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Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Elohim verdadeiro, e a Yeshua o Messias, a quem enviaste. JOÃO 17:3
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HOJE ESTARÁS COMIGO NO PARAÍSO

HOJE ESTARÁS COMIGO NO PARAÍSO

A maior das falsas interpretações dos verdadeiros ensinos de Cristo por parte dos defensores da doutrina da imortalidade da alma é também uma das últimas mensagens que Cristo trouxe enquanto ainda estava em vida. Segundo os dualistas, o que Jesus disse ao ladrão do lado da cruz foi que estaria naquele mesmo dia com ele no Paraíso: “Em verdade e digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (cf. Lc.23:43).

O que poucas pessoas sabem, é que temos muitas evidências de que o ladrão, realmente, não esteve no Paraíso naquele dia. Mas como não? A Bíblia não diz claramente isso? Na verdade, não. O fato é que o original grego não tinha vírgulas, e o texto original assim reza: “Kai eipen autw amhn soi legw shmeron met emou esh en tw paradeisw” (cf. Lc.23,43).

Em primeiro lugar, é bom mencionarmos logo que a adição presente em muitas Bíblias, da palavra “QUE”, não existe nos originais. O que Jesus realmente disse ao ladrão da cruz foi: “Em verdade te digo hoje estarás comigo no Paraíso”. Como o texto original não possui vírgulas e o texto deixa em aberto a questão, poderíamos colocá-la em dois lugares diferentes, entretanto é algo que mudaria completamente o significado da frase.

Esta poderia ser: “Em verdade te digo, hoje estarás comigo no Paraíso” (dando a entender que estaria naquele dia no Paraíso com o ladrão da cruz) ou então: “Em verdade te digo hoje, estarás comigo no Paraíso” (ele garantia “hoje” que o ladrão estaria no Paraíso).

É algo parecido com uma rebelião em determinada cidade, que o governante comunicou a revolta ao seu superior, dizendo: “Devo fazer fogo ou poupar a cidade?” A resposta do superior foi: “Fogo não, poupe a cidade”. Infelizmente, o funcionário do correio trocou a vírgula e escreveu o seguinte na resposta do telegrama: “Fogo, não poupe a cidade”.

A cidade foi totalmente destruída. Mas como podemos saber que Jesus realmente não disse: “Em verdade te digo, hoje estarás comigo no Paraíso”? Temos muitos motivos para desacreditar que o ladrão não esteve naquele mesmo dia com Cristo no Paraíso. Alguns dos principais motivos:

Após três dias, Jesus ainda não havia subido ao Pai – Uma verdade que nos é reveladora para concluirmos que Cristo não esteve com o ladrão da cruz naquele mesmo dia no Paraíso, é o fato de que após três dias morto, Jesus ainda não havia subido ao Pai, e declarou a Maria Madalena: “Não me detenhas; porque ainda não subi para meu Pai” (cf. Jo.20:17). Ora, se Jesus ainda não havia subido ao Pai após três dias, então não poderia ter estado naquele mesmo dia com o ladrão da cruz no Paraíso!

Além disso, seria muito estranho Cristo ter subido ao Pai junto com o ladrão “em espírito”, e depois voltado ao corpo e dizer que não havia subido ao Pai. Isso seria uma mentira. O texto não diz que ele não subiu “apenas corporalmente”, o texto diz que a pessoa de Cristo, que o próprio Cristo não passou pelo Paraíso nos dias em que esteve morto. Nisso fica claro que não poderia estar junto com o ladrão da cruz naquele mesmo dia no Céu.

Ademais, a interpretação dos dualistas de que Jesus esteve no Paraíso nos dias em que esteve morto bate fortemente com qualquer senso de lógica e pelas regras do bom senso, como bem observa o prof. Azenilto Brito: “Para os imortalistas, quando Jesus declarou que não subiu para o Pai em João 20:17 Ele quis dizer — minha alma é que subiu; agora é que vou completo, corpo e alma… Conclusão absurda, para dizer o mínimo”.

É evidente que, caso Cristo tivesse subido ao Paraíso, então ele relataria isso a Maria Madalena ou, no mínimo, omitiria tal declaração tão categórica de que ele não esteve no Paraíso; passaria a dizer algo como “já subi e subirei de novo”. Infelizmente para os imortalistas, a única coisa que Cristo disse é que ainda NÃO havia subido ao Pai, algo que não seria verdade caso o “verdadeiro eu” de Cristo já tivesse subido.

Jesus desceu, não subiu – Outro fator de clareza fundamental para concluirmos que Cristo realmente não subiu ao Pai no dia em que morreu, é o fato que, nos três dias em que Cristo esteve morto, ele esteve no Sheol, e não no Paraíso. Tal fato é relatado no livro de Atos, quando Pedro falava a respeito da ressurreição de Jesus: “Porque não deixarás a minha alma no Sheol, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção.” (cf. At.2:27).

Pedro na realidade usou a passagem do livro dos Salmos em que Davi citava tal passagem, que, aliás, já foi passada aqui: “Pois não deixarás a minha alma no Sheol, nem permitirás que o teu santo veja a corrupção” (cf. Sl.16:10). Já vimos aqui também que Sheol, na concepção bíblica, não é morada consciente de espíritos, embora para os imortalistas o seja, contrariando a Bíblia.

De qualquer forma, o próprio Cristo afirmou que o Hades (transliterado grego da palavra “Sheol”) fica nas regiões inferiores da terra, em oposição ao Paraíso: “E tu, Cafarnaum, será elevada até ao céu? Não, você descerá até o Hades! Se os milagres que em você foram realizados tivessem sido realizados em Sodoma, ela teria permanecido até hoje” (cf. Mt.11:23; ver também Ef.4:9; Mt.12:40).

Portanto, vemos que a alma de Cristo passou os três dias em que esteve morto no Sheol, que não é o Paraíso, muito pelo contrário, está em um local em oposição a este (cf. Mt.11:23). O Filho do Homem estaria “três dias e três noites no coração da terra” (cf. Mt.12:40), e não no Paraíso. Portanto, sendo que claramente Jesus esteve no Sheol (e não no Paraíso) nos dias em que esteve morto, logo ele não podia estar naquele mesmo dia com o ladrão da cruz em um lugar em que ele não passou.

O contexto – O que foi dito pelo ladrão da cruz no verso anterior a esta resposta de Cristo (no verso 42), no original grego foi: μνήσθητί = Lembra-te μου = de mim ὅταν = quando ἔλθῃς = vier εἰς = em τὴν = o βασιλείαν = Reino σου = de ti. Ou seja, “Lembra-te de mim quando vieres no teu Reino”. Tal é o texto original no grego e confirmado pelas melhores versões a nossa disposição, tais como a versão Trinitariana, a Versão Italiana de G. Deodatti, a Francesa L. Segond, a Inglesa de King James, Almeida Revisada e Atualizada, entre outras.

Cristo buscava assegurar ao ladrão da cruz que não precisava pensar em termos de tempo tão remoto para ser lembrado por Ele. “Hoje lhe garanto que estarás comigo no Paraíso”, é o sentido lógico diante de tal contexto. O ladrão pediu a Jesus para lembrar-se dele no futuro quando Ele viesse no Seu Reino visível (v.42), mas Jesus respondeu o lembrando imediatamente – “hoje” – assegurando que estaria com Ele no Paraíso.

“Em verdade te digo hoje”, isto é, eu lembro agora mesmo, não precisa pensar em um tempo tão distante, hoje mesmo eu te digo que você estará comigo no Paraíso. Esse é o sentido lógico pelo contexto. Note que o próprio ladrão sabia que não iria ao Céu imediatamente após a morte, já que pediu para Cristo se lembrar dele “quando viesse em seu Reino”, ou seja, na segunda vinda de Cristo.

Lemos, por exemplo, em Deuteronômio 30:16 e 18 frases semelhantes à de Lucas 23:43, o que nos mostra que era comum dizer “em verdade te digo hoje”, levando em consideração a sociedade judaizante da época de Cristo. De fato, a Oxford Companion Bible, diz ainda em seu comentário: ‘Hoje’ concorda com ‘te digo’ para dar ênfase à solenidade da ocasião; não concorda com “estarás’.

O ladrão não morria naquele mesmo dia – Um condenado a morte de cruz geralmente demorava dias para morrer na cruz. Lemos em João 19:31-33 um costume antigo realizado pelos judeus: “Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a Preparação (pois era grande o dia de sábado), rogaram a Pilatos que lhes quebrassem as pernas, e que fossem tirados. Foram, pois, os soldados e, na verdade, quebraram as pernas do primeiro, e ao outro que com ele fora crucificado; mas vindo a Jesus, e vendo-O já morto, não lhe quebraram as pernas” (cf. Jo.19:31-33).

Ora, qual seria a razão pela qual devia-se quebrar as pernas dos crucificados? Porque o crucificado não morria no mesmo dia. Cristo foi exceção ao caso porque expirou antes (cf. Lc.23:46), ele não morreu como resultado da hemorragia. Os outros, contudo, ainda ficavam vivos agonizando durante dias – não poderiam estar com Cristo naquele mesmo dia em questão.

Isso é o que a História e a Bíblia Sagrada nos mostra. Diz o comentário de J. B. Howell: “O crucificado permanecia pendurado na cruz até que, exausto pela dor, pelo enfraquecimento, pela fome e a sede, sobreviesse a morte. Duravam os padecimentos geralmente três dias, e às vezes, sete” [Comentário a S. Mateus, pág. 500].

Arnaldo B. Christianini segue na mesma linha e afirma: “Depois do sábado haver passado, sem dúvida esses dois corpos foram outra vez amarrados na cruz, e lá ficaram diversos dias, até morrerem (…) Se era necessário quebrar as pernas aos dois malfeitores, antes do pôr do sol, é porque não haviam morrido ainda. Na pior das hipóteses viveram ainda, pelo menos, um dia a mais do que o Mestre. Como podia, um deles, estar no mesmo dia junto de Jesus?” [Subtilezas do Erro, pág 222]. Vemos, portanto, que historicamente os ladrões que morriam na cruz não faleciam no mesmo dia da crucificação.

E a Bíblia confirma isso? Sim, confirma. Na passagem anteriormente citada, vemos que “os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto que era véspera do sábado, pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados” (cf. Jo.19:31). Por que as pernas dos crucificados foram quebradas? Para matá-los logo? Na verdade, não.

Ora, se alguém quisesse matá-los, bastaria uma lancetada no coração ou no fígado deles (como foi feita com Cristo porque viram que já estava morto). A finalidade em quebrar as pernas deles não era para matá-los, mas sim porque havia uma tradição entre os judeus que não permitia que o condenado ficasse dependurado na cruz no dia de sábado.

Por isso, lhes quebravam as pernas e era descido do madeiro e ficava assim até o fim do sábado. Prova ainda mais forte do que o fato que tal procedimento não resultava em morte imediata dos crucificados é a grande surpresa de Pilatos (experiente em crucificações) em ver que Jesus já havia morrido:

“E Pilatos se admirou de que {Cristo} já estivesse morto” (cf. Mc.15:44). Veja que Pilatos ficou pasmo em ver que Jesus já estivesse morto. Certamente deveria ter dito algo como “Já morreu?!” Por que Pilatos “se admirou”? Por certo, Pilatos, veterano em mandar pessoas para cruz (já acostumado com as crucificações), admirou-se diante de um fato inusitado: Era algo incomum alguém morrer no mesmo dia da crucificação!

Está é outra evidência textual que indica que os ladrões não morreram no mesmo dia que Cristo. Ora, se os crucificados morriam no mesmo dia como resultado do procedimento dos judeus, então Pilatos não iria se admirar com tal fato, pois seria algo relativamente comum de acontecer e não algo tão inusitado ao ponto de um veterano em crucificações (como era Pilatos) ficasse tão admirado.

Vemos, portanto, que historicamente e biblicamente o ladrão não morria naquele mesmo dia e, por isso e por outros motivos, não poderia estar naquele mesmo dia no Paraíso com Cristo – que, por sinal, também não subiu por lá enquanto esteve morto (cf. Jo.20:17).

Evidências Históricas – Como se tudo isso não fosse suficientemente claro, temos ainda mais fontes e evidências históricas que corroboram com o fato de que o que Cristo disse ao ladrão da cruz foi que “Hoje lhe garanto que estarás comigo no Paraíso”. No texto original do grego, não existia vírgulas e, portanto, os tradutores colocam a vírgula antes do advérbio “hoje”, não por alguma razão gramatical, mas sim em decorrência das suas razões teológicas.

Mas, apesar do grego não possuir vírgulas, existiam outros idiomas na época que possuíam e nos ajudam extraordinariamente a desvendar de vez se a vírgula é antes ou depois do advérbio “hoje”. Tais documentos históricos vêm de idiomas que ou possuía a vírgula ou puderam formular o texto de maneira em que fica mais clara qual é o sentido do verso 43.

E todos comprovam que, de fato, o que Jesus realmente afirmou ao ladrão da cruz foi: “Em verdade te digo hoje, estarás comigo no Paraíso”.

“Eu digo a você hoje, que Comigo tu deve está no Jardim de Éden” [Manuscritos Bc e Sy-C – Antigo Siríaco]

“E Ele disse a ele: ‘Hoje Eu lhe conto a verdade, que Eu devo o ter em Paraíso Comigo.'”; “E imediatamente Ele disse a mim: Amém, amém, hoje Eu lhe falo, você estará comigo em Paraíso” [Evangelho de Nicodemos – segundo século d.C]

“Macário indigna-se contra estes que, incapazes de acreditar na autoridade de Jesus alcançar o Paraíso, pontuam depois de σήμερον.” [Macário Magnes – Comentário de Lucas]

“Verdadeiramente eu lhe falo hoje” [Hesichius de Jerusalem, em Patrologia Grega, Volume Noventa e Três, 1433]

“Verdadeiramente Eu lhe falo hoje” [Teofilacto em Patrologia Grega, em Patrologia Grega, Volume Cento e Vinte e Três, 1104]

Portanto, nem historicamente o ladrão entrou no Paraíso naquele mesmo dia…

A gramática – Ainda que o texto original não possua vírgulas, a forma linguística em que ele é escrito nos ajuda a desvendarmos qual é o seu real sentido na passagem em pauta. No português, quando traduzimos a frase podemos colocá-la em antes ou depois do advérbio “hoje” (como vimos acima), e ambas as traduções aparentemente podem dar sentido real a frase.

Contudo, quando pegamos os manuscritos originais no grego e ponderamos em onde colocar a vírgula, tal não faz sentido se ela for colocada antes do “hoje”, como querem os imortalistas. Por quê? Simplesmente porque isso criaria um dilema de primeira ordem por falta de lógica no próprio texto.

Grande parte dos tradutores simplesmente ignoram a palavra; ἐμοῦ = de mim. Sem considerar esta palavra o sentido original do foi dito se perde. Vejamos uma tradução do verso palavra por palavra:

καὶ = E εἶπεν = disse αὐτῷ = a ele Ἀμήν = amém σοι = a ti λέγω = digo σήμερον = hoje μετ᾿ = depois ἐμοῦ = de mim ἔσῃ = serás ἐν = em τῷ = o παραδείσῳ = paraíso.

A palavra μετ᾿ significa “comigo”, como também significa “depois”, se você considerar que μετ᾿ está no sentido de “comigo”. Necessariamente, temos que ignorar a palavra ἐμοῦ = de mim. Comigo de mim, não faz sentido algum. A vírgula não pode ficar antes de “hoje”. A vírgula deve ser colocada após o “hoje” e também após o “depois”. Considerando todas as palavras como elas são literalmente e traduzindo corretamente, o sentido original do foi dito fica muito claro:

“E disse a ele; Amém a ti digo hoje, depois, de mim serás em o paraíso”. Depois de todas as coisas concluídas, o ladrão com certeza absoluta será do nosso Salvador. Jesus entregou ao ladrão da cruz a promessa de que este estaria no Paraíso. ‘Hoje’ é o momento em que esta promessa lhe foi dita. Naquele momento Cristo assegurou a ele tal promessa. Mas em resposta a que foi feita a promessa?

Verso 42… μνήσθητί = Lembra-te μου = de mim ὅταν = quando ἔλθῃς = vier εἰς = em τὴν = o βασιλείαν = Reino σου = de ti.

“Lembra-te de mim quando vier em o reino de ti”. O ladrão tinha dúvida se aquilo poderia ser possível e, por isso, seu pedido a Jesus foi que este se lembrasse dele, não quando morresse, mas quando Ele viesse em seu poder visível. Então, naquele momento, o hoje, Cristo lhe deu esta certeza. Ele lhe garantio: “depois, de mim serás em o paraíso”.

A preposição μετὰ indica um tempo – depois; após; além de. Depois que todas as coisas forem concluídas, quando Cristo vier na Sua Glória, o ladrão será propriedade do Senhor Jesus. Naquele momento, o ‘hoje’ do verso, o ladrão recebeu a certeza de que no futuro, estaria com Cristo no Paraíso.

ἐμοῦ ou μου é um pronome na primeira pessoa do singular, que não pode ser ignorada. No grego a pontuação não é absolutamente necessária para a compreensão textual, mas no português se você não organizar as palavras da maneira correta e usando a pontuação, o texto fica sem nenhum sentido, e ainda dá margens para más interpretações.

A Bíblia deixa claro que a entrada no Reino e a recompensa é somente na ressurreição – O galardão, a recompensa, a herança, a entrada no Paraíso, é dada apenas no momento da segunda vinda de Cristo, que é quando os mortos hão de ressuscitar (cf. 1Co.15:22,23). Fica claro que o ladrão não poderia entrar naquele mesmo dia no Paraíso, pois Cristo não iria contradizer de maneira nenhuma os ensinamentos bíblicos de que a recompensa é só quando Ele voltar, e não no momento da morte:

“Eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras” (cf. Ap.22:12); “Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos e então retribuirá a cada um conforme as suas obras” (cf. Mt.16:27). Se estivessem os mortos no Céu ou no inferno, já teriam recebido a recompensa. Também Deus diz para Daniel que entraria na sua herança somente no fim dos dias, na ressurreição dos mortos:

“Tu, porém, vai até ao fim; porque descansarás, e te levantarás na tua herança, no fim dos dias” (cf. Dn.12:13). Ora, qual seria a “herança” que Daniel receberia, senão a entrada no Paraíso? Ademais, o próprio Cristo afirma claramente que a entrada no Paraíso é no momento da Sua Volta, e não no momento da morte: “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar. Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, também vós estejais” (cf. João 14:2,3).

E o apóstolo Paulo também afirma categoricamente: “Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (cf. 2Tm.4:6-8).

A Bíblia não pode se contradizer em seus ensinamentos sobre a vida futura e ela ensina claramente que as recompensas e punições, bem como a separação entre os salvos e os não-salvos, só terão lugar na segunda vinda de Cristo: “Quando o Filho do homemvier em sua glória, com todos os anjos, assentar-se-á em seu trono na glória celestial. Todas as nações serão reunidas diante dele, e ele separará umas das outras como o pastor separa ao pastor separa as ovelhas dos bodes. E colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo” (cf. Mt.25:31-34).

Portanto, fica mais do que claro que a entrada no Paraíso é no momento da segunda vinda de Cristo, e não no momento da morte, afinal, “de modo algum precederemos os que dormem” (cf. 1Ts.4:15). O ladrão da cruz não foi exceção a regra.

O ladrão só entra na segunda vinda de Cristo – Como já vimos até aqui, o pedido do ladrão da cruz no v.42: “και ελεγεν τω ιησου μνησθητι μου κυριε οταν ελθης εν τη βασιλεια σου”, corretamente traduzido por: “Lembra-te de mim quanto vieres no teu Reino”; nos deixa claro que o próprio ladrão da cruz sabia que não estaria naquele mesmo dia com Cristo, pois se fosse assim ele pediria para ser lembrado “naquele mesmo dia” ou quando Cristo “entrasse no Reino”, como algumas traduções equivocadamente traduzem para dar algum sentido à sua interpretação de que no verso seguinte Cristo teria lhe assegurado que estaria com o ele no mesmo dia no Paraíso.

Por isso, tomaram a liberdade de traduzir o verso 42 por “Lembra-te de mim quando entrares no teu Reino”, tradução essa que vai contra os melhores manuscritos originais e também contra as melhores traduções bíblicas do mundo, e pelo único motivo de não renegar a sua crença na partida da “alma imortal” na morte.

Contudo, o ladrão pediu para ser lembrado quando “vieres no teu Reino”. Os judeus criam que a vinda do Messias acarretaria na vinda imediata do Reino em sua forma visível, com um “Cristo” político e libertador. Contudo, a vinda de Jesus trouxe o Reino em sua forma espiritual, dando-nos vitória sobre as forças das trevas.

Quando o ladrão pede para ser lembrado por Cristo “quando vieres no teu Reino”, ele traduz a sua convicção de que ele só voltaria à vida novamente quando a vinda visível do Reino de Cristo for consumada, pois é somente neste momento (da segunda vinda de Cristo, a Sua Volta Gloriosa), que os mortos serão ressuscitados. É por isso que muitos manuscritos antigos trazem: “lembra-te de mim quando vieres no teu poder real”.

O ladrão sabia que ele iria morrer, e Cristo também, e pede para ser lembrado por Ele naquele dia tão esperado em que Cristo viesse em Seu reino em sua forma visível, destruindo o poder da morte e dando vida aos mortos. É neste momento que o ladrão seria lembrado por ele, porque é somente neste momento em que os mortos ressuscitam para estar com Cristo.

Portanto, vemos que:

(1) O ladrão sabia que não entraria no Paraíso naquele mesmo dia, por isso pediu para ser lembrado por Cristo somente quando na Sua Segunda Vinda.

(2) Cristo lhe assegurou naquele mesmo dia que o ladrão estaria com ele no Paraíso. O ladrão pediu a Jesus para lembrar-se dele no futuro quando Ele viesse em seu poder visível, mas Jesus respondeu lembrando a ele imediatamente, o “hoje” do verso, e garantindo que com Ele seria no Paraíso.

(3) Quando? O verso anterior responde a essa pergunta: “Quando vieres no teu Reino” (v.42)!

Essa é a conclusão fácil, clara, óbvia, inequívoca e evidente diante do contexto, dos documentos históricos, das provas bíblicas e dos fatos coerentes que nos mostram nessa passagem que o ladrão só entra no Reino na segunda vinda de Cristo, e não no momento da morte.

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Por: Lucas Banzoli.

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