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Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Elohim verdadeiro, e a Yeshua o Messias, a quem enviaste. JOÃO 17:3
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Devemos Adorar Somente o Pai ou Podemos Adorar Também a Jesus?

Devemos Adorar Somente o Pai ou Podemos Adorar Também a Jesus?

De acordo com a Bíblia o único Deus que pode ser adorado é Yahweh, Criador dos céus e da terra, nosso Pai Eterno. A Bíblia proíbe a adoração de outros deuses e de representações materiais do Deus verdadeiro (ídolos). Ao mesmo tempo lemos que Jesus Cristo foi adorado enquanto esteve nesta terra e que ele é digno de adoração.
Muitos trinitarianos afirmam que o fato de termos que adorar a Jesus significa que ele também é Deus no sentido absoluto ou, pelo menos, faz parte de uma entidade coletiva chamada Deus, a Trindade, que deve ser louvada e adorada.
Para esclarecer este ponto é necessário primeiramente avaliar com atenção o significado da adoração bíblica. No que consistia a adoração nos tempos bíblicos? Como os profetas e apóstolos que escreveram a Bíblia entendiam a adoração? Como era feita a adoração? Quem podia ser adorado?
No Velho Testamento a palavra hebraica traduzida por “adorar” é shachah e sua equivalente grega presente no Novo Testamento é proskuneo. Significam prostrar-se diante de alguém, render honra, prestar reverência e homenagem a alguém em admiração e reconhecimento de sua posição hierárquica superior.
Vejamos alguns exemplos onde a palavra shachah é mencionada com relação à adoração do único Deus verdadeiro:
“Adorai (shachah) ao Senhor na beleza da sua santidade.” – Salmos 96:9.
“E acontecerá que desde uma lua nova até a outra, e desde um sábado até o outro, virá toda a carne a adorar (shachah) perante mim, diz o Senhor.” – Isaías 66:23.
A palavra shachah aparece aproximadamente 170 vezes no Velho Testamento. Em aproximadamente 100 vezes é traduzida como “adorar” e em praticamente todas as demais ocorrências é traduzida como “prostrar-se”, “inclinar-se” ou um verbo semelhante.
O verso que proíbe a adoração de imagens de escultura (Êxodo 20:5) é um exemplo onde shachah é traduzida de forma diferente em duas versões da Bíblia:
“Não as adorarás (shachah), nem lhes darás culto; porque eu sou o Senhor, teu Deus…” – Êxodo 20:5 (João Ferreira de Almeida – Edição Revista e Atualizada)
“Não te prostrarás (shachah) diante desses deuses e não os servirás, porque eu, Iahweh teu Deus …” – Êxodo 20:5 (Bíblia de Jerusalém)
Note que cada versão traduziu shachah de uma maneira. A edição Revista e Atualizada de JFA traduziu shachah como “adorar” enquanto a BJ traduziu como “prostrar-se”. “Prostrar-se” e “adorar”, como vimos, são duas traduções válidas para a palavra shachah.
Independentemente da tradução adotada por uma ou outra versão bíblica a palavra shachah significa sempre prestar homenagens e render honras a alguém superior prostrando-se diante desta autoridade. Shachah sempre implica que o sujeito da ação reconhece a superioridade e autoridade da pessoa que é objeto da ação. O elemento motivador que justifica a ação shachah é o reconhecimento da superioridade e autoridade do objeto da ação e o desejo de prestar homenagens a esta pessoa.
A palavra “adoração” em nosso idioma é muito forte e tem um sentido único e absoluto aplicável somente a Deus. Isto é verdade no sentido de que há um tipo de adoração exclusiva ao Deus Todo Poderoso, o Pai. Ele é nosso único Deus e, portanto, só Ele deve ser adorado ou reconhecido como o Todo Poderoso e Eterno Deus. A adoração devida ao único Deus não é devida a ninguém mais.
Já a palavra shachah é mais ampla em seu sentido e não se aplica apenas para a adoração do único Deus verdadeiro. Um exame mais profundo da cultura judaica antiga como descrita nas Escrituras Sagradas revelará que a adoração expressa pela palavra shachah envolvia possibilidades mais abrangentes de reconhecimento de autoridade e rendição de honras. Shachah era um ato feito também por homens que reconheciam a supremacia e autoridade de outros homens ou de seres celestes e, como consequência deste reconhecimento, prostravam-se (shachah) diante deles. Isso pode soar bastante estranho para um cristão no século 21, mas era uma prática comum nos tempos bíblicos. Vejamos alguns exemplos que confirmam este fato:
Ló “adorou” / “prostrou-se” (shachah) com o rosto em terra diante de dois anjos (Gênesis 19:1). Neste momento você poderá questionar “minha Bíblia não diz que Ló adorou os anjos, diz apenas que ele se prostrou”. Lembre-se de que esta foi uma opção do tradutor. De fato, quando o objeto de adoração é um ser humano ou um anjo os tradutores preferem traduzir shachah como “prostrar-se”. Por convenção eles traduzem shachah como “adorar” apenas quando a concessão de homenagens é feita a Deus ou a Jesus. Mas deve ficar bem claro que o verbo no original era o mesmo. O mesmo verbo usado para descrever a ação de Ló diante dos anjos é o verbo usado em Salmos 96:9 e Isaías 66:23 para descrever a adoração ao único Deus verdadeiro. Isto prova que a palavra hebraica shachah tem um sentido mais amplo e abrangente do que a palavra “adoração” em nosso idioma. Vejamos mais exemplos que confirmam este sentido abrangente de shachah:
Abraão “adorou” / “prostrou-se” (shachah) diante dos líderes de uma terra estrangeira (Gênesis 23:7, 8 e 12). Jacó “adorou” / “prostrou-se” (shachah) sete vezes diante de Esaú, seu irmão (Gênesis 33:1-3). Os irmãos de José também “adoraram” ou “prostraram-se” (shachah) diante de José (Gênesis 43:26). Josué “adorou” / “prostrou-se” (shachah) diante de um anjo (Josué 5:14). Rute “adorou” / “prostrou-se” diante de Boaz (Rute 2:10). Davi “adorou” / “prostrou-se” diante de Jônatas (I Samuel 20:41) e Abigail “adorou” / “prostrou-se” diante de Davi (I Samuel 25:41).
A atitude de adoração e reverência expressa pelo termo shachah era adequada sempre que houvesse uma diferença hierárquica e de autoridade entre o ser que prestava a homenagem e o ser que era objeto deste reconhecimento. É importante destacar que estas pessoas que se inclinavam em reverência diante de outras ou diante de anjos não estavam pecando ou desagradando a Deus. Elas simplesmente estavam reconhecendo a autoridade daqueles indivíduos. É este reconhecimento de superioridade e desejo de prestar homenagens que está implícito no termo shachah. Estes grandes homens de Deus como Davi, Abraão, Jacó e seus onze filhos não pretendiam prestar uma homenagem àquelas pessoas como se elas estivessem no lugar de Deus ou como se elas fossem outros deuses além do único Deus. Deve ficar bem claro que a ação expressa pela palavra shachah é um ato de reconhecimento de superioridade e rendição de homenagens cujo objeto da homenagem poderia ser homens ou anjos desde que estes não fossem adorados como deuses.
Apesar da “adoração” (shachah) de homem para homem ser parte da cultura do povo de Israel, existia e ainda existe um tipo de adoração exclusiva para o Deus Todo Poderoso. Embora não exista uma palavra exclusiva no hebraico ou no grego para exprimir este tipo exclusivo de adoração sabemos que a adoração do homem para com o único Deus consiste na submissão e reconhecimento que Ele é o único Deus verdadeiro e não há ninguém que possa ocupar este lugar.
No Novo Testamento temos dois casos interessantes de pessoas que recusaram a reverência e homenagens descritas através de proskuneo, equivalente grego de shachah: Pedro recusou a adoração de Cornélio (Atos 10:25 e 26) e o anjo recusou a adoração do apóstolo João (Apocalipse 19:10). Em ambos os casos os que rejeitaram a adoração argumentaram que não havia diferença de status entre eles que justificasse tal homenagem. Pedro alegou a Cornélio que ambos eram homens, ou seja, estavam no mesmo nível. O anjo também recusou a adoração de João alegando que era conservo dele e de todos os demais profetas, ou seja, o anjo colocou-se no mesmo nível de João, um mensageiro de Deus. As atitudes de Cornélio e do apóstolo João também não devem ser encaradas como uma quebra do primeiro ou segundo mandamentos. Como já dissemos era costume render homenagens prostrando-se (shachah / proskuneo) diante de seres que não fossem necessariamente o Deus Todo Poderoso, o Pai.
Tomando o sentido bíblico da palavra shachah é possível reconhecer a superioridade e homenagear quaisquer outras autoridades que não sejam o único Deus verdadeiro, desde que não as reconheçamos como deuses ou representações físicas de Deus. Podemos, por exemplo, exercer o shachah diante de nossos pais terrenos reconhecendo a honra e superioridade deles em autoridade e desejando de todo o coração render homenagens ao nosso pai e à nossa mãe.
Diante do entendimento da adoração bíblica (shachah e proskuneo) fica claro qual deve ser nosso dever de adoração diante de Deus e também diante de Jesus. Apenas o Pai pode ser adorado ou reconhecido como o único Deus verdadeiro e Todo Poderoso. Mas tendo em mente o sentido amplo da ação descrita por shachah e proskuneo podemos e devemos adorar, render homenagens e nos prostrarmos diante de Jesus Cristo, pois ele é digno de adoração e homenagens já que o reconhecemos como sendo o Filho de Deus, o ungido do Pai, nosso Salvador que recebeu do Pai toda a autoridade no céu e na terra.
“E outra vez, ao introduzir no mundo o primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem.” – Hebreus 1:6.
“Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é sobre todo nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.”- Filipenses 2:9 a 11.
Que Deus seja louvado e adorado pois é o Deus Todo Poderoso. Que Jesus Cristo seja adorado e homenageado pois é Filho de Deus, nosso grande Salvador.
Ricardo Nicotra

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