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Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Elohim verdadeiro, e a Yeshua o Messias, a quem enviaste. JOÃO 17:3
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O que é nascer de novo?

 

O que é nascer de novo?

O que é nascer de novo? Recentemente observei grande discussão a respeito da questão do “novo nascimento”, e do diálogo entre Yeshua e Nakdimon (Nicodemos). Resolvi, portanto, fazer este pequeno estudo. Essa é uma das expressões onde o Cristianismo faz a maior salada, sem necessidade, e devido simplesmente a ignorar por completo o contexto judaico das Escrituras. O “novo nascimento” se tornou para o Cristianismo praticamente um momento místico onde a pessoa “se converte” à nova religião, ou crê que foi “regenerada”, ou “salva”. Mas será que é isso que Yeshua veio ensinar? O estudo bíblico mais aprofundado mostra claramente que Yeshua não inventou nada. Ele veio legitimar tudo aquilo que YHWH já havia dito, veio corrigir distorções de interpretação e prática dentro do Judaísmo. E veio viver profeticamente toda a plenitude da revelação do plano de YHWH, descrito no Tanach. Isto posto, vamos analisar a questão entre Nakdimon (Nicodemos) e Yeshua. Temos o seguinte diálogo entre os dois: Respondeu-lhe Yeshua: Amen, Amen e Eu te digo que alguém que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Elohim. Perguntou-lhe Nakdimon: Como pode um homem nascer, sendo velho? Por acaso pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Amen, Amen, e Eu te digo que se alguém não nascer da água e da Ruach, não pode entrar no Reino de Elohim. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido da Ruach é espírito. Não te admires de Eu haver dito: Necessário vos é nascer de novo.” (Yochanan 3:3-7) A chave para entendermos esta passagem está em duas frases… A primeira frase-chave é a última passagem da citação acima. Repare que Nakdimon (Nicodemos) não riu de Yeshua nem achou que Yeshua estava louco dizendo que ele deveria nascer de novo. Os cristãos acham logo que a questão é superficial. Mas não devemos nos esquecer de que Yeshua estava perante um rabino, argumentando com um mestre. O que teria feito um grande rabino se admirar com a resposta de Yeshua? A segunda frase-chave é a frase que Yeshua diz quando Nakdimon (Nicodemos) demonstra estar confuso. Yeshua lhe diz: “Tu és mestre em Israel, e não entendes estas coisas?” (Yochanan 3:10) Yeshua não estava sendo sarcástico! Ele realmente esperava que Nakdimon (Nicodemos) o compreendesse. Se ele esperava isso, então isso significa que Ele estava usando conceitos com os quais Nakdimon deveria estar familiarizado. Se Yeshua estivesse ensinando este novo conceito místico certas vezes descrito nas igrejas, então é óbvio que Nakdimon (Nicodemos), por mais bem-preparado e sincero que fosse, não conheceria o conceito: a pergunta de Yeshua perderia o sentido. Fica bem claro então, pelo próprio texto, que Yeshua estava usando um conceito comum a um rabino do primeiro século. Mas que conceito seria esse? Afinal, o que Yeshuá quis dizer? A resposta está no que um rabino do 1º século entenderia por nascer de novo. É importante ressaltar que o Judaísmo do 1º século era, em alguns aspectos, muito distinto do Judaísmo atual. Uma das principais diferenças era o forte caráter proselitista do mesmo. O Judaísmo Parush (precursor do Judaísmo Ortodoxo moderno) era extremamente proselitista. Ora, Nakdimon (Nicodemos), como um rabino importante como pudemos ver anteriormente, certamente estaria familiarizado com os rituais judaicos de conversão. A questão do prosélito e o novo nascimento Para o Judaísmo Parush, e este conceito foi herdado pelo Judaísmo Ortodoxo, um gentio que se tornasse prosélito e se convertesse ao Judaísmo deveria “morrer” para a sua natureza gentílica e “renascer judeu”. O seu renascimento como judeu seria o primeiro passo para um relacionamento com o Reino do Eterno. Mas como era simbolizado este “renascimento espiritual”? Através da tevilá, isto é, da imersão nas águas do mikveh (o banho ritual) _ que posteriormente o Cristianismo passou a chamar de “batismo”. Até hoje, o conceito de que um prosélito precisa “nascer de novo nas águas” permanece no Judaísmo. Vejamos algumas evidências: O prosélito é considerado como uma criança recém-nascida… (vide Shulchan’Aruk, Yoreh De’ah, 269; ‘Yad,’ Issure Biah, xiv. 13)… O conceito do novo nascimento do prosélito (Yeb. 62a; Yer. Yeb. 4a) e de seu novo status com relação à sua antiga família é assunto de muitas discussões haláquicas (Yeb. xi. 2; Yer. Yeb. I.C., et al.) _ Enciclopédia Judaica (sobre ‘Prosélitos’) Que ato físico poderia uma pessoa realizar para simbolizar uma mudança radical de coração, um comprometimento total? Existe um sinal tão dramático, dinâmico e totalmente abrangente que poderia representar a mudança radical de um converso ao Judaísmo? … Submergindo em um corpo de água pelo propósito não de usar as propriedades físicas de limpeza da água, mas para expressamente simbolizar uma mudança na alma é uma declaração tanto profundamente espiritual quanto imensamente inspiradora… A água do mikveh é concebida para limpar ritualmente uma pessoa dos atos do passado. O convertido é considerado pela lei judaica como sendo uma criança recém-nascida. Ao limpar espiritualmente o convertido, a água do mikveh o prepara para confrontar a o Eterno, a vida e as pessoas com um espírito renovado em com novos olhos. Ela [a água] limpa o passado, deixando somente o futuro. [Rabino Maurice Lamm]. O espanto de Nakdimon Agora podemos perceber claramente o porquê do espanto de Nakdimon (Nicodemos). Lá estava Yeshua perante um grande rabino _ possivelmente um dos maiores de Israel naquela época _ e Yeshua dizia a ele que ele precisava nascer de novo! A resposta de Nakdimon (Nicodemos) expressa este choque, e demonstra o quanto ele acreditava que sua mera condição racial o isentava na questão: Entrarei novamente no ventre da minha mãe? Ou seja, ele estava dizendo: “Ei, eu já nasci judeu! Vou então voltar ao ventre materno?!” Repare agora na última parte da citação selecionada do rabino Maurice Lamm. Veja que a imersão tinha como propósito demonstrar a disposição da pessoa a fazer teshuvá, isto é, um retorno dos seus maus caminhos. É preciso começar de novo, com uma “ficha limpa”. Daí a ideia da imersão “apagando o passado”. O que Nakdimon (Nicodemos) possivelmente não enxergava era que até mesmo um parush (fariseu), isto é, alguém super zeloso para com a Torah, poderia precisar de uma ficha limpa. A arrogância espiritual da auto-suficiência no zelo, possivelmente até despercebida, era o ponto fraco de Nakdimon (Nicodemos), ao qual Yeshua estava se referindo. Ele estava dizendo: “Até você, que se orgulha de viver na Torah, precisa se arrepender e se voltar a o Eterno!” Mas, será que o restante do contexto apoia a nossa conclusão? Nascido na água e da Ruach Em seguida, temos outra famosa frase de Yeshua em que Ele se refere ao fato de que só veremos o Reino de Elohim se nascermos da água e da Ruach (Espírito). Agora, o contraste entre água e espírito também não era nenhuma novidade para Nakdimon (Nicodemos). Vejamos o que diz Yechezkel HaNavi (o profeta Ezequiel): “Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne.” (Yechezkel 36:25-26) Repare que o profeta compara o novo espírito com a questão da “circuncisão do coração”, que a Torah aborda e que Sha’ul [Paulo] reforça. A circuncisão do coração nada mais é do que a kavaná, isto é, a intenção do coração. Yeshua mesmo, em outras ocasiões, confirmou o conceito de que a origem de nossos atos e, portanto, a fonte de tudo está no coração. O paralelo de Yeshua Vemos aqui então o paralelo traçado por Yeshua. Ele vai além de sugerir uma imersão a Nakdimon (Nicodemos), ele sugere ainda uma teshuvá (retorno) do coração ao Eterno. Isso para um homem orgulhoso como Nakdimon (Nicodemos) era demais, e por isso ele não conseguiu entender algo que era tão claro: que ele, judeu observante da Torah, precisava se arrepender dos seus pecados e buscar a face do Eterno tanto quanto um helenista pagão. Afinal, este era um dos principais problemas de alguns p’rushim: atos externos de aparente santidade enquanto o interior estava distante do Eterno. Re-analisando portanto o paralelo de Yeshua, vemos que Ele disse que Nakdimon (Nicodemos) precisaria nascer da água (isto é, ter uma atitude de arrependimento e almejar “começar de novo”) e do espírito (isto é, ter um coração voltado para o Eterno). Agora começa a fazer sentido todo o contexto geral. E vemos que é exatamente isso que o Eterno vem pedindo de Israel desde os primórdios da Torah. Nada mudou quanto à expectativa dEle, porque Ele não muda. Yeshua encerra dizendo que quem é “nascido da carne é carne” e quem é “da Ruach é espírito”. Ou seja, ele diz a Nakdimon claramente: Nakdimon, não estamos aqui falando de descendência física, mas sim de uma regeneração do seu interior! Reconstruindo o dialogo entre Yeshuá & Nakdimon Se fôssemos reconstruir o diálogo entre Yeshua e Nakdimon, utilizando a linguagem de hoje e mantendo a mesma ideia, o mesmo seria mais ou menos da seguinte forma: Yeshua: [c/autoridade*], Eu te digo que se você não fizer uma imersão simbolizando que está deixando para trás os seus pecados, não verá o Reino de o Eterno; Nakdimon: Imersão? Como você pode dizer isso? Eu já sou judeu de nascimento! Como vou entrar de novo no ventre da minha mãe para renascer judeu? Yeshua: [c/autoridade*], Eu te digo que se você não demonstrar exteriormente que fez teshuvá (retorno) em seu coração, não vai entrar no Reino de o Eterno. Não estou falando de ser judeu fisicamente, mas sim de ser regenerado espiritualmente. Não fique surpreso se Eu te digo que você precisa fazer teshuvá (retorno). * O uso da expressão “ “Amen, Amen” representa a grande autoridade que Yeshua demonstrava nesta ocasião. O entendimento cristão versus o entendimento do Judaismo do Caminho Segue um pequeno resumo da diferença aqui demonstrada de como um cristão, que enxerga esta passagem desconectada de seu contexto judaico, encara a questão, e como um Israelita do Caminho vê a questão. Para um cristão: Yeshua se referia a uma experiência nova; O novo nascimento é o ato de “ser salvo aceitando a Yeshua”; Nakdimon não tinha como saber do que Yeshua estava falando (e provavelmente não era muito esperto se a pergunta dele sobre voltar ao ventre foi literal); Nascer da água é ser batizado e nascer da Ruach é ser “batizado no Espírito Santo”; O novo nascimento é um fenômeno puramente de fé. Para Isrealita do Caminho: Yeshua se referia ao mesmo objetivo que o Eterno sempre teve de que todos se voltem a Ele; O novo nascimento é a teshuvá, isto é, retorno ao Eterno. O novo nascimento não é a “salvação”. A salvação é consequência do novo nascimento; Nakdimon sabia do que Yeshua estava falando, mas sua arrogância espiritual o cegava quanto à necessidade de uma pessoa “religiosa” se arrepender; “Nascer da água e do espírito” é uma figura de linguagem usada por Yeshua para expressar os dois aspectos da teshuvá: a demonstração externa (água) de um processo interno (espírito), exatamente como é no caso de um prosélito do Judaísmo; O novo nascimento envolve fé e atitude de vida Conclusão: o que é o novo nascimento Em poucas palavras, nascer de novo é estar disposto a começar com uma “ficha limpa”. Isto é: deixar para trás uma vida de pecado e distanciamento do Eterno, e abraçar a pureza original. Ou seja: voltar a desejar viver uma vida reta, no serviço dEle. Contudo, o mais importante de tudo: por amor a Ele, com o coração circuncidado, isto é, voltado para a nossa aliança com Ele. O novo nascimento não é uma experiência transcendental, nem é “um momento” ou mesmo “um ato”, e sim uma atitude de vida. Esse novo nascimento nos conduz a Yeshua HaMashiach, que nos leva à vida eterna em YHWH.

Postado por RUFINO COSTA

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