O Evangelho do Reino
Algo que Você Precisa Conhecer!
Não poderíamos encerrar este volume sem tratar de um tema que consideramos de fundamental importância para a consolidação dos estudos de profecias. Diante disso, nosso objetivo é falar do milênio, e ver o que a Bíblia revela sobre este período importante para a criação.Neste estudo faremos uma análise sobre o milênio e sobre a transfiguração de Jesus no Monte Tabor. Veremos também a visão de João no capítulo 4 do Apocalipse e o arrebatamento de Paulo no capítulo 12 de sua Segunda Epístola aos Coríntios. Podemos imaginar a transfiguração no sentido literal, ou será que devemos entendê-la num plano figurativo? Então, vamos deixar que o Espírito Santo nos inspire a encontrar estas e outras respostas na Palavra de Deus e permitir que Ele nos leve ao correto entendimento.
Introdução
Quem está habituado a ler a Bíblia certamente já parou para pensar nas promessas de Deus, nas profecias que anunciam o fim, na volta de Jesus, no arrebatamento dos santos e no milênio. Temos conhecimento de muitas explicações sobre estes temas, mas será que podemos confiar sem conferir na Bíblia se tudo que é ensinado é verdadeiro? A Bíblia é a Palavra de Deus, e para nós, o que realmente interessa são suas sustentações. Digo isto porque o assunto a ser tratado neste estudo exige muito de nossa fé e da credibilidade que damos à Palavra de Deus. Para começo de conversa, devemos reconhecer que não adianta falar do milênio para quem é amilenista. Ou, que aproveitaria falar neste tema para quem não abre mão da esperança de ir morar no Céu? Ou ainda, que proveito tem falar deste período para quem entende o milênio como um tempo espiritual? Ou seja, que nunca se cumprirá literalmente? (Hb 11.1). Diante destas interrogações, temos dois caminhos a escolher: Ou ficamos com a Bíblia, e aceitamos sua mensagem pela fé, ou negamos a fé, e admitimos o milênio em sentido figurado, e que nada neste período se tornará realidade.
Que quer dizer o termo “milenarismo”?
Segundo o Dicionário Online de Português, milenarismo é: “Doutrina de certos escritores dos primeiros séculos e de certas “seitas” cristãs modernas, segundo os quais Cristo reaparecerá na terra para reinar durante mil anos…”. Se esta é a definição que se dá a quem tem esta crença, à qual chamam seita, então os profetas e apóstolos eram todos milenaristas. O profeta Jeremias, por exemplo, disse que Jesus reinará e praticará juízo e justiça na Terra. (Jr 23.5). O anjo Gabriel profetiza a Maria dizendo que o Messias reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu reino não terá fim”. (Lc 1.33). Isaías diz que o Messias reinará no Monte Sião e em Jerusalém. (Is 24.23). E muitos outros textos nos Salmos, nos profetas e no Apocalipse afirmam que o Messias reinará por mil anos e julgará as nações sobre a Terra. (Mt 5.5; Ap 5.10,20.1-4; Dn 7.27).
Há certo receio da parte de muitos em aceitar o milênio no sentido literal. Talvez seja porque este estudo diverge da opinião da maioria e não comunga com os ensinamentos oriundos de crenças pagãs. Este receio, em relação ao que pregamos, não faz sentido. Tudo que defendemos é profundamente arraigado na Bíblia, e nada dizemos que não seja assegurado pela Escritura Sagrada. Ora, se algum ensino é causa de preocupação, por não estar em conformidade com a Bíblia, ele certamente não faz parte de nossa profissão de fé. Devemos sim, ter receios, mas quando o que se ensina não está de acordo com os profetas e apóstolos. Por exemplo: Onde está escrito na Bíblia que Jesus virá buscar os crentes para morar no Céu? Onde está escrito que o sábado foi abolido e em seu lugar foi constituído o domingo como dia do Senhor?
Nem mesmo na Bíblia Católica aparecem tais ensinamentos, contudo, eles são ensinados ao povo tendo somente o Catecismo como base. Jesus adverte: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (Jo 8.32). Se a Bíblia é a verdade, é nela que devemos nos apoiar para conhecer a vontade de Deus. Entre as mensagens de advertências, uma chama à nossa atenção e convida os crentes a abandonar todo ensino que não provém da Palavra de Deus. “E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas” (Ap 18.4).
Nem mesmo aquelas pessoas, a quem Jesus dirigiu a fala, se mostraram dispostas a aceitar que precisavam de alguma libertação. A reação deles foi até meio agressiva: “Somos descendência de Abraão, e nunca servimos a ninguém; como dizes tu: Sereis livres?” (Jo 8. 33). Eles eram maioria e pessoas muito religiosas. Contudo, Jesus dizia que elas precisavam se libertar. A comodidade e prosperidade oferecida pelas grandes religiões conseguem manter as pessoas presas aos seus ensinamentos. Não fomos nós os inventores da mensagem messiânica que defende o reino de Cristo neste período. Se afirmamos que haverá mil anos de paz sobre a Terra, é porque isto é uma promessa da Bíblia. Não se trata de uma invenção, esta mensagem foi anunciada pelos profetas e pelos apóstolos. Não podemos negar que a ostentação e o espírito de grandeza, em muitas igrejas, desestimulam os crentes a correr atrás de aperfeiçoamento na fé.
Houve resistência à mensagem do milênio?
No início da Era Cristã muitos se levantaram em defesa dos mil anos de paz sobre a terra. Por outro lado, influências neoplatonistas provocaram também grande resistência, de forma que o Milenarismo acabou sufocado pela maioria dos líderes daquela época, conforme documenta o parágrafo seguinte.
“Segundo documenta The Catholic Encyclopedia (1913), KIRSCH, a oposição ao milenarismo tornou-se mais generalizada no fim do segundo século, e foi de mãos dadas com a luta contra o Montanismo. O presbítero romano Caius (final do segundo e início do terceiro século) atacou os milenaristas. […] O mais poderoso adversário do milenarismo foi Orígenes de Alexandria. Tendo em vista o neoplatonismo em que suas doutrinas foram fundamentadas e de seu método espiritual-alegórico de explicar as Sagradas Escrituras, ele não poderia andar lado a lado com os milenaristas. Combateu-lhes expressamente, e, devido à grande influência que seus escritos exerciam sobre a teologia eclesiástica, especialmente em países orientais, o milenarismo foi desaparecendo gradualmente dentre os cristãos orientais. […]
Por outro lado; Santo Agostinho foi durante algum tempo, como ele próprio testemunha em seu livro: (De Civitate Dei) (A Cidade de Deus), um defensor do milenarismo; mas depois ele passa a defender o milênio de uma forma mais espiritual (Sermo, CCLIX). […] Santo Agostinho finalmente concebe a crença de que não haverá milênio. […] No mesmo livro, ele dá uma explicação alegórica do capítulo 20 do Apocalipse. A primeira ressurreição, de que trata este capítulo, diz ele, refere-se ao renascimento espiritual no batismo; o sábado de mil anos após os seis mil anos de história é o uma figuração da vida eterna – ou, em outras palavras, o número de mil destina-se a expressar a perfeição, e o último espaço de mil anos deve ser entendido como referindo-se ao fim do mundo; em todos os casos, o reino de Cristo, do qual o Apocalipse fala, só pode ser aplicada à Igreja (De Civitate Dei, XX 5-7). Esta explicação do ilustre médico foi adotada por sucessivos teólogos ocidentais, e o milenarismo em sua forma anterior deixou de receber apoio…
Johann Peter Kirsch
Se para Agostinho o milênio simplesmente não existirá, para outros, a Terra será transformada em um caos profundo e permanecerá vazia até o final dos mil anos. Entre as muitas definições do milênio, há também o Pré-milenismo, ensino que defende uma futura era áurea. Neste ínterim, Cristo aparecerá pessoalmente, e, em função de Seu retorno, inicia-se o milênio, no qual, Davi reaparecerá para reinar sobre Israel.
Algo que você precisa conhecer!
Imaginar um mundo de paz e harmonia, onde predomine a justiça, a retidão e o amor, distante da realidade crítica de nossos dias, pensar que neste mesmo planeta, todas essas coisas são plenamente possíveis não é fruto de imaginações fantasiosas. Tudo isto, não só será possível, como será uma realidade em tempos vindouros. A Bíblia traz uma vasta lista de textos sobre este tema, dentre os quais, destacamos alguns que nos auxiliarão no entendimento deste estudo. Para nós, o estudo do evangelho do reino é fundamental, porque entendemos que anunciá-lo ao mundo é nossa missão, e acima de tudo, faz parte do “Ide” que Jesus nos confiou. “Ele, porém, lhes disse: Também é necessário que eu anuncie a outras cidades o evangelho do reino de Deus; porque para isso fui enviado” (Lc 4.43).
O mundo, ao longo dos séculos, tem sofrido terremoto, vendavais, tufões, enchentes e notáveis sinistros da natureza. Estas calamidades não mais acontecerão após a volta do Filho de Deus. O Criador não permitirá que tais sofrimentos voltem a se abater sobre as nações que continuarão na terra após o Armagedom. Os sinistros que hoje acontecem são consequências da maldição que está no mundo desde que o homem saiu expulso do Éden. Isto não quer dizer, absolutamente, que todos que padecem em consequências destes males são pecadores a ponto de tornarem-se merecedores deles. Da mesma forma, aqueles que não são por eles atingidos, nem sempre é porque são inocentes. Às vezes Deus permite que o mal aconteça para sinais, e para que nós, humanos, nos sensibilizemos e reconheçamos que dependemos de Sua misericórdia em qualquer situação todos os dias.
“E aqueles dezoito, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, cuidais que foram mais culpados do que todos quantos homens habitam em Jerusalém? Não, vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis” (Lc 13.4,5).
Jesus não disse que as vítimas da queda da torre de Siloé eram inocentes. Ele simplesmente mostrou que eles, os fariseus, em nada eram superiores aos galileus mortos na queda da torre. De certa forma, o que aconteceu a eles, poderia acontecer a qualquer um. Infelizmente nem todos entendem a mensagem de Jesus. Percebemos com frequência acusações injustas e sem fundamento dirigidas a pessoas sem o menor senso de compaixão. É comum ver alguém passando por momentos difíceis, perdas de familiares, enfermidades e muitas outras coisas que agridem os seres humanos. Infelizmente é muito fácil pensar que isto só acontece em consequências de desobediência. Se este pensamento fosse verdadeiro, poucas pessoas permaneceriam vivas por muito tempo. Mas Deus permite que certas coisas desagradáveis acontecerem para que as profecias se cumpram e conheçamos que Sua Palavra é verdadeira.
“Então lhes disse: Levantar-se-á nação contra nação, e reino contra reino. E haverá em vários lugares grandes terremotos, e fomes e pestilências; haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do céu” (Lc 21.10,11).
Há circunstâncias em que o ímpio é mais bem sucedido nesta vida que os próprios servos de Deus. Davi passou por experiências que quase o fizeram escorregar. O salmista não entendia como tudo ia bem ao pecador enquanto coisas ruins o acometiam constantemente. “Quanto a mim, os meus pés quase que se desviaram; pouco faltou para que escorregassem os meus passos. Pois eu tinha inveja dos néscios, quando via a prosperidade dos ímpios” (Sl 73.2,3).
Davi confessa que só entendeu estas coisas quando entrou no santuário de Deus, e viu qual será o fim daqueles que não O temem e não se preocupam em servi-Lo. (Sl 73.17). E Jesus ainda diz: “Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mt 5.45).
Tudo isto que agora causa sofrimentos à criação de Deus não durará para sempre. Deus prometeu, nos dias de Noé, que tudo isto findará e a terra desfrutará de paz e prosperidade. A partir do momento que a maldição for da terra retirada, não haverá mais motivo para o mal continuar a assolar o mundo, porque a morte é fruto do pecado, e Jesus é o Cordeiro de Deus que veio para tirar o pecado do mundo. Não havendo o pecado, assolações não mais acontecerão e paz haverá sobre os quatro cantos da Terra.
“[…] O Senhor disse em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; […] nem tornarei mais a ferir todo o vivente, como fiz. Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite, não cessarão” (Gn 8.21,22).
O pensamento que permeia o meio religioso, quase geral, é que Deus retirará as pessoas da Terra por causa da maldição do pecado que está sobre ela. Ora, este pensamento não condiz com as escrituras. Jesus veio para tirar o pecado do mundo, não as pessoas. Muito pelo contrário, o Criador não destruirá todos os viventes e as nações continuarão povoando a terra no milênio normalmente. “E acontecerá naquele dia que a raiz de Jessé, a qual estará posta por estandarte dos povos, será buscada pelos gentios; e o lugar do seu repouso será glorioso” (Is 11.10).
Qual o significado da transfiguração?
O estado glorioso em que Jesus aparece a três de seus discípulos, Pedro, Tiago e João, é uma figura de Seu maravilhoso reino milenar. Seu rosto resplandeceu como o sol e as suas vestes se tornaram brancas como a luz. (Mt 17.2). Após a transfiguração, Jesus pediu a seus discípulos que não revelasse o fato a ninguém até que Ele dos mortos ressuscitasse. O que aconteceu na transfiguração tem o mesmo significado da visão de João, no capítulo 4 de Apocalipse; e a visão de Paulo, em Segunda aos Coríntios 12. Paulo esteve no paraíso. Não existe outro lugar preparado por Deus, destinado aos homens, a não ser o reino que fundou desde a fundação do mundo. Logo, este reino não é outro senão o próprio paraíso edênico. Este lugar, muito embora João chamasse de “Céu”, Paulo, no entanto, disse que é “O Terceiro Céu”. Mais adiante, Paulo confessa ter estado no paraíso.
“Conheço um homem em Cristo que há catorze anos […] foi arrebatado ao terceiro céu. E sei que o tal homem […] Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar” (2Co 12. 2;3, grifo nosso).
A Bíblia aponta apenas um lugar destinado ao povo salvo. Como disse Davi: “Os céus são os céus do Senhor; mas a terra a deu aos filhos dos homens” (Sl 115.16). Simples assim! Se nossos estudos não atender a essa lógica, num ou noutro ponto entrará em contradição.
O reino de Deus foi mostrado aos discípulos numa visão do que há de ser. Na transfiguração apareceram Moisés e Elias falando com Jesus. Equivale dizer que Jesus fez uma demonstração do que será o reino após o milênio com a Terra restaurada. “E eu vos destino o reino, como meu Pai mo destinou,” (Lc 22.29). Em que nos estribamos para fazer uma afirmação como esta? Jesus fez uma revelação profética no capítulo 16 de Mateus:
“Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e, então, retribuirá a cada um conforme as suas obras. Em verdade vos digo que alguns há dos que aqui estão, que de maneira nenhuma passarão pela morte até que vejam o Filho do Homem no seu reino.” (Mt 16.27,28).
Nosso entendimento fundamenta-se basicamente nesta revelação de Jesus. Não foi por acaso que o Senhor proferiu este discurso. Em apenas dois versículos, Jesus resume categoricamente toda a essência de Sua mensagem em relação ao reino. Se bem observamos, veremos que primeiro Jesus anuncia Sua volta: “Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai,” em seguida, Ele afirma: “e, então, retribuirá a cada um conforme as suas obras.”.
Depois de anunciar Seu retorno, Jesus afirma que este será o momento de dar a recompensa a cada um. O discurso de Jesus obedece à lógica de um plano de recompensas. Isto é, primeiro Ele volta, estabelece o reino e entrega-o aos santos como recompensa para a vida eterna.
Seguindo a lógica do discurso de Jesus na transfiguração, no capítulo 16 o Mestre promete mostrar o reino aos discípulos, e no capítulo 17, Ele cumpre a promessa. (Mt 16.27,8; 17:1).
Este texto é o pivô da teoria em defesa da imortalidade da alma. Quem assim crê, defende que Elias e Moisés estão no Céu, porque apareceram ali, e falavam com Jesus. Ora, dizer que esta passagem dá margem para esta crença é forçar uma interpretação sem a menor sustentação de cunho profético. Aquele acontecimento foi uma representação; um simbolismo do futuro reino de Deus, e por se tratar de uma visão, não se pode dizer que, naquela conjuntura, o cenário era real. Para todos os efeitos, afirmar que Moisés e Elias estavam ali pessoalmente é muito contraditório. Outros textos da Bíblia entrarão em choque com esta ideia, e vão reduzi-la ao descrédito, inclusive, quando comparado com as próprias palavras de Jesus: “Ora, ninguém subiu ao céu, […]” (Jo 3.13).
As religiões defendem que Elias não morreu porque foi levado vivo para o céu em um carro de fogo. Você concorda com isso? Vamos refletir um pouco sobre esta interpretação. Elias foi transportado do lugar onde se encontrava para um outro lugar. Isso não quer dizer que o profeta tenha sido levado para o céu dentro de um carro de fogo. O objetivo do carro de fogo foi apenas para separar Elias de Eliseu. Elias, na verdade, foi elevado num redemoinho. O redemoinho é formado por deslocamento de ar. Logo, Elias não saiu da atmosfera terrestre, pois fora desta, não há redemoinho. O profeta também não suportaria a mudança de ambiente sem antes passar pela morte física. Para não ter morrido, Elias deveria ser um ser muito diferente dos demais. É exatamente neste ponto que a doutrina da imortalidade da alma entra em constrangedora contradição com o restante da Bíblia.
Por exemplo, quando Adão pecou, o Criador determinou-lhe a morte como consequência de seu pecado. Por este motivo, a morte deveria passar por todos os humanos nascidos à semelhança de Adão. Sendo Elias da mesma natureza de Adão, ou seja, nascido na mesma condição, não poderia ser levado ao céu enquanto permanecesse naquele estado mortal.
“Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens […]”(Rm 5.12). Elias seria uma exceção? Ou será que Paulo não sabia o que dizia?
Paulo diz que o mortal precisa ser revestido pelo imortal, e o que é corruptível precisa ser revestido de incorruptibilidade antes de passar para a vida eterna. (1Co 15.53). Em outra passagem, Paulo diz que todos os crentes vivos precisam ser transformados antes do encontro com Jesus. (1Ts 4. 17). Isto quer dizer que todo mortal precisa, obrigatoriamente, passar pela morte física para receber um corpo imortal. Alguém poderá questionar: – Não seria isto que aconteceu com Elias? Pois, sendo levado para o céu, ele passou diretamente de mortal para a vida eterna e seu corpo foi transformado em um corpo imortal.
– Podemos assegurar que isto não aconteceu. Examinando outros exemplos na Bíblia, veremos que isso não pode ter acontecido com Elias, nem com Enoque, nem com Moisés e nem com qualquer outro vivente. Veja agora porque fazemos esta afirmação com tanta certeza. “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.” (Jo 14.6).
Jesus é a porta de entrada para a salvação. Sem percorrer este caminho, ninguém pode chegar à presença de Deus. Elias seria uma exceção? Ou será que Jesus não sabia o que dizia? O que estamos dizendo é que ninguém poderia chegar a Deus sem a intercessão de Jesus. Sem a morte e ressurreição do Messias ninguém jamais alcançará o direito a viver eternamente. “Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu.” (Jo 3.13).
Voltando ao capítulo 16 de Mateus, vemos ainda outro exemplo: O lugar onde eles estavam no momento da transfiguração. Jesus promete mostrar-lhes o reino. No entanto, o lugar para onde foram é o Monte Tabor, isto é, um lugar aqui mesmo; na terra. Os discípulos não se transfiguraram, portanto, permaneceram no mesmo lugar e nas mesmas condições elementares. Num repente, viram aquele mesmo lugar transformar-se num paraíso. Isso nos leva a refletir, mais uma vez, e a questionar, será que Elias e Moisés estão mesmo no Céu? Ou será que o objetivo da visão era mostrar como será a Terra no futuro? Jesus transfigurou-se na presença deles porque queria que vissem como será o reino de Deus futuramente, e não naquele momento. Isso também confere perfeitamente com a profecia de Daniel:
“Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre” (Dn 2.44).
Jesus é a primícias dentre os mortos. Ele foi o primeiro e único a ressurgir para a vida eterna. “Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem” (1Co 15.20). Se isto tivesse acontecido com Elias, Cristo não seria o primeiro a ressuscitar. Em contrapartida, Sua ressurreição não teria razão para acontecer. Que necessidade haveria de um Mediador, sendo a vida eterna facultada ao homem sem qualquer intercessão? Além disso, já vimos que Elias não foi levado para o céu. Na verdade, ele foi levado de um lado para outro dentro da atmosfera terrestre. Se Elias tivesse mesmo ido para o Céu, naquele carro de fogo, os filhos dos profetas nem se dariam ao trabalho de procurá-lo além das montanhas. Este comportamento dos filhos dos profetas é outro exemplo que nos leva crer que Elias não foi levado para fora da terra. O que aconteceu com Elias se compara ao arrebatamento de Filipe, quando foi arrebatado pelo Espírito e se achou em outro lugar dentro daquela mesma região.
“E, quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e não o viu mais o eunuco; e, jubiloso, continuou o seu caminho. E Filipe se achou em Azoto e, indo passando, anunciava o evangelho em todas as cidades, até que chegou a Cesaréia” (At 8. 39,40).
Foi João arrebatado para o Céu?
Uma análise do capítulo 4 do apocalipse nos levará a compreender o que João viu naquela visão. Segundo seu relato, havia uma porta aberta no céu. Ele ouviu uma voz soando como trombeta convidando-o para que subisse lá. Religiosos afirmam que este episódio representa o arrebatamento da Igreja e sua ida para junto de Deus. Não podemos negar que tudo isto tem muito em comum com o dia da volta de Jesus e com o arrebatamento da Igreja. Porém, muitas outras coisas devem acontecer, naquele dia, que não estão inseridas neste contexto.
Agora veja o que deve acontecer no momento da vinda de Jesus. “E tocou o sétimo anjo a sua trombeta e houve no céu grandes vozes, que diziam: O reino do mundo passou a ser de nosso Senhor e do seu Cristo” (Ap 11.15). Além disso, o arrebatamento da Igreja nas nuvens não significa que ela será levada para o Céu. Vamos conferir. A bíblia diz que o Senhor descerá do céu com grande brado, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus. Neste momento, os que morreram em Cristo ressuscitarão. Depois da ressurreição deles, os crentes vivos serão transformados em um piscar de olhos, e arrebatados juntamente com eles, nas nuvens, ao encontro do Senhor nos ares. (1Ts 4.16,17).
A Igreja será arrebatada ao encontro do Senhor nos ares. Isto é o que diz o texto. Não há na Bíblia um texto sequer dizendo que os salvos serão levados para o Céu. Observem que Paulo conclui com a seguinte fala:“e assim estaremos para sempre com o Senhor”. Outros textos há que comprovam a permanência dos salvos na Terra durante o milênio.(Provérbios 2.21,22). Veja ainda: (Mateus 5.5; Salmos 37.22;29).
Davi também profetizou um tempo em que o reino de Deus alcançará todos os limites da terra, e todas as nações se converterão ao Senhor.“Todos os limites da terra se lembrarão, e se converterão ao Senhor; e todas as famílias das nações adorarão perante a tua face. Porque o reino é do Senhor, e ele domina entre as nações” (Sl 22.27,28).
Esta profecia ainda está por cumprir, porquanto, até o presente, nem todas as famílias da Terra se enquadram nesta promessa. Não restam dúvidas que este maravilhoso tempo é o milênio.
“Porque os malfeitores serão desarraigados; mas aqueles que esperam no Senhor herdarão a terra. Pois ainda um pouco, e o ímpio não existirá; olharás para o seu lugar, e não aparecerá. Mas os mansos herdarão a terra, e se deleitarão na abundância de paz” (Sl 37.9-11).
João viu ainda uma porta aberta no céu. Isto quer dizer que o céu ao qual João foi arrebatado pertence à expansão do sistema solar, e não se trata do Céu onde está o trono de Deus. João avistou a porta do ponto vista terrestre, portanto, a voz o convidava a subir nas nuvens para que observasse as coisas que deveriam acontecer em seguida. Para todos os efeitos, outros textos também falam de arrebatamento, no entanto, não referem, necessariamente, ao arrebatamento da igreja e ao milênio. Não é o caso do capítulo 1 versículo 10, por exemplo, que é uma referência a um sábado literal, e simboliza o milênio. Vejamos: “Eu fui arrebatado em espírito no dia do Senhor, e ouvi por detrás de mim uma grande voz, como de trombeta” (Ap 1.10).
João foi arrebatado num dia do Senhor, ou seja, num sábado, com certeza, uma alegoria do milênio. O sábado significa repouso. Na lei mosaica, exigia-se que a cada sete anos a terra repousasse um. Este ano de descanso era chamado (Ano Sabático). Espiritualmente, o milênio será um sábado, consequentemente, mil anos, para que a Terra repouse da destruição que os homens lhe causaram durante milênios de explorações. “Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus”(Hb 4.9).
Quanto à visão do capítulo 5, o que vimos até aqui revela que João foi arrebatado para observar os acontecimentos que seguiriam em ordem cronológica. Na verdade, a partir do capítulo 4, o apóstolo vê visões relacionadas ao futuro da Terra, e seu arrebatamento se deu em função das coisas que deveria testemunhar e deixar registradas no Livro das Revelações. É um equívoco tentar encaixar um arrebatamento da Igreja para o céu dentro deste contexto. O arrebatamento de João nada mais é que um meio providenciado por Cristo para que João testemunhasse os acontecimentos e escrevesse o que via no livro. Poderemos compreender como a visão de João se desenvolve, e qual será seu desfecho, tendo em vista que daquele ponto em diante, os acontecimentos são descritos a partir do arrebatamento de João. O ponto de vista de João é então projetado sob outra perspectiva. Considerando que o apóstolo foi arrebatado nos ares, seu olhar passa a ser projetado das nuvens para a terra. Isto quer dizer que, a partir daquele momento, o campo de visão de João abrange uma parcela muito maior sobre a terra e os céus.
Observem que o apóstolo passa a contemplar um Cordeiro como se estivesse morto. Isto simboliza o sacrifício de Cristo, oferecido como um cordeiro, mas não permaneceu morto; ressuscitou. Cristo é o único que tem condição de abrir o livro selado com sete selos. Isto significa que Jesus é o único Ser capaz de efetuar a obra de redenção do mundo através de Seu próprio sacrifício. Com Sua morte, o Cordeiro de Deus trouxe a redenção para os homens, pode salvar o mundo do pecado e libertar toda a criação da maldição da morte. “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).
Os primeiros versículos referiram-se aos desenrolar dos fatos a partir da morte e ressurreição de Jesus, e aos acontecimentos que se seguem; o abrir do livrinho e a abertura dos selos. “Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos […] compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo e nação; e para o nosso Deus os fizeste reino, e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra” (Ap 5.9,10).
Os vinte e quatro anciãos prostrados diante do trono e todas as criaturas no céu e na terra glorificam ao que se assenta no trono. Este episódio é uma alusão ao reino milenar, e ao tempo em que todas as nações se encherão do conhecimento do Senhor; porque, neste tempo, toda a terra conhecerá o Senhor; como também profetizou Isaías. (Isaías 11.9).
“E ouvi a toda a criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que estão no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre” (Ap 5.13).
A profecia acima nunca se cumpriu. Quando foi na história deste planeta que o universo em peso esteve empenhado em glorificar a Deus? Um ambiente desta natureza, onde todas as criaturas no céu, no mar, na terra e até embaixo da terra, só será uma realidade quando vier o reino de Deus.
O fato de João ter sido arrebatado nas nuvens não significa que o apostolo foi retirado da terra. Foi um arrebatamento de sentido. O corpo de João permanecia na terra, enquanto, em espírito, o apostolo vislumbrava um mundo completamente diferente da sua realidade. No versículo 13, por exemplo, o mundo que o profeta contemplava era uma alegoria do reino messiânico milenar. Jesus tinha o costume de falar em parábolas. Alegoria ou parábola são formas de representar uma coisa real através de uma simbologia. Por exemplo, Daniel viu quatro animais que representavam quatro impérios. Na realidade, aqueles animais não existiam, mas os impérios sim. João viu uma visão, ou seja, uma alegoria do reino milenar. O mesmo caso se deu na transfiguração. Jesus disse que alguns de Seus discípulos não morreriam sem antes contemplarem o reino de Deus. Sua promessa foi cumprida seis dias depois, e os discípulos, em visão, viram-se em um lugar paradisíaco, logo, aquele lugar era uma alegoria do futuro reino de Deus. Na verdade, aquelas pessoas (Elias e Moisés) que apareceram na visão, falando com Jesus, são pessoas que estarão no reino, mas, isso não significa que eles estavam pessoalmente ali, pois o cenário não era real e o objetivo da transfiguração era mostrar, simbolicamente, o reino paradisíaco futuro.
“E eu vos destino o reino, como meu Pai mo destinou. Para que comais e bebais à minha mesa no meu reino, e vos assenteis sobre tronos, julgando as doze tribos de Israel” (Lc 22.29,30).
Paulo também teve um arrebatamento semelhante. Ele esteve no mesmo lugar onde João estivera, mas, em outras circunstâncias e em outras condições. Ao lugar que João chamou de “Céu”, Paulo, no entanto, chama “Terceiro Céu”. Este lugar é também o paraíso. Para confirmar isso, observe o que Paulo diz em seguida: Conheço um homem em Cristo que há catorze anos […] foi arrebatado ao terceiro céu. E sei que o tal homem […] Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar.” (2 Co 12.2-4 grifo nosso).
Ora “céu”, ora “terceiro céu”, ora “paraíso”, todos estão referindo ao reino paradisíaco do Éden. Paulo e João contemplaram o paraíso em visões de diferentes perspectivas e descreveram-no como céu. É também para este mesmo lugar que Jesus promete levar os santos, porém, já não o chama de céu, Jesus define o reino como “O Paraíso”.[…] Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está nomeio do paraíso de Deus.” (Ap 2.7). Confira com Gênesis 3.3: “Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais”. grifo nosso.
Como entender João 14: 1-3?
Sempre que o assunto envolve a salvação, a primeira coisa que vem à mente humana é subir ao Céu e tomar posse das moradas celestiais. Mas à luz da Palavra de Deus, essa teoria não tem consistência alguma. O texto principal para suportar esta crença está no evangelho de João, capítulo 14 versículos 1-3. Vejamos cuidadosamente o que disse o Mestre dentro daquele contexto: “Na casa de meu Pai há muitas moradas,” Isto quer dizer que as moradas já estavam preparadas. Se não estivessem preparadas, o Mestre teria dito: “Vou preparar-vos lugar.” Em seguida, disse: “E se eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo;” – Lembre-se que Ele disse: “vos levarei para mim mesmo.” Levar para onde? Para o Céu? Isto é o que imaginam aqueles que esperam o Céu como recompensa. Porém, analisando melhor, veremos que em nenhum momento o Mestre promete levar os discípulos para o Céu. Ao contrário, Jesus promete levá-los para onde Ele estiver: “e vos levarei para mim mesmo para que onde eu estiver estejais vós também.”
Onde estará o Messias quando voltar? Se Ele há de levar Seus discípulos consigo, para onde os levará? Paulo afirma que naquele dia, os santos mortos ressuscitarão, e os santos vivos serão transformados e subirão ao encontro do Senhor nos ares. (1Ts 4. 16,17).
Muito bem, que os santos subirão, nos ares, já não resta qualquer dúvida. Mas, e das nuvens? Para onde irão os que tiverem este privilégio? Irão para o Céu com Jesus? Ou Jesus virá para a terra com os santos? Quando veio primeira vez, Jesus esteve na terra, portanto, é para a terra que Ele prometeu voltar. Um dos sinônimos do verbo voltar é “regressar”, e significa: tornar ao lugar onde já esteve. Faria sentido o Mestre vir até as nuvens, e de lá, retornar para o Céu, sem sequer pisar o chão como na primeira vez? Biblicamente falando, das nuvens, Jesus descerá com os santos sobre o Monte das Oliveiras. “Então o Senhor sairá, e pelejará contra estas nações […] E naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras […] Então virá o Senhor meu Deus, e todos os santos com ele” (Zc 14. 3-5).
No Monte Sião: João viu uma visão do Cordeiro sobre o Monte de Sião. Esta visão se cumprirá na volta do Messias, a partir daí, os 144 mil escolhidos O seguirão para onde Ele for, conforme lhes prometeu em João 14.3. “[…] e eis o Cordeiro em pé sobre o Monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil… Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vá” (Ap 14. 1;4).
Entronizado: Das nuvens, o Senhor Jesus virá para ser glorificado na presença de todos os que creram para a salvação. “E quando o Filho do homem vier em sua glória […] então se assentará no trono da sua glória” (Mt 25. 31).
Os doze apóstolos estarão entre os vinte e quatro anciãos. (Mateus 19.28). Reis, tal como Davi, também farão parte dos eleitos:
“E meu servo Davi será rei sobre eles, e todos eles terão um só pastor […] Depois tornarão os filhos de Israel, e buscarão ao Senhor, seu Deus, e a Davi, seu rei; e com temor chegarão nos últimos dias ao Senhor, e à sua bondade.” (Ez 37.24; Os 3.5).
Sacerdotes e patriarcas, por certo, completarão o número dos vinte e quatro escolhidos que compõem o corpo governamental do Cordeiro, durante o milênio, no Monte Sião. “Mas eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus” (Mt 8.11).
É importante lembrar que a expressão “reino dos céus”, aqui apresentada, não é o mesmo que “reino no Céu”, e não significa que Jesus estará no Céu quando estas coisas estiverem acontecendo. Veja que o comparecimento dos orientais e ocidentais é projetado ao lugar onde Cristo estava naquele momento, ou seja, para o reino de Israel. Por outro lado, a frase “muitos virão do oriente e do ocidente” neste contexto, é uma alusão ao tempo em que o reino de Deus estiver estabelecido na Terra e todas as noções concorrerem a ele em Jerusalém. “Muitos virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e reclinar-se-ão à mesa no reino de Deus” (Lc 13.29).
Este significado é também aplicado aos que subirão de todas as nações para adorar em Jerusalém. “E irão muitas nações, e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor, e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor” (Mq 4.2).
Voltando ao capítulo 5 do Apocalipse, o cenário que João passa a contemplar, das nuvens, para onde foi arrebatado em espírito, não é a Jerusalém celestial. Os crentes que defendem a ida da Igreja para o Céu, imaginam que o arrebatamento de João simboliza o arrebatamento da Igreja e que esta será tirada da Terra e levada àquelas moradas no Céu. De acordo com o que vimos no estudo sobre João 14. 1-3, a promessa de Jesus não é levar os salvos para as moradas que estão no Céu. Os salvos desfrutarão das moradas sim, porém, após o milênio e sobre a Terra renovada. Ao ladrão crucificado, Jesus prometeu o paraíso: “Em verdade te digo (hoje), estarás comigo no paraíso.” (Lc 23.43, grifo nosso).
Ainda sobre o Éden, lembramos que Adão e Eva foram expulsos e impedidos de voltar ao paraíso, justamente para que não comessem da árvore da vida na condição de pecadores. “[…] E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida” (Gn 3.22-24).
Adão não poderia retornar ao Éden no estado de pecado em que se encontrava. Em outras palavras, eles não podiam comer da árvore da vida que estava no meio do jardim, porque, se isso acontecesse, passariam a viver eternamente sob o efeito do pecado. Deus tomou a providência necessária para evitar o mal maior. Foi por este motivo que o Pai afastou o casal do Éden, e decretou-lhes a morte física, porém, prometeu levantar um salvador capaz de reparar o dano causado sobre a obra da criação.
“Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente. O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado” (Gn 3.22-23).
Esta é a mais pura e indiscutível prova de que o homem é um ser mortal. O homem depende de um Salvador que lhe devolva o estado de perfeição, a mesma condição que Adão possuía antes de pecar. Jesus promete devolver, não somente a perfeição que o homem tinha quando estava no Éden, como também, oferece-lhe a oportunidade de voltar ao Paraíso, de onde fora expulso, e então, comer da árvore da vida que lhe condicionará novamente a vida eterna. Esta condição não foi imposta unicamente a Adão. Obviamente que, com a sua queda, toda a criação de Deus ficou sujeita à maldição da morte, portanto, todos necessitam de um Redentor. Somente Jesus pode devolver, à criação, a dignidade de retornar ao lugar que o Criador lhe preparou desde a fundação do mundo.
Prometeu Jesus o Céu para alguém?
A mensagem de ir para o Céu não faz parte dos ensinamentos de Jesus. Vejamos o que disse o Mestre em 8.14 do Evangelho de João: “mas vós não sabeis de onde venho, nem para onde vou.” Se a mensagem de Cristo fosse levar Seus discípulos para o Céu, eles certamente saberiam para onde Ele estava indo. Na Sequência, Jesus afirma que ia para um lugar onde ninguém poderia segui-Lo. “Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Eu retiro-me, e buscar-me-eis, e morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou, não podeis vós vir” (Jo 8.21).
Todos ficaram confusos. Afinal, eles nunca foram ensinados a esperar por um reino lá no Céu. “E, ouvindo isto, um dos que estavam com ele à mesa, disse-lhe: Bem-aventurado o que comer pão no reino de Deus”(Lc 14.15). Isto denota que ninguém ali tinha conhecimento de alguma promessa de ir para o Céu. Vamos entender de maneira correta o que acontecia naquele momento, e porque todos ficaram confusos ao ouvirem as afirmações de Jesus. “Diziam, pois, os judeus: Porventura quererá matar-se a si mesmo, pois diz: Para onde eu vou não podeis vir?” (Jo 8.22).
Lendo o capítulo 8 de João, deparamos com uma estranha fala de Jesus dizendo que ia para um lugar onde ninguém poderia acompanhá-Lo. Até mesmo os discípulos ficaram sobremodo apreensivos com o teor daquela conversa. “E dizia-lhes: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo” (Jo 8.23). Jesus dizia que, Ele, por ter vindo de Deus, deveria voltar para junto de Deus. Quanto a eles, a situação era diferente. O homem é terreno, portanto, seu lugar é na terra. Ninguém ali estava preparado para ouvir um discurso daquela natureza. Porém, enquanto a conversa era com os judeus, os discípulos estavam quietos. Até que Jesus disse também a eles: “Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco. Procurar-me-eis; e, como eu disse aos judeus, também a vós o digo agora: Para onde eu vou, não podeis vós ir.” (Jo 13.33).
Você já meditou sobre esta conversa de Jesus com os discípulos? Para onde estava indo que os discípulos não podiam ir com Ele? Pode ser que você diga: Jesus ia ser sacrificado e ninguém poderia acompanhá-Lo. – Tem lógica. Mas este não era o motivo da separação. Jesus ia para um lugar ao qual eles não teriam acesso no presente nem no futuro. “[…] vós não sabeis de onde venho, nem para onde vou.” (Jo 8.14). A verdade é que o Mestre ia para o Céu, e, para lá, ninguém podia acompanhá-Lo. “E dizia-lhes: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo.” (Jo 8.23). Simão Pedro, não se contendo, indagou: “Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, para onde vais? Jesus lhe respondeu: Para onde eu vou não podes agora seguir-me, mas depois me seguirás.” (Jo 13.36).
Qualquer estudioso da Bíblia diria que aqui Jesus promete levar Pedro para o Céu. Seria isto mesmo? Na primeira conversa, o Senhor foi muito claro: “Para onde eu vou, não podeis vós ir.” (Jo 13.33). Isto Jesus disse para os judeus e para os discípulos. É inegável, ali, Jesus afirma categoricamente que ninguém podia ir com Ele para o Céu. Porém, com a insistência de Pedro, Jesus volta ao assunto, e diz a Pedro que para onde Ele estava indo agora, isto é, para o Céu, Pedro não poderia segui-Lo, mas, depois, isto é, quando Ele vier em Seu reino, Pedro então O seguirá. “[…]Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vá. […]” (Ap 14.4).
De onde vem a crença do paraíso no Céu?
A doutrina de uma ida para o Céu tem seu principal mentor o filósofo grego “Platão”. Segundo as teses filosóficas de Platão, o homem é dual e imortal, de sorte que para ele, logo após a morte do corpo, a alma do homem se eleva e o mesmo passa a viver em outra dimensão (reencarnação). O homem para Platão era um ser dual, isto é, possuidor de uma natureza mortal (corpo) e outra imortal (alma).
Minha intenção aqui, não é, de forma alguma, discutir as ideias de Platão, até porque isso não falta quem o faça. Nosso objetivo é esclarecer que tais pensamentos negam a eficácia da ressurreição; e da Bíblia. Deus não criou o homem dual. Criou-o à Sua imagem e semelhança, única e perfeita, para viver eternamente sobre o paraíso que lho preparara no Éden. Aliás, esta teoria deu também origem à doutrina da trindade. Sendo o homem dual, Deus também o é. Afinal, o homem foi criado à imagem e semelhança de seu Criador.
Aqui há duas situações diferentes, porém, tratam do mesmo sentido na existência humana. Deus disse a Adão: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra…” neste caso, o homem nada mais é do que simplesmente pó. “e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente”. Neste segundo caso, o homem, que é pó, recebe o fôlego (espírito), e é transformado em alma vivente.
Na primeira situação, entendemos que o homem tem o (espírito), portanto, ele não é um espírito. Na segunda, entendemos que o homem não tem uma “alma”; ele é a própria. Logo, o homem é o corpo. Recebendo o sopro divino, passa a ser uma alma viva. Assim, o fôlego da vida (espírito), agindo sobre ele, transforma-o em um ser vivo. Neste caso, o homem é único e mortal. Só existe se houver nele a força vital (fôlego da vida), que o constitui uma alma vivente. O corpo pode existir sem o espírito, mas não vive. Em contrapartida, a alma não existe sem o corpo, pois somente com a força vital (fôlego) é que o homem (pó) torna-se uma alma. Retirando-se a respiração do corpo, ele continua sendo uma pessoa, mas não vive, pois é o espírito que dá a força vital. O espírito, por sua vez, é a “força vital” quando retirado do corpo, não existe como ser pessoal, e, consequentemente, volta a ser o que sempre foi; um sopro de Deus.
Partindo desta compreensão, entendemos o sentido correto do texto de Eclesiastes 12.7, que diz: “E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.” . Não se deve imaginar que o espírito referido no texto acima seja a alma do homem. O homem não tem uma alma em si, ao contrário, ele é feito alma vivente a partir do momento que recebe o fôlego da vida. Da mesma forma, deixa de existir se este fôlego lhe for retirado. Assim, estando morto, para que volte a existir, é preciso que Deus o ressuscite e o transforme novamente em um ser pessoal e vivo. Se não fosse assim, não haveria ressurreição. Esse pensamento concorda com o profeta Zacarias: “[…] Fala o Senhor, o que estende o céu, e que funda a terra, e que forma o espírito do homem dentro dele.”(Zc 12:1).
Para Zacarias, o homem é a matéria. Para que essa matéria seja vivificada, é necessária uma força espiritual, a qual Deus forma dentro do corpo. Resumindo, o ser humano é a matéria inativa (pó), ao receber o sopro de Deus, é transformado em uma alma vivente. “E respondeu Abraão dizendo: Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor, ainda que sou pó e cinza…” (Gn 18.27).
Segundo as palavras de Jesus, os que morreram estão nos sepulcros:“Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz.” (Jo 5.28). Deus disse que o homem é pó. Para Cristo, o homem morre e vira pó, e ali permanece até a ressurreição. Sendo assim, é contraditório afirmar que o homem, após sua morte, esteja vivo em qualquer outro lugar do universo, senão, morto no sepulcro.
Há quem se valha da resposta de Cristo ao ladrão; no Gólgota, a quem Jesus teria dito: “E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.” (Lc 23. 43).*
Entretanto, se o ladrão perdoado foi imediatamente para o paraíso, algo de muito contraditório há nesta interpretação. A verdade é que aqueles que usam este texto, nesta construção, batem de frente com o próprio Cristo. Digo isto porque nem mesmo o Salvador foi para o paraíso naquele dia. Segundo o próprio evangelista Lucas, Atos 1.3, Cristo permaneceu por mais 40 dias em companhia de seus discípulos, depois de Sua morte, para então subir para junto do Pai.
“Aos quais também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias, e falando das coisas concernentes ao reino de Deus” (At 1.3).
É importante salientar que os originais da Bíblia foram escritos de acordo com sistemas linguísticos muito diferentes do nosso sistema. Isso implica em observar a pontuação. Há situações em que uma vírgula, ou a própria construção de uma frase, pode mudar completamente o sentido da informação original. A partir deste princípio, é necessário observar o contexto em que a informação está inserida. Em um caso como este, a análise do contexto é indispensável. Antes de dar continuidade, vamos analisar a frase de (Lc 23.43). Esta frase é muito contraditória se comparada com outras igualmente proferidas por Jesus, principalmente quando consideramos que o próprio Mestre disse: “Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra.” (Mt 12.40).
Poderia Jesus profetizar que passaria três dias e três noites no seio da terra, e ir para o paraíso naquele mesmo dia? Em qual das duas situações o Mestre teria se equivocado para dizer uma coisa e fazer outra? A resposta a esta pergunta é muito simples. Sendo o Filho de Deus, Jesus não cometeu nenhum equívoco, nestas passagens e em nenhuma outra. Afinal, Ele mesmo disse a Maria: “Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai” (Jo 20.17).
Voltando ao assunto em Lucas 23,43, o construtor da frese, provavelmente, não teve a intenção de traduzi-la nesta construção. O fato é que ele não levou em consideração a profecia de Jesus, na qual Ele promete permanecer por três dias na sepultura. Também não atentou para a narrativa de Lucas, onde o evangelista confirma que o Mestre, após Sua ressurreição, permaneceu entre eles por mais de quarenta dias antes de subir para o Céu. Este é um caso em que o contexto faz muita diferença. Portanto, a construção mais apropriada a esta frase seria: “E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo “hoje”, que estarás comigo no Paraíso. (Grifo nosso)”.
Gostaria de fazer algumas considerações sobre Lucas 23.43 no original grego. * “amem soi legõ sêmeron met emou esê en tõ paradisõ”.
Pode-se ver que o original grego, conforme aparece acima, não possui pontuação. Uma prova incontestável que a frase foi construída segundo a interpretação do tradutor. Usando o bom senso, este texto também poderia ter sido traduzido assim: “E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo (hoje) que estarás comigo no Paraíso.” (Lc 23. 43).
Seria desnecessário apelar para o bom senso, pois, na forma como aparece em nossas Bíblias, esta frase entra em contradição também com as palavras de Paulo: “Pois como em Adão todos morrem, do mesmo modo em Cristo todos serão vivificados. Cada um, porém, na sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda”(1Co 15.22,23).
Quando virá o Reino dos Céus?
Entende-se o reino dos céus em três tempos distintos: “reino milenar; reino da graça e o reino eterno”. A este último, Paulo também chama: “O Terceiro Céu”. Se há terceiro, é porque há primeiro e segundo. O primeiro tempo do reino dos céus, “reino da graça”, iniciou na primeira vinda de Jesus, e se cumprirá com o Seu segundo advento, dando lugar ao reino milenar.
A expressão “reino dos céus”, muito usada por Jesus, tem levado muitas pessoas a imaginar uma morada eternamente no Céu. Imaginam que o reino dos céus sejam as moradas celestiais. Já vimos, no estudo sobre João 14, que somente na nova Terra, depois do milênio, é que os santos habitarão as moradas celestiais. Por outro lado, Jesus disse que aos vencedores dará o reino que está preparado desde a fundação do mundo.“Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25.34).
Isso sugere que a criação do reino está intrinsecamente ligada à fundação do paraíso edênico na criação. As moradas celestiais, mencionadas em João 14, é também a morada de Deus e não tem qualquer relação com a criação do mundo. “Na casa de meu Pai há muitas moradas” (Jo 14.2). Contudo, após o milênio, quando todas as coisas estiverem restauradas, a nova Jerusalém, nova Terra, será a eterna habitação dos salvos.
“E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido. […] Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus” (Ap 21.2-3).
Esta visão confirma também a profecia de Daniel sobre uma pedra que desce do Céu. “[…] mas a pedra, que feriu a estátua, se tornou um grande monte, e encheu toda a terra” (Dn 2.35). Esta pedra é o reino de Deus que desce do Céu e enche toda a Terra.
“Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre” (Dn 2.44).
Para todos os efeitos, o salmista também disse: “Dizei entre as nações:O Senhor reina; ele firmou o mundo, de modo que não pode ser abalado. Ele julgará os povos com retidão.” (Sl 96.10).
Reflita: Se para tantos parece impossível que tudo isto aconteça literalmente no milênio, para nós, não há nada de anormal, e tudo isto é plenamente possível, porque, isto é o que está escrito e no tempo determinado se cumprirá. “O Senhor reina; está vestido de majestade. O Senhor se revestiu, cingiu-se de fortaleza; o mundo também está estabelecido, de modo que não pode ser abalado” (Sl 93.1).
O milênio será a segunda fase do reino dos Céus. O Messias se assentará no trono de Davi e subjugará as nações. O reino messiânico será também o tempo dos santos; eles também reinarão com Jesus. “E para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra” (Ap 5.10; Dn 7.27).
Duas situações dão a entender que a morte ainda estará em atividade durante o milênio. Primeira: a morte será o último inimigo a ser destruído, e isto só acontecerá no final dos mil anos. Segunda: no final do milênio haverá ressurreição. Se haverá ressurreição, é porque a morte ainda não terá sido eliminada. Jesus poderia destruir Satanás com o esplendor de Sua vinda, mas não o fará ainda. Permitirá que ele permaneça preso neste período. Um dos motivos para que isso aconteça é para que Satanás veja o triunfo do reino messiânico e a prosperidade dos salvos na regeneração de todas as coisas.
“Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça (Mt 13.43). O lobo e o cordeiro se apascentarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; e pó será a comida da serpente. Não farão mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o Senhor” (Is 65.25).
Ao final do milênio, a Terra estará transformada e o Reino Messiânico como o Jardim do Éden. Neste tempo, o Messias entregará o Reino ao Pai, conforme está escrito: (1Co 15.24-26). Então, o mundo voltará às origens e o sonho do Reino Eterno se tornará realidade para todo o povo de Deus. Após o milênio se cumprirá a terceira fase do Reino dos Céus. Este é o período que a Bíblia denomina: “Novos Céus e Nova Terra” onde habitará a justiça. Será neste tempo também que se cumprirá a profecia da transfiguração e a promessa das moradas celestiais. (Jo 14.3).
Que quer dizer “novo céu e nova terra?”
Há um detalhe, pequeno, porém, que muito significa para o entendimento correto deste contexto. Trata-se da expressão “nunca mais”, empregada por Jesus na visão de novos céus e nova terra, no livro do Apocalipse: “Ali nunca mais haverá maldição contra alguém. Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão.” (Ap 22. 3). (ACA)
Isto nos leva a refletir sobre qual lugar o Salvador está falando. De uma coisa temos certeza, quando usou a expressão (nunca mais), Jesus não se referia ao Céu. Primeiro, porque céu e terra são duas coisas muito diferentes, e depois, porque o Céu nunca foi um lugar sob maldição. De fato Jesus mostra um lugar ao qual chama de nova Terra, porém, ao mesmo tempo, diz que ali nunca mais entrará maldição. A expressão (nunca mais) usada por Jesus faz muita diferença. Ela é como um retrovisor a mostrar o que ficou para traz, especialmente, a criação do mundo. No início da criação, a Terra foi amaldiçoada por causa do pecado de Adão (Gn 3.17).
Jesus veio para remover a maldição do pecado que se abateu sobre a Terra e sobre toda a obra da criação. Com o transcorrer do milênio, o pecado será banido; o que é corruptível se transformará em incorruptível, e a Terra será restaurada ao seu estado original. “E habitarão nela, e não haverá mais maldição; mas Jerusalém habitará em segurança” (Zc 14.11). Então será cumprida a promessa de renovação de tudo “E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21.5).
Concluímos então que a expressão “nunca mais” aplica-se à esta Terra e a nenhum outro lugar. “E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória” (1Co 15.54).
BIBLIOGRAFIA:
Versões utilizadas nesta Edição:
– Bíblia Almeida Corrigida Fiel (ACF)
– Bíblia Judaica – Ed. 1998 – Editora Vida.
– Nova Versão Internacional (NVI) “Edição
traduzida diretamente dos originais em grego,
hebraico e aramaico. ISBN 85-7367-608-6″.
Referências:
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