Mariolatria / Cristolatria
Mariolatria / Cristolatria
Devemos cultuar o Messias ???
Ao se desligar da ICAR (Igreja Católica Apostólica Romana), o protestantismo e suas ramificações abandonaram certas praticas e tradições mas mantiveram outras após adaptá-las a sua nova realidade. Entre as tradições mantidas encontra-se a “cristolatria”, uma violação explícita ao 1º mandamento do decálogo. (Ex. 20:3-17).
Que os cristãos judeus do primeiro século criam na unicidade do Deus eterno e tinham a Yeshua como o Messias prometido é fato notório visto que os mesmos continuaram frequentando a sinagoga e só se afastaram da mesma no ano 132 EC quando o Rabi Akiva declarou que Simão Bar Koziba (líder da última revolta judaica contra os romanos 132 a 135 EC) era o messias prometido mudando-lhe o nome para Bar Kokhba (filho da estrela).
A doutrina de que o messias também seria um deus surgiu em virtude da soteriologia (doutrina da salvação) da época (II Século EC) que se baseava no ensino de Ireneu (120 a 202 EC) discípulo de Policarpo (55 a 155 EC)que por sua vez era discípuloo de João, último dos apóstolos de Yeshua.
Ireneu ensinava que a salvação dependia unicamente da união entre a natureza divina com a natureza humana de forma que se Yeshua não fosse totalmente divino e totalmente humano, não poderia fazer tal união, única maneira (segundo ele) pela qual a humanidade poderia ter vida eterna.
O estabelecimento dessa doutrina levantou grande polêmica que se arrastou por séculos na igreja cristã primitiva. Foi parcialmente estabelecida no concílio de Nicéia pelo decreto do imperador Constantino ano 325 EC e no concílio de constantinópla (381 EC) através do poder secular (Imperador Teodósio I) no final do século IV. Foi definitivamente estabelecida no concílio de Calcedônia no ano 451.
Como se originou essa doutrina?
Aqui se faz necessário uma melhor compreensão da importância do sábado. Sabemos que o sábado foi dado como sinal entre o Eterno e Seu povo; sabemos também que o sábado foi dado a Israel. Sendo assim os pais da igreja deveriam recorrer aos ensinos dados pelo Eterno a Israel (Escritura Hebraica – Velho Testamento) para conhecer a vida do messias, e não aos ensinamentos de povos pagãos como foi o caso na igreja cristã primitiva que desde o primeiro século com o apóstolo Paulo, utilizava escritos de filósofos gregos, e a partir do segundo século com os pais da igreja recorrendo à filosofia grega para interpretar e dar sustentação às doutrinas que estavam desenvolvendo.
Por terem buscado conhecer o Messias através da filosofia grega, os teólogos trouxeram para o seio da igreja múltiplas doutrinas e tradições pagãs revestidas com caracteres cristãos.
Nas Escrituras (Velho Testamento) não encontramos nenhuma base para cultuarmos o messias, ao contrário, conforme é ensinado no ritual do santuário, até o messias (sumo sacerdote) morreria caso comparecesse ante a presença do Eterno de maneira indigna. Lv.10:6-11; 16:2.
Já no Novo Testamento os próprios discípulos nunca veneraram Yeshua como sendo divino mas o reconheciam e o honravam tão somente como o messias e assim ensinavavam, sendo por isso mesmo chamados de cristãos em Antioquia. Jo.17:3; At.11:26.
* A palavra cristão deriva da palavra grega “cristo” que equivale a palavra “messias” no hebraico e significa “ungido”, ou seja, aquele que foi investido de autoridade.
Com o surgimento da igreja cristã helênica (grega), organizada pelo apóstolo Paulo, a filosofia grega passou a ser muito aplicada na interpretação das escrituras hebraica o que distorceu e corrompeu o verdadeiro sentido e significado dos ensinamentos dados pelo Eterno a Seu povo Israel para que este o difundisse a todos os demais povos.
Devemos cultuar o Messias??
Existe uma grande diferença entre adoração e submissão a uma autoridade devidamente constituída; na adoração além do sentimento de gratidão e louvor, há o reconhecimento de que aquele perante quem nos prostramos é a autoridade máxima além do qual não há outro igual. Já na submissão a uma autoridade constituída consiste simplesmente na obediência a esta autoridade em reconhecimento do direito daquele que o constituiu delegar autoridade a quem lhe aprouver.
Sendo assim, analisando o ritual do santuário como também o relato da vida de Yeshua nos evangelhos, podemos concluir que o nosso relacionamento com ele não envolve cultuá-lo ou exaltá-lo com louvores como tem sido prática comum entre as igrejas cristãs.
Para compreender melhor esse tema precisamos entender alguns textos nas Escrituras Hebraica (Antigo Testamento) onde alguns personagens foram ungidos pelo Eterno, lembrando também que a palavra ungido significa “Messias”.
O Anjo do Senhor
Êxodo 23:20-23
Vs 21 (“Guarda-te diante dele, e ouve a sua voz, e não o provoques à ira; porque não perdoará a vossa rebelião; porque o meu nome está nele”.)
Êxodo 32:34
“Vai, pois, agora, conduze este povo para onde te tenho dito; eis que o meu Anjo irá adiante de ti; porém, no dis da minha visitação, visitarei, neles, o seu pecado”.
Êxodo 33:1-3
Vs 2 “… E enviarei um Anjo adiante de ti …” vs 3 “… porque eu não subirei no meio de ti, …”
Nos textos acima podemos observar que o Anjo do Senhor (um dos anjos da hoste celestial que foi ungido) não é igual ao Eterno mas a Ele submisso, não sendo portanto passível de adoração, adoração essa pertencente única e exclusivamente Àquele que lhe outorgou tal autoridade. Em outras palavras podemos dizer que o Anjo do Senhor foi o Messias (ungido) para guiar o povo de Israel durante sua peregrinação pelo deserto.
O Sumo sacerdote
Levítico 16:1-34
vs 32 pp “E o sacerdote que for ungido e que for sagrado para administrar o sacerdócio …”
Semelhante ao parágrafo acima podemos dizer que o sumo sacerdote foi o messias (ungido) designado para liderar os demais sacerdotes em todos os seus deveres; O Sumo sacerdote assim como o Anjo do Senhor jamais foram alvo de adoração.
Quem foi Yeshua e qual a sua missão?
Para melhor compreensão desse tema e sabedores que a palavra “ungido” tem o mesmo significado de “messias”, sem nenhum receio podemos analisar a vida de alguns messias (ungidos) que já surgiram entre o povo de Israel.
Precisamos ter em mente que quando um indivíduo é ungido (investido de autoridade) passa a representar aquele que o ungiu de forma que tudo quanto se fizer a ele, será considerado como sendo feito àquele que o investiu de tal autoridade.
O primeiro messias que vamos considerar foi José, filho de Jacó. Ele foi investido de poder e autoridade (ungido) por faraó sobre toda terra do Egito de tal forma que seu irmão Judá sem saber que o governador era José, declarou-lhe que dirigir-se a ele era como dirigir-se ao próprio faraó (Gn.44:18). Aqui podemos perceber que um messias embora desfrute de grande autoridade, apenas representa aquele que o constituiu sendo-lhe portanto subordinado.
O segundo messias que vamos considerar foi Moisés. Dentre os milhares de israelitas que viviam naquela época, o Eterno ungiu apenas Moisés para representá-Lo diante do povo (Ex.3:10-4:17; 7:1; Nm.11:11; 14:11). Portanto questionar o messias (Moisés), era considerado como se estivesse questionando aquele que o investiu de autoridade (o Deus eterno) Ex.17:2.
O terceiro messias foi Gideão, ungido para libertar o povo da opressão dos midianitas Jz.6:11-24.
O quarto messias foi Sansão que infelizmente passou a se exaltar com a unção recebida e ao final foi humilhado por aqueles diante de quem se exaltava Jz.14-16.
O quinto messias que vamos mencionar foi Saul que por não ter sido fiel ao Eterno sua unção foi retirada e entregue a outro. I Sm.10:1
O sexto messias que destacamos foi Davi (I Sm.6:11-13). Embora Davi também tenha transgredido a lei de Deus, diferentemente de Saul, ele não se afastou do Eterno, mas a Ele se apegava com arrependimento e súplica de perdão.
O sétimo messias a ser considerado é Yeshua, exaltado pelos cristãos que para fundamentar suas crenças criaram (elaboraram) o cânon cristão (Novo Testamento) onde procuraram relacionar a vida de seu messias como sendo o cumprimento de diversas profecias do cânon hebraico (Velho Testamento) transformando os dois cânon em um só livro o qual denominaram de “Bíblia Sagrada”, mesmo sabendo que alguns ensinamentos contido no cânon cristão se mostram antagônicos ao cânon hebraico visto que algumas interpretações de seus autores (cânon cristão) distorcem o verdadeiro sentido dos escritos do cânon hebraico como podemos verificar nos exemplos a seguir:
Nascimento Virginal do Messias
A profecia que os autores (copistas/tradutores) dos evangelhos buscaram para dar sustentação à divindade de seu messias encontra-se em Is.7:14, e para isso distorceram o real objetivo e significado dos textos originais do cânon hebraico.
Quando estudamos a profecia mencionada em Is.7:14 observamos que a mesma não se trata de uma profecia messiânica; o menino foi ali mencionado simplesmente para indicar a brevidade de tempo em que os reis (Rezim, rei da Síria e Peca rei de Israel) que afligiam o reino de Judá seriam destituídos de seu poder (antes que o menino saiba distinguir entre o bem e o mal … Is.7:16). Além desse detalhe, acrescente-se o fato de que a palavra traduzida pelos teólogos como sendo “uma virgem”, sua real tradução do cânon hebraico é “uma Jovem”, descaracterizando assim o nascimento virginal do messias prometido conforme vem sendo ensinado pelos teólogos cristãos.
Essa profecia teve seu cumprimento descrito em Is.8:2-4 onde esse menino é apresentado como sendo filho de uma profetiza e seu pai o próprio profeta Isaias.
O Antigo Testamento não apresenta qualquer profecia alusiva a um nascimento virginal para qualquer dos messias; esse ensino só é encontrado no Novo Testamento (Cânon cristão) e provavelmente tenha sido elaborado (criado) tendo em vista a conversão dos cidadãos greco-romano cujas crenças estão repletas de eventos envolvendo o relacionamento de suas divindades com mulheres humana, gerando delas filhos que foram os semi-deuses (hércules, aquiles, etc…) e Dionísio, único deus da mitologia grega que era filho de sua principal divindade (zeus), com uma humana (princesa Sêmele).
Sacrifício Vicário
Conforme o Cânon Hebraico o Eterno estabeleceu como única condição para o transgressor ser perdoado (salvo), reconhecer Sua soberania e com sinceridade e pureza de coração acatar Sua autoridade guardando a lei e estatutos por Ele estabelecidos. Dt.4:39-40; Ez.18:21-23; 20:11; Mq.6:8.
Através de seu cânon (Novo Testamento) a igreja cristã acabou complicando aquilo que o Eterno simplificara pois passou a ensinar que o transgressor para ser perdoado precisará aceitar um sacrifício humano vicário realizado por Yeshua em seu lugar, de maneira que mesmo o transgressor cumprindo as condições estabelecidas pelo Eterno como mencionada anteriormente, isso não terá valor algum caso rejeite a morte vicária do messias em seu favor.
O que os autores desse ensino parecem ter esquecido é que o Eterno odeia quem derrama sangue inocente (Pv.6:16-17), abomina sacrifícios humano (Dt.12:30-32) como também jamais punirá o inocente em lugar ou juntamente com o culpado (Ex.32:31-33; Ez.18:20). Esse ensino parece ter sido desenvolvido pelos teólogos cristãos para conversão dos cidadãos greco-romanos cuja prática fazia parte de sua cultura.
Divindade do Messias
A crença na divindade do Messias Yeshua teve sua origem com a doutrina da salvação criada por Ireneu (120 a 202 EC) e que prevalece no seio da cristandade até nossos dias.
Nas Escrituras Hebraica não existe qualquer indício que aponte para a divindade do messias; tanto o Anjo do Senhor (Ex.23:20-23) quanto o Sumo sacerdote (Lv.16:2) embora fossem respeitados pelo povo, nunca foram cultuado; sua obra consistia em ensinar e guiar o povo em seus caminhos e conduzí-los no serviço e adoração ao Deus eterno.
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Conclusão:
Embora não creiamos no dever de cultuar (adorar e louvar) a Yeshua como vem sendo praticado pela igreja cristã, o reconhecemos como o messias diante de quem nos prostramos em reconhecimento da autoridade com a qual foi investido pelo Eterno, sendo também o único que pode nos apresentar diante do eterno no dia do juízo de forma que nossas culpas possam ser removidas e atribuídas ao originador do pecado, sobre quem deverá recair a sentença da lei a fim de que a mesma seja expiada.
Shalom
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