Contestando a Doutrina da Trindade
Versos com Deus, Jesus e o Espírito
Alguns versos do Novo Testamento citam Deus Pai, Jesus e o Espírito. Os defensores da teoria da trindade usam tais versos para tentar provar que o Espírito Santo é uma pessoa assim como o Pai e como Jesus. Então alegam que tais versos comprovam a existência da trindade. Vejamos alguns exemplos.
O Batismo de Jesus
“Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o me Filho amado, em quem me comprazo.” – Mateus 3:16 e 17.
A Bíblia em nenhum momento diz que o espírito que desceu em forma de pomba era uma terceira pessoa, pelo contrário, afirma claramente que se tratava do próprio Espírito (pneuma) do Pai. O verso mostra uma manifestação dupla do Pai: manifestou-se através do seu Espírito e da sua voz. Se através deste verso chega-se à conclusão de que o espírito é uma pessoa, também poderíamos chegar à conclusão de que a voz de Deus também é uma pessoa. Por que não? Só porque o Espírito está escrito com inicial maiúscula e a voz com inicial minúscula? Sempre devemos lembrar que isso é uma convenção adotada em português, pois no original grego não havia tal distinção.
A Bênção de II Coríntios 13:13
“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós.” – II Coríntios 13:13 (ou 14 em algumas traduções)
A doutrina da trindade ensina que Deus é o primeiro, também chamado de “primeira pessoa da trindade”, Jesus Cristo é a segunda pessoa e, finalmente, o Espírito Santo é a terceira pessoa da trindade. Este é o ensino clássico trinitariano. Mas parece que esta seqüência de primeira, segunda e terceira pessoa não estava muito clara para o apóstolo Paulo. Perceba que Jesus Cristo é o primeiro a ser mencionado em II Coríntios 13:13. Ora, se a doutrina da trindade que se ensina hoje fosse um consenso entre os apóstolos, Paulo certamente obedeceria a ordem das pessoas, no entanto não o fez. Outro verso utilizado pelos trinitarianos é I Pedro 1:2, mas neste verso é Jesus Cristo que aparece como a terceira pessoa de uma suposta trindade.
Além deste problema na forma, os trinitarianos enfrentam um problema de conteúdo ao lidar com II Coríntios 13:13. Ao lerem este trecho, interpretam precipitadamente que nossa comunhão deve ser com a terceira pessoa da trindade. Mas não é isso que o apóstolo diz. Paulo é claro quando afirma “e a comunhão do Espírito Santo”, não diz a comunhão com o Espírito Santo.
Graças a outros textos da Bíblia, não precisamos ser enganados neste ponto. Nossa comunhão é com o Pai e com o Filho, através do Espírito. Deus não pode se manifestar em toda sua glória diante de olhos pecadores e Cristo não está mais conosco em carne. Portanto, toda comunhão e comunicação que temos com o Pai e com o Filho é através do pneuma (o próprio Espírito do Pai e do Filho).
“Ora a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo.” – I João 1:3.
Agora sim! Comunhão com o Pai e com o Filho!
Trindade com Anjos?
Há outros versos na Bíblia que citam o Pai, Jesus e o Espírito, mas nenhum deles serve como evidência de que exista uma trindade. Por quê? Pois o simples fato de um verso citar o Pai, Jesus e o Espírito não significa que o Espírito seja uma pessoa e que, juntamente com o Pai e com o Filho, componha uma trindade. Senão o que diríamos com relação a Mateus 24:36?
“Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai.” – Mateus 24:36.
Da mesma forma Mateus 16:27 cita o Filho, o Pai e os Anjos, mas não cita o Espírito Santo. Isto não significa, em hipótese alguma, que Pai, Filho e Anjos componham uma trindade.
“Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos” – Mateus 16:27.
Há outros versos que citam o Pai, o Filho e os anjos (Marcos 8:38; Marcos 13:32; Lucas 9:26). Porventura tais versos indicam que Pai, Filho e Anjos compõem uma trindade celestial? Absolutamente não! O fato dos três aparecerem no mesmo verso não significa absolutamente nada na relação de um para com o outro. O objetivo do autor, ao escrever tais versos, não foi indicar que existe uma trindade. Da mesma forma, quando lemos um verso que menciona o Pai, o Filho e o Espírito Santo, não devemos concluir que pelo fato de aparecerem juntos tal verso seja uma evidência da existência da trindade.
O Espírito Santo e Seus “Atributos e Ações Pessoais”
Algumas pessoas defendem que o Espírito Santo é uma pessoa pois alguns adjetivos (atributos) e verbos (ações) relacionados ao Espírito são típicos de seres pessoais. Por exemplo:
“Não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção.” – Efésios 4:30.
“Do mesmo modo também o Espírito nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis.” – Romanos 8:26.
“Porque não sois vós que falais, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós.” – Mateus 10:20
“Apenas uma pessoa pode se entristecer”, alegam os trinitarianos. “Só uma pessoa pode ajudar, interceder e falar”. Os defensores da trindade afirmam que se o Espírito de Deus se entristece, ajuda, intercede e fala, então ele é uma pessoa divina! Este argumento faz sentido?
A Bíblia emprega diversas figuras de linguagem, inclusive atribuindo ao Espírito qualidades e ações típicas do seu possuidor (um ser pessoal). Isto não significa que o Espírito seja uma outra pessoa. A prova deste fato são os muitos exemplos de atributos e ações pessoais atribuídos também a espíritos de seres humanos.
O espírito do apóstolo Paulo orava: “O meu espírito ora de fato.” (I Cor. 14:14). Como um espírito (pneuma) de um homem pode orar se esta é uma ação pessoal? Seria, porventura, o espírito de Paulo uma segunda pessoa, além de Paulo? O verso seguinte explica: “Orarei com o meu espírito… Cantarei com o espírito.” (I Cor. 14:15). É claro que quem orava e cantava era o próprio Paulo.
Lucas, autor do livro dos Atos, relatou que o espírito de Paulo se revoltou (Atos 17:16): “Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava em face da idolatria dominante na cidade”. Ora, revoltar-se é uma ação pessoal. Só um ser com autonomia e percepção pode se revoltar, mas a Bíblia diz que o espírito de Paulo se revoltou. Seria, porventura, o espírito de Paulo uma entidade pessoal independente do seu possuidor (Paulo)? Absolutamente não! Novamente aqui temos uma figura de linguagem. Quem se revoltou com a idolatria da cidade foi o próprio Paulo.
Há muitos outros exemplos na Bíblia onde espíritos de seres humanos são descritos com atributos pessoais ou realizando (ativa ou passivamente) ações típicas de seres pessoais. Veja alguns na tabela a seguir.
Texto Sujeito Ação / Atributo Pessoal
Gênesis 41:8 Espírito de Faraó Perturbado
Esdras 1:1 Espírito de Ciro Foi Despertado
Jó 6:4 Espírito de Jó Sorver (Sugar) o Veneno
Jó 20:3 Espírito de Jó Responde por Ele
Salmo 73:21 Espírito de Asafe Amargurado
Salmo 77:3 Espírito de Asafe Desfalece
Salmo 143:7 Espírito de Davi Desfalece
Isaías 26:9 Espírito de Isaías Buscou a Deus
Ezequiel 3:14 Espírito de Ezequiel Excitou-se
Daniel 2:1-3 Espírito de Nabucodonosor Perturbou-se
Atos 17:16 Espírito de Paulo Revoltou-se
I Coríntios 14:14 e 15 Espírito de Paulo Ora e Canta
I Coríntios 16:18 Espírito de Paulo Recreou-se
II Coríntios 7:13 Espírito de Tito Recreou-se
Obs: Dependendo da tradução utilizada os atributos / ações podem sofrer alguma alteração.
Concluímos que quando a Bíblia diz que o espírito de alguém se entristeceu, então trata-se de uma figura de linguagem. Literalmente, quem se entristeceu foi a pessoa, o possuidor do espírito, não o seu espírito. Quando o salmista diz que o seu espírito estava amargurado, na realidade quem estava amargurado era o próprio salmista.
Isso vale também para o Espírito de Deus. Quando a Bíblia diz que alguém mentiu para o Espírito de Deus, na verdade isso significa que mentiram para o próprio Deus. Quando diz que o Espírito intercede, certamente está se referindo a Cristo, nosso único intercessor e mediador:
“É Cristo Jesus quem morreu, ou antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós.” – Romanos 8:34.
“Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem.” – I Timóteo 2:5.
Adjetivos Tríplices
Muitas pessoas, na tentativa desesperada de encontrar textos que apóiem suas idéias, acabam buscando subsídios em trechos que nada tem a ver com o assunto da trindade. Entre estes trechos, podemos citar um grupo muito interessante: o grupo dos adjetivos tríplices. Em alguns versos das Escrituras Sagradas algum adjetivo relacionado a Deus é repetido três vezes e por esta razão alguns interpretam que cada menção do adjetivo refere-se a uma pessoa da trindade. Vamos citar dois exemplos:
“E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.” – Isaías 6:3.
“E os quatro seres viventes… proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso, aquele que era, que é e que há de vir.” – Apocalipse 4:8.
Na falta de textos que comprovem claramente a trindade, estas pessoas são capazes de incluir até mesmo Números 6:24-26 como evidência da existência do Deus-Triúno apenas pelo fato deste texto citar a palavra “Senhor” três vezes:
“O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto diante de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e lhe dê a paz.” – Números 6:24-26.
Ora, tais texto não provam e nem mesmo servem como evidência de que nosso Deus é um Deus tríplice. A intenção do autor ao repetir três vezes uma palavra é dar ênfase e chamar a atenção do leitor. Este recurso literário é prática relativamente comum entre os autores bíblicos. Veja estes exemplos:
“Ó terra, terra, terra! Ouve a palavra do Senhor.” – Jeremias 22:29.
“Ao revés, ao revés, ao revés a porei, e ela não será mais, até que venha aquele a quem pertence de direito, e a ele darei.” – Ezequiel 21:27.
Estariam, porventura, os profetas sugerindo uma trindade de terras ou de revezes? Logicamente não! A tríplice repetição é apenas um recurso para chamar a atenção para determinado fato ou característica, uma forma de enfatizar um conceito.
O livro “Gramática Elementar da Língua Hebraica” de Hollenberg & Budde ensina que a forma repetida de um adjetivo em hebraico além de lhe comunicar ênfase, também serve como superlativo absoluto. Desta forma, “Santo, Santo, Santo” poderia ser entendido como “Santíssimo”.
A Blasfêmia Contra o Espírito Santo
“Todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada. Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do homem ser-lhe-á isso perdoado; mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir.” – Mateus 12:31 e 32.
Este é outro texto que às vezes é usado por defensores da trindade. Digo “às vezes” porque o texto, se lido com atenção, mais compromete a visão trinitariana do que a favorece. Afinal de contas se existe apenas um Deus com três pessoas divinas que possuem o mesmo caráter e os mesmos atributos espirituais, por que o Pai é rico em misericórdias (Êxodo 34:6), o Filho é perdoador (Lucas 7:48 e 49), mas a terceira pessoa da trindade é implacável, ou seja, não tolera pecados contra ela? A três pessoas da divindade não têm o mesmo caráter? Por que existe esta distinção de pecados contra o Filho do homem e pecados contra o Espírito Santo? Vamos tentar entender um pouco mais esta questão do pecado imperdoável.
A blasfêmia contra o Espírito Santo é um dos assuntos que causa mais preocupação nos cristãos. (Em geral costuma-se usar a expressão “pecado contra o Espírito Santo”, mas a Bíblia fala que o pecado imperdoável é a “blasfêmia contra o Espírito Santo”). Quando eu era criança ouvi um sermão sobre o pecado contra o Espírito Santo onde o pregador enfatizava que este era o único pecado para o qual não havia perdão. Confesso que após ouvir este sermão, fiquei incomodado durante várias semanas me perguntando se já teria cometido este tipo de pecado. Orava a Deus para que ele abrisse uma exceção e me perdoasse se acaso eu tivesse cometido o pecado imperdoável. Todos os cristãos já ouviram que o pecado contra o Espírito Santo é imperdoável, mas poucos sabem o que é na prática a blasfêmia contra o Espírito Santo.
Segundo a explicação tradicional, o pecado contra o Espírito Santo consiste na resistência contra a obra do Espírito de nos convencer do pecado. Quando o Espírito de Deus atua em nossa consciência, mostrando um pecado, e resistimos à voz de Deus, então esta voz tende a diminuir. Chamamos popularmente este processo de cauterização da consciência, ou seja, o pecado se torna algo tão comum que a voz de Deus não mais é ouvida e o pecador não sente mais a necessidade de perdão. Embora este processo seja real, será que Cristo se referia à cauterização da consciência quando mencionou a blasfêmia contra o Espírito Santo? Para respondermos a esta questão vamos analisar o contexto de Mateus 12 e também de Marcos 3, os dois capítulos que mencionam o pecado da blasfêmia contra o Espírito Santo.
De acordo com Mateus 12:22-32 e Marcos 3:20-30, Jesus estava sendo acusado de expulsar demônios pelo poder de Belzebu, o maioral dos demônios. Cristo afirmou que foi através do Espírito Santo que o demônio foi expulso:
“Se, porém, eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós.” – Mateus 12:28.
Lucas ao mencionar o mesmo episódio, em vez de utilizar “Espírito de Deus”, utiliza-se da expressão “dedo de Deus”.
“Se, porém, eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós.” – Lucas 11:20.
Compare estes dois últimos versos bíblicos que citamos: Mateus 12:28 e Lucas 11:20. O Espírito de Deus é, simbolicamente, o dedo de Deus. O dedo de Deus indica a forma como Deus age, neste caso age através do seu Espírito (pneuma). Perceba que os evangelistas ora se referem ao Espírito como Espírito Santo, ora como Espírito de Deus. Já vimos que são expressões equivalentes.
Mas a questão principal permanece. Cristo afirmou que os pecados contra o Filho do Homem seriam perdoados, mas contra o Espírito Santo não seriam perdoados. O que Cristo quis dizer com isto?
Cristo referia-se a si mesmo como “Filho do Homem”, ressaltando assim sua humanidade. Outros o reconheciam como “Filho de Deus”, uma clara referência à sua divindade. Cristo, ao chamar a atenção para a sua condição humana, fazia questão de ressaltar que suas obras eram feitas pelo poder do Pai, através do Espírito de Deus que lhe foi concedido. O contexto do episódio que analisamos deixa claro que o pecado imperdoável cometido pelos escribas e fariseus foi a insistente negação da atuação do Espírito de Deus nas obras de Cristo, considerando tais obras como fruto da atuação do diabo. É este o pecado imperdoável: a blasfêmia contra o Espírito Santo. Sempre que o Espírito de Deus atuar poderosamente e tal fato for interpretado como uma atuação do diabo, isto constituirá uma blasfêmia contra o Espírito Santo.
Outros versos podem nos ajudar a confirmar qual é o pecado imperdoável: deixar de reconhecer as obras de Deus diante das evidências:
“Respondeu-lhes, Jesus: Se fôsseis cegos, não teríeis pecado algum; mas, porque agora dizeis: Nós vemos, subsiste o vosso pecado.” – João 9:41.
“Se eu não viera, nem lhes houvera falado, pecado não teriam; mas agora não têm desculpa do seu pecado… Se eu não tivesse feito entre eles tais obras, quais nenhum outro fez, pecado não teriam; mas agora não somente têm eles visto, mas também odiado, tanto a mim, quanto a meu Pai.” – João 15:22 e 24.
Estes dois versos abrem o horizonte de compreensão dos pecados que podem e que não podem ser perdoados. O pecado imperdoável é testemunhar as obras e evidências de Deus e considerá-las como algo do demônio. É rejeitar as evidências claras do poder de Deus, considerando-as como obras de Satanás. Para este pecado não há perdão. “Se fosseis cegos”, disse Jesus, “não teríes pecado algum”. Isto significa que se não houvesse evidências visíveis do poder de Deus, a incredulidade da liderança judaica poderia ser justificável, pois neste caso tratar-se-ia de um pecado apenas contra o Filho do homem. Jesus complementa: “Porque agora dizeis: Nós vemos, subsiste o vosso pecado”.
Há pessoas que crêem sem precisar ver – são bem-aventurados. Há outros que precisam ver para crer – Deus pode ajudá-los na falta de fé. Há, porém, um terceiro grupo que, mesmo vendo, não crê – os céticos. E, finalmente, há um quarto grupo: aqueles que vêem as evidências e obras miraculosas de Deus, não crêem e, além disso, atribuem tais obras ao demônio. Estes estão lutando contra Deus e cometendo o chamado pecado para a morte, pelos quais, segundo o apóstolo João, “não digo que rogue” (I João 5:16). É esta a blasfêmia contra o Espírito Santo.
A celebre oração intercessória de Cristo no Calvário, “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem”, mostra que os que lhe repartiam as vestes (Lucas 23:34) não haviam cometido o pecado para a morte, o pecado contra o Espírito Santo. De fato, os romanos não haviam tido a mesma oportunidade de testemunhar as obras de Deus através do Filho do homem. Herodes, ao julgar a Cristo, desejava ver sinais, mas Cristo não lhe respondeu com palavras. (Ver Lucas 23:8 e 9). Por isso, o pecado dos soldados romanos foi contra o Filho do homem, um pecado perdoável que mereceu uma oração intercessória de Cristo. Os romanos não pecaram contra o Espírito Santo, pois não tinham observado as evidências e obras de Cristo realizadas através do Espírito de Deus. Cristo disse a Pilatos: “Aquele que me entregou a ti maior pecado tem.” (João 19:11) Quando os romanos testemunharam evidências sobrenaturais não hesitaram em reconhecer a divindade de Cristo.
“O centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto e as coisas que haviam sucedido, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era Filho de Deus.” – Mateus 27:54.
Muitos crentes sinceros, baseados na tradição trinitariana que receberam e que sempre professaram, podem imaginar que aceitar qualquer outro ensino sobre o Espírito Santo seria um pecado imperdoável. Não estaríamos rebaixando o Espírito de Deus se não o considerarmos como uma pessoa divina? A Bíblia é clara sobre o pecado imperdoável: Blasfemar contra o Espírito Santo é desprezar as abundantes evidências que temos à nossa disposição atribuindo tais evidências ao poder do diabo, assim como fizeram os judeus na época de Cristo. Só blasfema contra o Espírito Santo quem resiste contra o poder de Deus revelado em suas palavras e obras e os atribui ao inimigo. Deus não leva em conta os tempos de ignorância (Atos 17:30), mas exige um posicionamento firme daqueles que recebem a luz.
“A condenação é esta: A luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz porque as obras deles eram más.” – João 3:19.
Prezado irmão. Blasfemar contra o Espírito Santo é desprezar as inúmeras evidências bíblicas sobre sua obra e natureza. É se agarrar a conceitos pré-estabelecidos desprezando a luz que emana do Espírito Santo de Deus.
“Daquele a quem muito é dado, muito se lhe requererá; e a quem muito é confiado, mais ainda se lhe pedirá.” – Lucas 12:48.
Fica demonstrado aqui que o episódio relatado em Mateus 12 e Marcos 3 sobre o pecado imperdoável é, na verdade, um testemunho contra o trinitarianismo e um alerta contra os que desprezam as evidências da Palavra de Deus.
“Então começou ele a lançar em rosto às cidades onde se operara a maior parte dos seus milagres, o não se haverem arrependido, dizendo: Ai de ti, Corazin! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom, se tivessem operado os milagres que em vós se operaram, há muito elas se teriam arrependido em cilício e em cinza. Contudo, eu vos digo que para Tiro e Sidom haverá menos rigor, no dia do juízo, do que para vós. E tu, Cafarnaum, porventura serás elevada até o céu? até o inferno descerás; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje. Contudo, eu vos digo que no dia do juízo haverá menos rigor para a terra de Sodoma do que para ti. Naquele tempo falou Jesus, dizendo: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado. Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece plenamente o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece plenamente o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.” – Mateus 11:20-27.
Trindade no Velho Testamento?
Talvez o argumento mais fraco utilizado pelos doutores em divindade trinitarianos esteja relacionado com a tentativa inócua de provar a trindade no Velho Testamento. Este argumento se baseia na interpretação tendenciosa da palavra hebraica echad no seguinte verso:
“Ouve, ó Israel: O Senhor nosso Deus é o único (echad) Senhor.” – Deuteronômio 6:4.
De acordo com estes teólogos existem duas palavras em hebraico que significam “único”: echad e yachid. A diferença entre elas é que echad significa “um (entre outros)”. Isto significa que quando falamos echad estamos nos referindo a um único ser mas existem outros, ou seja, a possibilidade de haver outros é inerente em echad. Já a palavra yachid é usada para designar um ser exclusivamente único. Yachid é um só e ponto final!
De fato, este é o significado das palavras em hebraico, mas o problema está na interpretação particular que é dada para echad. A interpretação natural, levando-se em conta o contexto, é que o nosso Deus é o único (echad) Senhor (entre outros deuses pagãos). A palavra echad sugere a existência de outros deuses e o próprio verso 14 do mesmo capítulo diz o seguinte:
“Não seguirás outros deuses, os deuses dos povos que estão ao teu redor.” – Deuteronômio 6:14.
Ora, os doutos teólogos pretendem sugerir que os “outros deuses”, conceito implícito na palavra echad, são os componentes da trindade: Deus Filho e Deus Espírito Santo, além do Deus Pai que aparece de forma explícia. No entanto, através da análise do contexto de Deuteronômio 6, fica claro que os outros deuses são os deuses pagãos de Canaã.