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Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Elohim verdadeiro, e a Yeshua o Messias, a quem enviaste. JOÃO 17:3
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O que é o bicho que não morre?

O que é o bicho que não morre?

O bicho que não morre – Outra passagem que os imortalistas costumam lançar mão na tentativa de colocarem o horror do tormento eterno na Bíblia é a de Marcos 9:47-48, que diz:“E, se o teu olho te escandalizar, lança-o fora; melhor é para ti entrares no reino de Deus com um só olho do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno, onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga” (cf. Mc.9:47,48). Já conferimos que a linguagem do “fogo que não se apaga” em nada alude à ideia de um tormento eterno, mas favorece incontestavelmente a tese bíblica do aniquilacionismo com efeitos eternos (o que você pode conferir clicando aqui), como ocorreu em absolutamente todas as ocasiões em que semelhante linguagem foi empregada na Bíblia.

Mas e quanto ao “bicho que não morre”? Seria essa uma evidência bíblica da existência de bichos imortais? Duas coisas temos que frisar aqui logo de cara. Em primeiro lugar, o texto não diz que o bicho nunca morrerá, mas que “não morre”, o que não indica necessariamente um processo eterno de existência, mas que não morre por um tanto indeterminado de tempo, ou seja, até que seus corpos sejam completamente consumidos.

E, em segundo lugar, o sentido do texto é obviamente hiperbólico, pois nestes mesmos versos Cristo afirma para arrancar os olhos ou cortar pernas e braços para entrar no Reino dos céus. Será que por isso no Reino haverá caolhos, manetas e pernetas? Será que a vontade de Deus é de amputar membros do corpo físico, que é o templo do Espírito Santo (cf. 1Co.6:19)? Logicamente Jesus estava apenas fazendo uso de hipérbole neste contexto, e não sendo literal. Não existe um verme que seja imortal, da mesma forma que não temos que amputar literalmente nossos membros para entrarmos no Céu.

Em terceiro lugar, é importante mencionar que não há qualquer referência bíblica de que um “verme” ou “bicho” possa ganhar imortalidade. Se os seres humanos não possuem alma imortal, os bichos muito menos. De fato, os próprios imortalistas reconhecem que os bichos não são imortais, pois Salomão nos diz que eles morrem (cf. Ec.3:19) e voltam ao pó (cf. Ec.3:20), e que seu espírito “desce” na morte (cf. Ec.3:21), indicando que não há ressurreição futura para eles. Se o bicho não é imortal, como os imortalistas interpretam essa passagem?

Boa parte deles entendem a expressão “o seu bicho” como se referindo “ao seu corpo”, dizendo que o corpo humano dos ímpios não morreria, e não que existiriam “bichos imortais”. Contudo, tal alegação esbarra no fato de que absolutamente nunca a Bíblia se refere ao nosso corpo como sendo um “bicho” ou “verme”, como traduziram este verso. Em outras palavras, os imortalistas querem colocar na Bíblia uma expressão que ela nunca diz quando se refere ao corpo.

Se o corpo fosse de fato um “bicho” ou um “verme”, seria imprescindível que qualquer um dos inúmeros escritores bíblicos tivesse expressado tal condição em qualquer um dos 66 livros da Sagrada Escritura, mas como nenhum deles em qualquer ocasião se referiu desta forma fica óbvio que essa tentativa não passa de uma visão tendenciosa do texto bíblico, quando os imortalistas tentam fazer eisegese e não exegese no texto, e quando se veem desesperados ao ponto de terem que dizer que o verme não é verme e o bicho não é bicho, mas que é o nosso corpo, mesmo que nunca a Bíblia tenha se referido ao nosso corpo como sendo um verme!

Essa evidente contradição se vê ainda mais forte quando deparamos isso com o relato bíblico de que o nosso corpo não é um “bicho” ou um “verme”, como se fosse uma coisa desprezível qualquer, mas é o templo do Espírito Santo (cf. 1Co.6:19). O próprio Senhor Jesus foi dotado de um corpo quando se fez homem e habitou entre nós (cf. Hb.10:5). Seria absurdo alegar que aquilo que é considerado templo do Espírito Santo e que foi morada do próprio Cristo na terra fosse um “verme” ou um “bicho” qualquer. Essa visão despreza o valor do corpo, que Paulo diz que deve ser apresentado a Deus (cf. Rm.12:1). O que deve ser apresentado a Deus como um “sacrifício vivo, santo e agradável” não é um verme ou um bicho qualquer, mas o templo do Espírito Santo, onde o próprio Deus faz morada.

Outros imortalistas vão ainda mais longe em suas imaginações férteis e afirmam que este “verme” é a própria alma, como se Cristo estivesse igualando esse “bicho” à própria “alma” em si e não soubesse diferenciar “bicho” e “alma” (como se fossem a mesma coisa), como se Deus tivesse criado uma alma imortal para depois chamá-la de “verme”! O que detona de uma vez por todas com essas interpretações malucas de que o “bicho” seja uma referência ao próprio corpo ou à alma é o significado da palavra empregada originalmente por Jesus, que é skolex, que, de acordo com o léxico da Concordância de Strong, significa:

4663 σκωληξ skolex
de derivação incerta; TDNT – 7:452,1054; n m
1) verme, espec. aquele tipo que depreda cadáveres.

O The NAS New Testament Greek Lexicon segue nessa mesma linha e define skolex como sendo “um verme, especificamente aquele tipo que ataca os cadáveres”[1]. Como vemos, os léxicos do grego não dão como significado possível para skolex o próprio corpo ou a alma, o que nos ajuda ainda mais a refutarmos tal interpretação imortalista, que não é apoiada em nenhum lugar das Escrituras e em nenhum léxico do grego – ou seja, é “apoiada” apenas em suas próprias imaginações. O fato é que Cristo não apenas citou um verme, mas um tipo específico de verme, especialmente ligado àqueles que depredam cadáveres, que atacam corpos mortos. E isso nos leva ao quarto lugar: Cristo não falava de almas humanas vivas, mas de meros cadáveres! E isso fica claro pelo fato de Jesus ter usado este texto de Isaías, que originalmente disse:

“Sairão e verão os cadáveres dos que se rebelaram contra mim; o seu verme não morrerá, e o seu fogo não se apagará, e causarão repugnância a toda a humanidade” (cf. Isaías 64:24)

Note que Isaías não contemplava almas imortais em meio às chamas, nem espíritos incorpóreos queimando eternamente, mas cadáveres, ou seja, pessoas já mortas, que perderam a vida! A palavra empregada por Isaías foi peger, que significa:

06297 peger
procedente de 6296; DITAT – 1732a; n. m.
1) cadáver, carpo morto, monumento, estela.
1a) cadáver (de homem).
1b) carpo morto (de animais).

Portanto, Isaías em nada falava de um tormento eterno para almas imortais com corpos ressurretos incorruptíveis para serem eternamente refratários ao fogo, mas sim cadáveres, isto é, corpos já mortos! E Jesus seguiu exatamente essa mesma linha, pois citou o texto de Isaías, dizendo que “o seu verme não morrerá”. Esse verme em nada tem a ver com o próprio corpo humano ou com a alma humana, mas diz respeito ao tipo de verme que depreda cadáveres, porque o texto bíblico fala de cadáveres e não de almas!

Ora, o geena, como já vimos, era o nome dado ao Vale de Hinon, que se localizava ao sul de Jerusalém. Era um verdadeiro “lixão público”, local onde se deixavam os resíduos, bem como toda a sorte de cadáveres de animais e malfeitores, e imundícies de todas as espécies, recolhidas da cidade. Neste local era aceso um “fogo que nunca se apagava”, pelo fato de que estava constantemente aceso, tendo em vista que suportava todos os tipos de lixo e carniça que eram ali despejados. Os dejetos que não eram rapidamente consumidos pela ação do fogo eram consumidos pela devastação dos vermes que ali se achavam, que devoravam as entranhas dos cadáveres dos impenitentes que lá eram lançados, em um espetáculo realmente aterrador.

E é este cenário que Isaías contemplava como o juízo final, e de que Jesus fez menção. Não era um cenário onde almas imortais com corpos incorruptos ressurretos eram atormentadas eternamente em meio às chamas, mas onde cadáveres (i.e, corpos de pessoas já mortas, aniquiladas) são lançados para serem devorados pelos skolex (tipo específico de verme que ataca cadáveres). Essa visão, portanto, é totalmente condizente com o aniquilacionismo, pois somente deste jeito que Jesus e Isaías estariam contemplando cadáveres de pessoas já mortas, aniquiladas, e não almas imortais com corpos vivos e incorruptíveis.

Um judeu da época de Cristo podia entender isso perfeitamente, pois conhecia o texto de Isaías de onde Jesus fazia menção e sabia bem aquilo que era o geena, pois conviviam com o Vale de Hinon ao sul de Jerusalém, mas um imortalista de séculos posteriores, que nada sabe de nada disso, consegue facilmente contradizer o ensino claro de Cristo a este respeito, através de uma exegese pobre e superficial que distorce completamente aquilo que foi dito, conseguindo enganar os mais incautos.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)

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