírito Santo.
Assim temos que estes dons miraculosos, incluindo aí o sinal de línguas, foram sinais utilizados para autenticar a revelação do evangelho, até que fosse completado o cânon do Novo Testamento, tornando-se, após isto, desnecessários uma vez que já estava ratificada a palavra de Deus junto à Igreja de Cristo. Este fato pode ser visto por haverem traduções feitas já em 150 d.C. que possuíam cânon idêntico ao que hoje encontramos em nossas Bíblias.
Temos assim, através da análise de todas as passagens bíblicas relevantes, que o sinal de línguas foi um acontecimento específico, em um momento específico, com uma finalidade específica; tendo sido extinto por completo após sua ocorrência em Atos 19:6.
Não devemos, contudo, estar aqui descrentes quanto ao poder de Deus em executar milagres! Deus é infinito em poder, Deus não está limitado a nada, e pode fazer, como tem feito, milagres em qualquer época, e por qualquer meio que lhe aprouver, de acordo apenas com Sua soberana vontade; E a nós, criaturas suas, cabe aceitar qual seja o Seu supremo desígnio.
Como exemplo, seria importante citar que há testemunhos da ocorrência de um outro tipo de sinal de línguas, com finalidade distinta da que foi registrada em Atos. Relatam estes testemunhos que em determinadas situações no campo missionário Deus proveu um entendimento miraculoso por parte da audiência do que um pregador falava em uma língua não conhecida por esta.
Este sinal não desrespeita o que já vimos sobre os sinais de Deus, já que tem a função de fazer com que pessoas creiam na Bíblia, em momentos em que não há outro meio de propagação da mensagem. Como um exemplo disto, temos o que foi relatado por marinheiros russos, ainda durante o período da cortina de ferro, quando era extremamente difícil o acesso às pessoas por trás da cortina comunista. Estes marinheiros ouviram um pastor batista brasileiro pregando em inglês, em determinado porto dos EUA, onde atracaram seu navio, mas entenderam o que estava sendo pregado como se estivesse sendo falado em russo, ou seja, o pastor pregava em inglês e os marinheiros ouviam em russo! Milagre de Deus, com propósito divino: Estes três marinheiros se converteram a Jesus Cristo e se tornaram líderes de Igrejas na Rússia.
O dom permanece
Já o dom de falar várias línguas (diversidade de línguas, existentes e inteligíveis, como relatado em I Coríntios) é algo que acompanha algumas pessoas até os dias de hoje, assim como também ocorre com o dom da palavra ou com o dom do ensino ou ainda com o dom de repartir liberalmente o que se tem. Entretanto, mesmo tendo isto em mente, vemos que existem várias passagens, relatando dons espirituais, que foram escritas após 56 d.C., onde o dom de línguas não é mencionado. Vejamos:
“De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria.” (Romanos 12:6-8)
“Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e poder para todo o sempre. Amém.” (I Pedro 4:11)
I Coríntios foi escrita enquanto Paulo planejava mudar-se para Éfeso (I Coríntios 16:8), indicando que o ano era então 56 d.C.
A epístola aos Romanos foi escrita por Paulo em 57 d.C., durante sua permanência de três meses na Grécia (Atos 20:1-3), especificamente em Corinto. Lá Paulo residia com Gaio (Romanos 16:23 e I Coríntios 1:14) e Erasto era o procurador da cidade de Corinto (Romanos 16:23). Especial atenção deve ser dada ao fato desta carta ter sido escrita em Corinto e de não haver nela qualquer menção ao dom de línguas! A inferência direta disto é a de que a Igreja já havia sido exortada e corrigida quanto ao uso indevido e desordenado deste dom!
Já I Pedro foi escrita, provavelmente, pouco antes de se iniciar a perseguição de Nero aos Cristãos em 64 d.C.
Estes fatos nos sugerem que, através do ensinamento do apóstolo Paulo o dom de línguas foi colocado como sendo secundário no seio da Igreja, a qual deu preferência à profecia e ao ensino:
“E eu quero que todos vós faleis em línguas, mas muito mais que profetizeis; porque o que profetiza é maior do que o que fala em línguas…” (I Coríntios 14:5)
E, sendo assim, não haveria mais a pratica deste dom na Igreja, pelo menos não como algo comum. Podemos, entretanto, vê-lo ainda hoje em ação quando, por exemplo, há alguém que tenha a facilidade de aprender línguas, como o italiano ou seus diversos dialetos, e pregar em italiano, ou aprender alemão, e pregar em alemão, e que se disponha a assim agir para glória de Deus e edificação do corpo de Cristo.
O Falar Em Línguas, Hoje – Parte 4 de 4
Autor: Walter Andrade Campelo
O falar em línguas “moderno”
Descrição
Várias denominações consideram que o falar em línguas descrito pela palavra de Deus , é um falar extático, ou seja, algo que ocorre sem que a pessoa tenha pleno controle do que acontece consigo mesma, ocorrendo em uma espécie de transe. Mas, como já vimos, uma das características do Cristão é o autodomínio, se algo acontece que tira a pessoa do seu estado de sobriedade, de autocontrole, de consciência dos eventos à sua volta, não pode ser atribuído ao Espírito Santo, mas, a outros fatores externos que estão afetando o pleno domínio das faculdades desta pessoa. Na Bíblia em várias ocasiões somos exortados a sermos sóbrios:
“Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor, e tendo por capacete a esperança da salvação;” (I Tessalonicenses 5:8 ACF1)
“Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo;” (I Pedro 1:13)
A palavra sóbrio tem o seguinte significado:
1. moderado, contido no comer e no beber ;
1.1 não amante ou dependente de bebidas alcoólicas;
2. que não se encontra sob o efeito de bebida alcoólica; não intoxicado por álcool;
3. marcado por temperança, equilíbrio, moderação e/ou seriedade; contido nas emoções e caprichos;
4. despojado de exibições de poder, cultura, inteligência; de caráter ou comportamento sereno, discreto, recatado;
5. destituído de floreios e ornamentos desnecessários.
Atentando para os significados 3 e 4, vemos que há total incompatibilidade entre a ordem bíblica de ser sóbrio e as ações que privam a pessoa de seu autodomínio, de seu controle pessoal. Não há como estar em transe e ser fiel à palavra de Deus ao mesmo tempo, são ações mutuamente excludentes.
Revendo os testemunhos daqueles que apresentam o “dom”, vemos que alguns relatam este transe como “flutuar”, outros como “estar fora do seu corpo”, outros ainda como “estando dominados por um poder superior”, e outros como tendo sido possuídos “pelo Espírito Santo”, além de vários outros eventos que sempre ocorrem de modo concomitante à ação da glossolalia.
Apenas este testemunho já seria suficiente para descaracterizar a glossolalia como uma obra do Espírito Santo de Deus, mas, continuemos no estudo.
Os que praticam o falar em êxtase afirmam que este falar não se dá em uma linguagem humana existente e inteligível (por exemplo, em alemão, ou em japonês, ou em tupi-guarani), mas, afirmam ser esta uma espécie de linguagem “divina” ou “de anjos”, a qual tem na maior parte das vezes um máximo de 10 vocábulos, combinados de umas 20 formas diferentes.
Isto, na verdade, está muito longe de poder ser considerado como uma língua, um dialeto, ou qualquer coisa que se assemelhe à comunicação. Só para se ter uma idéia comparativa, o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa traz mais de 228.000 verbetes (palavras), e a conjugação de 15.000 verbos. Isto mesmo só de verbos existem mais de 15.000 (quinze mil) relatados por este dicionário! A língua inglesa arcaica (como era falada por Shakespeare) tinha mais de 50.000 palavras diferentes, e no Novo Testamento foram utilizadas nada menos que 5.624 palavras diferentes em grego. Não há como se considerar um conjunto de 10 ou 20 ou, mesmo que fossem, 100 vocábulos diferentes como sendo uma língua. Simplesmente não é possível se estabelecer qualquer nível de comunicação lingüística com tão poucas palavras.
Para que tenhamos uma idéia ainda mais clara, somente neste estudo que ora fazemos há em torno de 10.000 palavras, sendo mais de 2.600 palavras diferentes!
É importante que tenhamos em mente que o falar línguas extático, é prática pagã, e existe em praticamente todas as religiões e seitas, do espiritismo ao islamismo, do mormonismo à umbanda.
Todas estas religiões, ou práticas religiosas, alegam possuir o “dom” espiritual de falar línguas estranhas. E muitas, mesmo estando afastadas de Cristo e do Seu Santo Espírito, como o caso dos Mórmons ou dos carismáticos Católicos, alegam possuir o “dom” através de ação do Espírito Santo de Deus. Mais aterrador ainda, é ver um terrorista, com fuzil em punho e máscara sobre o rosto, “falando línguas” (glossolalia), pouco antes de explodir-se em uma lanchonete cheia de crianças.
Hoje, muitos têm perdido a noção de que nem tudo que é espiritual provém de Deus, e que muitas manifestações espirituais, mesmo que assim pareçam, não procedem de Deus, vejamos novamente a advertência que nos faz o apóstolo João:
“Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.” (I João 4:1)
Pequeno Histórico
O falar em línguas extático não se iniciou com Cristãos, na verdade é uma prática muito mais antiga. A primeira referência histórica que se tem de uma fala religiosa frenética remonta a 1.100 a.C. através do relato de Wenamon, onde um jovem adorador do deus Amon, após ter oferecido sacrifícios ao seu deus, foi possesso por ele e iniciou a falar freneticamente. Esta ação, segundo este relato, durou toda uma noite.
Platão demonstrou conhecer o falar em línguas extático ao descrevê-lo em vários de seus diálogos. No Phaedrus ele tratou de famílias que estavam participando de santas orações, ritos e pronunciamentos inspirados. Os participantes eram indivíduos que ao serem possessos perdiam o juízo (perdiam o controle das faculdades mentais, porém não ocorria enlouquecimento). A participação nestes eventos segundo o relato de Platão chegava a produzir a cura física de doenças nos adoradores. A essa “loucura” religiosa ele chamou de dádiva divina. Também afirmava que a profetiza de Delphos e a sacerdotisa de Dodona, quando fora de si, podiam exercer grande influência benéfica sobre certos indivíduos, porém quase nenhuma quando em domínio de suas faculdades mentais. Relatou fatos semelhantes no Ion e no Timaeus. Neste último, relata que quando um homem recebe a palavra inspirada, sua inteligência é dominada ou possessa, e essa pessoa passa a não poder se lembrar do que falou, sendo que estas falas são muitas vezes acompanhadas de visões, as quais a pessoa possessa também não pode julgar, necessitando assim de intérpretes ou profetas para exporem as declarações daquele que tem a fala “inspirada”.
Já Vergílio relata que a sacerdotisa Sibelina adquiriu seu falar extático em visita a uma caverna onde os ventos encanados produziam sons estranhos que pareciam, às vezes, música.
Já a Pitonisa de Delfos é descrita por Crisóstomo2, desta forma:
“…diz-se então que essa mesma Pitonisa, sendo uma fêmea, às vezes senta-se escarranchada na trípode de Apolo, e, por conseguinte, o espírito mau, subindo debaixo e entrando na parte baixa do seu corpo, enche de loucura a mulher, e ela, com o cabelo desgrenhado, começa a tocar o bacanal e a espumar pela boca, e assim, estando num frenesi, fala as palavras de sua loucura”.
A história não registra entre Cristãos a ocorrência de um falar em línguas extático antes do início do século XX, quando do início do pentecostalismo. Porém, em alguns grupos pequenos e isolados, os quais se diziam cristãos, houve a ocorrência de um falar em línguas extático. Vejamos alguns destes que alegaram ter tido este “dom”:
1. Século 19
a. Irvingitas: Sua principal característica era a de criar novas revelações além das presentes na Bíblia Sagrada.
2. Século 18
a. Ann Lee e seus discípulos (Shakers): Falavam em línguas enquanto dançavam…nus!!
b. Jansenitas: Falaram em línguas ao dançarem sobre o túmulo de Jansen…também nus!!
3. Século 17
a. Os Quacres, diziam que a experiência devia julgar a Bíblia e não o contrário, há alguns relatos de que houve glossolalia entre eles.
4. Século 2
a. Montanuenses: também pregavam a contínua revelação e duas classes de crentes, uma superior e outra inferior; Montano, seu líder, alegava ser o próprio Espírito Santo.
Pelo exemplo da postura doutrinária e moral destes que alegaram através dos tempos serem cristãos, e terem falado línguas enquanto em êxtase, podemos afirmar seguramente que não se tratava de verdadeiros Cristãos, pois desdenhavam da palavra de Deus como Sua máxima revelação.
O falar em línguas extático entrou para o Cristianismo, através do movimento pentecostal iniciado por Spurling, Tomlinson e Parham, no início do século XX. Charles Parham foi tido como o pai do pentecostalismo moderno, tendo criado o Lar de Curas Betel e o Colégio Bíblico Betel, o qual ensinava que a evidência do batismo com o Espírito Santo seria sem dúvida a glossolalia. Deste ponto em diante se desenvolveu o movimento pentecostal, perseguindo o batismo com o Espírito Santo e sua evidência visível, a glossolalia. Em 1o de janeiro de 1901, Agnes Ozman, uma das alunas do colégio falou em línguas após ter buscado freneticamente pelo batismo com o Espírito Santo. Ela foi a primeira pessoa dita Cristã a demonstrar a glossolalia.
O movimento pentecostal, teve um crescimento gradual, mas lento, e somente surgiu como um movimento de grandes proporções a partir de meados do século XX. E daí até aos dias de hoje, os distintivos pentecostais, que antes estiveram restritos aos meios pentecostais, começaram a invadir as igrejas tradicionais, e muitas estão sucumbindo a algumas das práticas pentecostais.
Considerações
Frente a estes fatos devemos tecer algumas considerações:
Mesmo tendo claro em nossa mente que muitos crentes sinceros e dedicados têm buscado e apresentado este “dom”, precisamos entender que qualquer experiência que contradiga o que nos é ensinado pela palavra de Deus deve ser considerada como anátema, e devemos nos afastar dela:
“A vós também, que noutro tempo éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou (22) No corpo da sua carne, pela morte, para perante ele vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis, (23) Se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido, o qual foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, estou feito ministro.” (Colossenses 1:21-23)
Bem como devemos estar firmemente fundamentados na Palavra de Deus para através dela podermos ensinar a outros as maravilhosas verdades de nosso Deus:
“Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes.” (Tito 1:9)
Isto posto, prossigamos em analisar este falar em línguas “moderno”:
Segundo as declarações daqueles que dizem possuir o “dom”, este vem acompanhado de ventos, perfumes, tremores, convulsões físicas, sensação de flutuação, choques elétricos, luzes, transpiração (devido ao calor do Espírito Santo), visões, curas, ver e ouvir a Cristo e tocar nele, etc. Algumas ou todas estas coisas podem acontecer concomitantemente à glossolalia. Contudo, não há nenhuma referência no Novo Testamento sobre quaisquer destes eventos como ações concomitantes ao falar em línguas, o que descarta estas experiências adicionais como sendo bíblicas.
Também, segundo testemunho dos que têm apresentado o falar em línguas “moderno”, sua vida se transformou depois de terem começado a demonstrar o “dom”. Mesmo sem compreender as palavras que proferem, surge uma luta interior contra os pecados pessoais, um grande interesse pela igreja, pelo dizimar, pelo aconselhar e pelo falar de Cristo, desejo de estudar a palavra de Deus, e uma grande alegria interior, e alguns chegam a experimentar até curas físicas e mentais.
Claro que os resultados aqui descritos são extremamente desejáveis e recomendáveis a qualquer crente no Senhor Jesus Cristo, contudo devemos ter claramente diante de nossos olhos que o resultado de uma experiência espiritual não constitui um teste válido de sua origem divina. Todas as experiências devem ser julgadas pela Palavra de Deus. O fim não justifica nem revela os meios! Ou uma experiência espiritual está completamente de acordo com a palavra de Deus ou deve ser descartada, por melhor ou por mais promissora que possa parecer!
“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema” (Gálatas 1:8)
A experiência da glossolalia contradiz completamente os ensinos da Bíblia Sagrada com relação ao propósito, duração e natureza do dom de línguas, bem como quanto à regulamentação do seu uso. Logo, este “moderno falar línguas” NÃO pode ser de Deus, pois Deus não contradiz sua palavra:
“Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido.” (Mateus 5:18)
“Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente.” (Hebreus 13:8)
Se encontrarmos uma manifestação legítima de “falar línguas”, veremos que ela estará plenamente de acordo com o estabelecido pelo Espírito Santo ao redigir a Bíblia Sagrada, através da inspiração de homens santos, e veremos que a língua falada então será humana e inteligível, não haverá nenhum evento concomitante dissonante do descrito pela Palavra de Deus, e a ação terá o propósito de edificar o corpo de Cristo como um todo e haverá alguém para interpretá-la (traduzi-la), se for o caso.
E se não for assim, então, a obra não é de Deus, restando então apenas três outras fontes para esta manifestação de erro: o coração humano, Satanás e a fraude, razões estas que veremos em detalhes mais à frente.
O “dom” de línguas é hoje uma febre que tem tomado conta de denominações pentecostais, neopentecostais e dos assim chamados “carismáticos”, evangélicos ou não. Todos estes acreditam que se não for possível falar “línguas estranhas” (ou seja, o falar em êxtase, a glossolalia) não é possível que se alcance a felicidade e a plenitude como cristão, pois não teria havido o batismo com o Espírito Santo, estando este crente, portanto, desprovido do Espírito de Deus, lutando com suas próprias forças para vencer o pecado e todo o mal, em uma situação de total desespero e desalento, sem discernir as coisas de Deus, pois estas se discernem espiritualmente, lutando cego, uma luta em que lhe é impossível obter a vitória, pois todo o poder está em Jesus Cristo e chega a nós através do Seu Santo Espírito. Que triste a condição deste pobre crente, pois, trata-se de engano, já que todo aquele que foi transformado pelo sangue de Cordeiro de Deus recebe o Espírito Santo como selo para o dia da redenção:
“Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. (14) O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória.” (Efésios 1:13-14)
“E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção.” (Efésios 4:30)
“Mas o que nos confirma convosco em Cristo, e o que nos ungiu, é Deus, (22) O qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações.” (I Coríntios 1:21-22)
Mas, por este engano, colocado no coração destas pessoas, tem-se estabelecido uma verdadeira corrida ao “dom”. Daí o enorme desespero e a profunda tristeza que muitos crentes (grande maioria deles, sinceros) enfrenta enquanto não conseguem exibir o tão almejado “dom”.
Razões para o “dom” nos dias de hoje
Como ficou amplamente demonstrado acima o dom de línguas bíblico se refere ao falar línguas humanas e inteligíveis. E sendo assim, como poderíamos explicar que crentes em Cristo, resgatados por Seu sacrifício vicário, tenham apresentado um “dom” que está tão longe da verdade Bíblica? Ou, por outro lado, como explicaríamos pessoas completamente estranhas à Igreja de Cristo, apresentando o mesmo “dom” que estes crentes?
No primeiro caso, uma das explicações possíveis é que isto pode estar sendo causado pela enorme necessidade que o Cristão sente de fazer parte da sua congregação, de estar unido a ela. Esta necessidade pode causar tal pressão sobre o subconsciente desta pessoa que ela passa a apresentar o “dom”, passando assim a ser completamente aceita pelo grupo com o qual congrega.
Uma outra explicação para este mesmo caso, e uma das mais óbvias, é que seria uma falsa ocorrência, uma fraude produzida para enganar. Mas, vamos descartar esta alternativa, enquanto pejorativa, pois, cremos piamente que não há intenção de dolo por parte dos crentes que professam ter este “dom”, eles o têm, e o têm de forma sincera. Mas, podemos imaginar que alguns, por tamanha frustração e infelicidade em seus corações amargurados por não terem ainda apresentado o “dom”, possam chegar a imitar os que apresentam o “dom”, de modo a terem a compensação psicológica que isto lhes venha a dar.
Por outro lado, a glossolalia pode ser (e em muitos casos é) um fenômeno psicologicamente induzido: Pois, ao contrário do que aconteceu no primeiro século, hoje as pessoas são ensinadas a falar em “línguas estranhas”, o que se dá através de uma forma de indução que leva ao delírio e ao êxtase, fazendo então com que a pessoa fale sem parar. É também digno de nota que ninguém seja capaz de executar este “falar línguas” sem que antes o tenha ouvido.
Há ainda a posição duvidosa de certos humanistas, que atribuem a busca pelo êxtase da glossolalia, e de outras práticas concomitantes, à repressão sexual existente no meio Cristão, que coloca o sexo como sendo prática válida somente dentro do casamento. Isto impeliria as pessoas a buscarem dar vazão às suas necessidades através de ações substitutas ao êxtase sexual. Relatam estes humanistas que por diversas vezes estas pessoas chegam ao clímax através do êxtase religioso, satisfazendo-se e dispensando assim as práticas que são proibidas pela doutrina Cristã.
No segundo caso, como foi citado anteriormente, este “fenômeno” ocorre também em meios não evangélicos, como no caso dos católicos carismáticos, de alguns monges orientais e até de esquimós. Poderíamos crer que o Espírito Santo de Deus tenha dado dons espirituais a incrédulos, idólatras e hereges os quais duvidam que a morte do Senhor Jesus tenha sido suficiente para remir nossos pecados? Ou ainda que crêem ser Cristo apenas uma pessoa “iluminada”? Ou que simplesmente nunca ouviram falar de Jesus? Lembremo-nos que os dons são para a edificação do Corpo de Cristo (a Igreja de Jesus) e sendo assim, em que um grupo de idólatras e hereges falando “línguas estranhas” pode vir a edificar este Corpo?
Há também a ocorrência do falar “línguas estranhas” através de inspiração demoníaca. Não são poucas as ocorrências em que demônios falam através de pessoas possuídas:
“Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos?” (Isaías 8:19)
“Porventura a minha palavra não é como o fogo, diz o SENHOR, e como um martelo que esmiuça a pedra? Portanto, eis que eu sou contra os profetas, diz o SENHOR, que furtam as minhas palavras, cada um ao seu próximo. Eis que eu sou contra os profetas, diz o SENHOR, que usam de sua própria linguagem, e dizem: Ele disse.” (Jeremias 23-29-31)
E muitos que falam em nome de Deus, e que clamam em nome do Senhor Jesus, não são de Cristo, e destes o fogo eterno se incumbirá:
“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. (22) Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? (23) E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.” (Mateus 7:21-23)
E há algumas doenças que também podem causar o “dom de línguas estranhas”, como é o caso de certos tumores cerebrais.
Conclusão
Não nos deixemos enganar pelo inimigo. Esta febre chamada de “dom de línguas” tem provocado a divisão de muitas igrejas. Este alegado “dom” que deveria ser uma bênção, algo para a edificação do corpo de Cristo, está na verdade enfraquecendo e dividindo as igrejas de nosso Senhor Jesus, e está levando crentes ao vício das “línguas estranhas”, e ficam de tal forma transtornados, que perdem completamente a razão, a ponto de que caso seja provado – biblicamente – o seu erro, como o foi acima, abandonam prontamente a palavra de Deus em favor de uma experiência de “maior espiritualidade”, alegando que a Bíblia Sagrada está limitando o poder de Deus, e que esta experiência, este “dom”, é a verdadeira revelação de Deus aos homens, e qualquer que não a tenha experimentado não pode ser considerado como verdadeiro Cristão. Esquecem-se eles que o coração humano é traiçoeiro e perigoso, e não merece confiança:
“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jeremias 17:9)
Citando Iain H. Murray: “Nossa visão de Deus precisa ser controlada não pelo que vemos no mundo, mas pelo que a Bíblia nos autoriza a crer.” E como disse Erroll Hulse: “Toda experiência precisa ser subordinada à disciplina das Escrituras.”
Repetindo: todos os dons são dados por Deus para que sejam úteis ao corpo de Cristo como um todo. E qual tem sido a utilidade deste dito “dom”, além de provocar a divisão e a discórdia?
“Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil.” (I Coríntios 12:7)
Finalmente, tenhamos muito cuidado nestes tempos de apostasia, pois há muitos que tentarão nos enganar:
“Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Eis que eu vo-lo tenho predito.” (Mateus 24:24-25)
E estejamos firmes, perseverando naquilo que de Cristo recebemos:
“… Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; (32) E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8:31-32)
“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor.” (Efésios 4:11-16)

O Falar em Línguas, Hoje – Apêndice A (A Língua dos Anjos)
Autor: Walter Andrade Campelo
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. (2) E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.” (I Coríntios 13:1-2 ACF1)
Introdução
A questão da existência ou não de uma língua falada pelos anjos é uma questão interessante e que merece uma atenção especial de nossa parte.
Há consenso entre os cientistas que uma das formas mais simples de se reconhecer a presença de inteligência em uma determinada espécie, e qual é o seu nível de desenvolvimento, é através da existência ou não de comunicação entre os indivíduos desta espécie. Quanto mais complexa for esta comunicação, maior é a inteligência atribuída aos que a executam.
Por exemplo, os golfinhos são reputados como tendo grande inteligência, e isto pode ser verificado através do fato deles se comunicarem entre si através de um complexo sistema de sons. Ainda não foi possível à ciência desvendar sua língua, mas, é possível determinar com precisão que é bastante complexa, composta de diversas estruturas construtivas que formam seu padrão de comunicação.
A Existência da Língua dos Anjos
Verificamos através da Palavra de Deus que os anjos são seres de grande inteligência, capazes de executar tarefas extremamente complexas, capazes de falar aos homens não importando qual a língua da pessoa com quem estão falando, enfim, seres que são poderosos também em seus atributos intelectuais. Assim, usando de raciocínio semelhante ao anteriormente apresentado, entendemos que os anjos têm uma ou mais línguas próprias, através das quais se comuniquem entre si. Também através deste mesmo raciocínio, podemos ter certeza de que é extremamente rica e complexa.
Não queremos entrar no mérito de serem estas línguas mais complexas que as línguas humanas, mas, podemos ter absoluta convicção de que elas têm pelo menos o mesmo nível de complexidade da mais simples língua humana existente, pois, menos que isto, impediria a comunicação dos anjos com os homens, além do que, denotaria uma falta de desenvolvimento intelectual por parte dos anjos, o que sabemos pela Palavra de Deus não ser verdade.
O que o apóstolo Paulo estava dizendo
O apóstolo Paulo, em seu texto em I Coríntios 13, está exortando aquela Igreja, que em uma demonstração de falta de Cristianismo, estava falando em vários idiomas desconhecidos por aquelas pessoas, afrontando com isto os que eram indoutos e aqueles que procuravam a Igreja a fim de conhecer a mensagem do Evangelho.
Algumas coisas ficam claras por parte do texto:
1. O apóstolo Paulo não falava línguas de anjos. Isto fica indicado pelo condicional da frase: “Ainda que eu falasse.”
2. Mesmo na possibilidade (que não havia) de alguém falar as línguas faladas pelos anjos ao se comunicam uns com os outros, ainda assim, sem amor, não teria qualquer valor.
3. Segue o apóstolo dizendo que se tivesse fé suficiente para transportar os montes, sem amor, nada seria.
Seria algo tão glorioso falar-se em todas as línguas dos homens e dos anjos quanto seria transportar os montes através da fé. São eventos colocados pelo apóstolo lado-a-lado como sendo equivalentes.
É a glossolalia a Língua dos Anjos?
Alguns têm afirmado que a atual glossolalia é a língua dos anjos. A glossolalia é um falar em êxtase, composto de 10 ou 20 vocábulos combinados de 20 ou 30 formas distintas. Na verdade a glossolalia não passa de uma série de sílabas desconexas, colocadas ao acaso, sem a formação de estruturas lingüísticas definidas. E isto a desqualifica primeiramente como uma língua, já que não tem nenhuma das estruturas necessárias para ser assim considerada, e deste modo, isto também a desqualifica como sendo uma das línguas dos anjos.
Devemos estar cientes de que os lingüistas são capazes de observar em uma comunicação falada estruturas como substantivos, expressões adverbiais, pronomes, adjetivos, conjunções, preposições, etc. Assim, se as pessoas que alegam falar a língua dos anjos estivessem de fato falando uma língua poderíamos reconhecê-la como sendo uma língua verdadeira e real, ainda que celestial, o que definitivamente não acontece.

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