O QUE É A CONVERSÃO?
PR. ALEJANDRO BULLÓN
“Pr. Williams Costa Jr.: – Ao longo dos anos, temos recebido no Está Escrito milhares, centenas de milhares de cartas, telefonemas e e-mails. Isso nos alegra muito porque prova que o programa alcança as pessoas. Muitas escrevem contando a sua experiência de conversão mostrando-nos como são abençoadas pelo programa Está Escrito. Outro grupo de cartas e telefonemas, apresentam muitas perguntas em comum, que preocupam as pessoas em geral. Hoje responderemos algumas dessas perguntas, numa entrevista com o Pr. Alejandro Bullón, orador do Programa Está Escrito. Pr. Bullón, o que é a conversão?
Pr. Bullón: -Para responder sua pergunta, primeiro teríamos que fazer outra pergunta: Por que a conversão? A Bíblia diz em Jeremias 17:09: “Enganoso é o coração, mais que todas as cousas e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?” O coração humano é um coração corrupto. Teologicamente chamamos a isso de natureza pecaminosa. Todos os seres humanos, desde que viemos a esta terra, você, eu, todos, nascemos com natureza pecaminosa. Mas o que é natureza pecaminosa? É uma vontade desesperada de gostar do lixo desta vida; de gostar das coisas erradas. Com essa natureza com que nascemos, é impossível agradar a Deus; é impossível amar as coisas certas; é impossível querer estudar a Bíblia, querer seguir a Jesus, querer obedecer. É literalmente impossível! Veja o que Jeremias confirma, no capítulo 13:23: “Pode acaso o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal?” Esta é a situação do ser humano, e é por isso que é preciso uma conversão de natureza.
Pr. Costa Jr.: -Vamos supor que uma pessoa diga: “-Ah, mas eu estou bem do jeito que eu estou. Acho que não preciso de mudança”. Por que será que uma pessoa precisa ser convertida?
Pr. Bullón: -A pessoa que acha que não precisa de mudança, não vai ser convertida nunca porque o primeiro passo para conversão é reconhecer que você está errado, que precisa de Deus e que precisa mudar de vida. Quando, porém, você vê a coitada da sua esposa sofrendo porque você chega bêbado, porque você gasta todo o salário com bebida e mulheres; quando você vê seus filhos se afundando no mundo das drogas; quando você vê que esse lar bonito com o qual você sonhou, e que está todo destroçado, arruinado, naturalmente brota em você o desejo de dizer: “Meu Deus o que estou fazendo com minha vida, eu preciso mudar, não posso continuar”, e a partir daí é que Deus pode fazer alguma coisa por você.
Pr. Costa Jr.: – Uma das críticas que se faz à religião, é que ela só é boa para quem precisa, para quem está desesperado, para quem tem dificuldades… Suponhamos uma pessoa bem de vida, que tem “status”, que tem tudo que materialmente precisa. No fundo, essa pessoa, não precisa de Deus, ela é rica, plena. Será que essa pessoa precisa de conversão? O que a convesão vai fazer na vida dela para melhorar?
Pr. Bullón: -Todos os seres humanos são carentes. O pobre precisa de pão, de roupa e de emprego. O rico não precisa disso, mas precisa de paz, de harmonia na família, de respeito dos filhos; precisa poder deitar à noite e dormir sem aquela sensação de que está devendo alguma coisa a alguém. Sabe, a pior coisa deste mundo é confundir as coisas. As vezes a gente pensa que porque tem um bom saldo bancário, carro, uma boa casa, porque tem um amigo, respeito, está tudo bem. Mas eu conheço muita gente milionária, artistas de televisão, políticos, empresários, que dizem: “Pastor, o que faço de minha vida? Por que quando eu deito, sinto como se estivesse devendo alguma coisa a alguém? Eu não devo nada a ninguém, mas não tenho paz!” Essa é a realidade do ser humano. Portanto, a conversão não é somente para aquele que está desempregado, é também para aquele que está bem empregado mas não tem paz no coração; anda pela vida, mas sente que está faltando alguma coisa. Busca, busca e não encontra. Procura satisfazer esse vazio do interior nas drogas, nos vícios, na promiscuidade e vai se afundando.
Pr. Costa Jr.: – Vamos supor que uma pessoa diga: “- Realmente eu estou precisando de Deus”, porque é uma pessoa carente e está necessitada. Já alguém pode dizer: “Eu não preciso de Deus, mas, tudo bem, já que há a necessidade haver conversão, já que é isso que a Bíblia diz, como é esse processo da conversão? É um processo instantâneo ou demorado? Ele é feito por partes?
Pr. Bullón: – Quando a pessoa percebe a necessidade de Deus, clama a Ele. O grande erro dos seres humanos, é que pensam que se unirem-se a uma igreja estarão convertidos. Se guardarem um código de normas de vida moral, estarão convertidos. O texto bíblico que eu li, porém, diz que o ser humano pode fazer tudo o que quiser para viver uma vida corretamente moral, mas não consegue porque seu coração é corrupto. Assim como o leopardo não pode apagar as manchas da sua pele, o ser humano que nasceu em estado pecaminoso, não poderá nunca fazer as coisas certas estando habituado a fazer o mal. Pode fingir, aparentar, simular, disfarçar, mas lá no fundo de seu coração, ele é um ser humano corrupto. Diante das pessoas pode portar-se aparentemente bem, mas quando está sozinho, seu coração é um ninho de sentimentos horríveis e pecaminosos. O que é a conversão? A conversão é o trabalho divino através do qual Deus implanta no ser humano corrupto a natureza divina. Em outras palavras, não é o desejo de aparentar ser bom, mas é o desejo de ser bom, realmente. O próprio Deus realiza esse trabalho maravilhoso num segundo. Basta o ser humano dizer: “- Senhor, preciso de Ti, reconheço que sozinho não posso!” Indo a Jesus, Ele toca nessa vida e nesse ser humano, agora sim, é um ser humano convertido.
Pr. Costa Jr.: – Como uma pessoa pode saber que está convertida? Quais as reações e sintomas? O que acontece na vida da pessoa? Será que acontece alguma transformação abrupta?
Pr. Bullón: – O mais difícil na experiência cristã não é a conversão, porque ela acontece no instante em que o ser humano clama a Deus. O difícil na vida cristã é permanecer convertido. Antes de nossa conversão, éramos seres humanos com uma só natureza, a pecaminosa que gostava do lixo desta vida. A partir do momento da conversão passamos a ter duas naturezas: a natureza de Cristo, que gosta de vencer e a velha natureza, pecaminosa, que ainda está dentro de nós e, conforme a Escritura, nos acompanhará até o dia da glorificação quando finalmente Jesus erradicará a natureza pecaminosa de nosso ser. Até Cristo voltar, porém, o ser humano convertido terá dentro de si uma luta de duas naturezas. Paulo fala em Romanos de um drama terrível em sua vida que é o mesmo drama de todo cristão. Diz assim: “Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e, sim, o que detesto. Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. Neste caso quem faz isso já não sou eu, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum: pois o querer o bem esta em mim; não porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e, sim, o pecado que habita em mim.” (Rom. 7:15-20) Veja o drama de Paulo…Ele já estava convertido, mas sentia que dentro dele havia duas pessoas. Essas duas pessoas são as duas naturezas. A natureza corrupta com que Paulo nasceu, que gosta de fazer as coisas erradas da vida e a natureza nova, um nenê recém-nascido, a natureza de Cristo implantada por Jesus na hora da sua conversão. Mas agora essas duas naturezas estão brigando para tomar o controle da vida. Por isso, depois da conversão a vida do cristão é uma luta. Não há vida de cristão que não tenha luta e talvez uma das evidências de que estamos convertidos, seja experimentar essa luta dentro do coração. Às vezes queremos servir a Deus e ao mesmo tempo sentimos uma força que nos leva a fazer coisas erradas.
Pr. Costa Jr.: – Alguns dizem: “- Eu sei que essa coisa de religião, de Bíblia é a coisa certa, mas não tenho jeito para ser crente. Gosto de fazer coisas erradas e acho que não vou aceitar Jesus. Acho que nunca vou me converter porque eu gosto daquilo que é errado”. Será que existe esperança de conversão para esse tipo de pessoa? A conversão acontece para pessoas que sabem o que é certo mas não têm vontade de se desligar do que é errado?
Pr. Bullón: – Logicamente que sim. O Espírito Santo é o representante de Deus nesta Terra. É um com Deus e com o Filho. Ele é o Deus que trabalha em nosso coração. É quem vai tocando, chamando, batendo. O ser humano pode fugir, pode adiar, pode não querer, mas o Espírito vai molestando, molestando, trabalha no coração ou diz: “Já chegou a hora de entregar a vida a Jesus. O que você acha? Para onde você está indo? Por que você adia?” Um dia, mais cedo ou mais tarde, o ser humano tem que se confrontar a sós com Deus. Tem que cair de joelhos e reconhecer que realmente está fugindo dEle. Muitas pessoas fazem isto pelo caminho mais fácil, porque são sensíveis à luz de Deus, porém outras, como Paulo, têm que passar por momentos de dificuldade. Paulo não queria, mas Jesus chamava, chamava. Ele não queria, até que um dia, a Bíblia diz que Paulo caiu, indo a Damasco perseguindo cristãos, caiu no deserto, comeu a terra, beijou o pó, e lá no chão, na desgraça, na cegueira, na dor, no desespero, entendeu que estava fugindo de Jesus. Eu não gostaria de pensar que você precisaria perder a família, o dinheiro, a saúde para reconhecer que está fugindo de Jesus. Seria muito melhor aceitar a Jesus hoje, quando você está sentindo em seu coração a voz de Deus dizendo: “Filho, você já correu, já fugiu demais de Mim, está na hora entregar-Me sua vida”.
Pr. Costa Jr.: – Muitos nos escrevem perguntando: o que tenho que fazer para passar por esta experiência? Tenho que fazer alguma coisa especial, alguma penitência?
Pr. Bullón: – Há três passos. 1º: reconhecer que sou mau e que não posso. Talvez seja esta a parte mais difícil, porque de certa maneira, tenho que jogar meu orgulho no lixo e reconhecer que não presto, que sou naturalmente mau. 2º: reconhecer que Deus é bom e que Ele pode. Eu sou mau e não posso, mas Deus é bom e Ele pode. 3º: Abrir o coração e dizer: “- Senhor, já que eu não posso e Tu podes, estou aqui, faze em mim o que eu não tenho forças para fazer. Eu não posso largar as mulheres que tenho, não posso largar a droga, deixar a bebida, largar o cigarro, mas eu sofro vendo os meus filhos, minha família sofrer; eu me desespero, eu quero, mas não tenho forças”. “- Tudo bem filho, você não tem forças”, diz Jesus, “mas Eu estou aqui. Posso fazer maravilhas na tua vida”. Ao longo do meu ministério tenho visto essas coisas lindas. Gente destruída, completamente sem esperança, gente para quem a sociedade tinha virado as costas e que um dia reconheceram sua impotência, sua incapacidade e correram a Jesus. Eu não conheço sequer um caso de alguém que tenha corrido aos braços de Jesus e tenha sido desapontado por Ele.
Pr. Costa Jr.: – Algumas pessoas têm receio de que, ao entrarem no plano certo de conversão, se descaracterizarem. Os telespectadores perguntam freqüentemente: “- Se eu me converter, será que não vou mudar a minha personalidade, o meu jeito de ser? Será que não vou ficar diferente?.
Pr. Bullón: – Não. A conversão é o momento, a experiência, é um milagre através do qual Deus coloca em seu coração, em sua natureza, a Natureza Divina. A partir daí, essa natureza de Cristo, essa mente de Cristo, é um nenê recém nascido que começa a crescer dentro de você. Esta natureza se desenvolve, porque você a alimenta e cuida. E como se alimenta a Natureza Divina? Através da oração, do estudo da Bíblia, indo à igreja, cantando hinos, ouvindo mensagens maravilhosas, você vai alimentando a natureza divina. À medida que essa natureza é alimentada e vai crescendo, vai dominando a velha natureza, aquela que gostava de xingar os filhos, de bater na esposa, de roubar, de fazer miséria. Esta vai sendo apagada. No momento da conversão, Deus dá um golpe tão duro que essa velha natureza morre. Esse cadáver porém, fica simbolicamente dentro da gente, por isso é que mesmo depois de convertidos, continuamos sentindo vontade de pecar porque a velha natureza está aí, como um cadáver. Paulo disse em Romanos 7: “Está como um cadáver dentro da gente”, molestando, atrapalhando, incomodando. Só que à medida que você alimentar a nova natureza, ela vai sufocando completamente a velha, e um dia, lhe controlará totalmente. Sua vida vai mudar, não para pior e sim para melhor. Seu caráter vai mudar, transformando-se no ideal maravilhoso que é semelhante ao caráter de Jesus Cristo.
Pr. Costa Jr.: – Muito bem, Pastor, eu me converto. Jesus entra na minha vida. Existe a possibilidade de eu pecar novamente? Por exemplo, Paulo não tinha vontade de pecar, mas ele pecava? Como fica essa coisa de pecado, erro, acerto, depois que a pessoa está convertida?
Pr. Bullón: – Vou fazer uma ilustração que já fiz em algum programa Está Escrito, mas vou repetir. O cristão convertido é como uma pessoa com duas feras dentro de si. Se você coloca as duas feras para se confrontarem numa luta, quem vai vencer? Obviamente a que estiver mais forte. Se você separa-las e a uma alimenta bem, mas à outra alimenta somente com o necessário para que não morra e um dia colocar as duas juntas para uma disputa, a melhor alimentada certamente será a vencedora. É igual conosco. Temos duas naturezas: a velha, pecaminosa, que gosta de errar; e a nova, a natureza de Cristo. Se eu alimentar mais a natureza de Cristo, ela vai vencer e vai controlar a minha vida. Mas se eu alimentar melhor a velha natureza, apesar de estar convertido, ela vai dominar e controlar a minha vida e vai levar-me muitas vezes a pecar. Só que a pessoa convertida que, por desligar-se de Jesus, cair, pode sentir no coração o desejo de retornar a Ele, porque, já que a natureza de Cristo está dentro dele, a voz de Jesus não se apaga, vai chamando, chamando, e essa pessoa vai correr aos braços de Jesus apesar de ter errado.
Pr. Costa Jr.: – Pastor, por favor, dê sua mensagem final.
Pr. Bullón: – Ao longo da minha vida, tenho encontrado gente que não acreditava em Deus e que sofria. Num determinado momento da vida, não tendo literalmente para onde ir, correu a Jesus. Hoje é gente feliz. Conheço bêbados, conheço maridos que tinham largado a mulher e se prostituiam pela vida. Um dia aceitaram a Jesus, retornaram, hoje têm lares felizes, esposas felizes, filhos felizes, recuperaram a dignidade, o respeito próprio, o amor, o carinho da família. Conheço prostitutas, homossexuais, ladrões, marginais, que um dia reconheceram que não eram nada, que não podiam nada e foram a Jesus; hoje são pessoas felizes. Querido, você não poderá ser uma decepção nunca. Se neste momento, talvez, você não tem capacidade de crer, tudo o que precisa dizer em seu coração é: “- Senhor, eu não consigo crer! Tudo parece bonito, mas eu não consigo acreditar apesar de precisar de Ti”. Eu tenho certeza que você não sairá frustrado se você abrir o coração e disser: “- Senhor, mesmo não compreendendo nada, mesmo não compreendendo muita coisa, eu preciso de um milagre na minha vida!” Quando o milagre acontecer, quando você tiver paz no coração, quando você deitar e não sentir mais aquele vazio no coração, então escreva para o Programa Está Escrito, contando as maravilhas que Deus fez na sua vida.
Pr. Costa Jr.: – Se você precisa de uma oração ou de estudar mais profundamente a Palavra de Deus, entre em contato conosco. Nós teremos muito prazer em lhe atender. Aí onde você estiver, como você estiver, ore junto com o pastor Bullón, para que possa tomar a decisão necessária para encontrar a verdadeira felicidade na vida.
ORAÇÃO
Querido Pai, Tu conheces melhor que ninguém a vida de cada filho Teu. Talvez neste momento alguém esteja sentindo que Teu Espírito está trabalhando em seu coração. Aí aonde estiver, que abra seu coração e à medida que o fazer Tu ó Senhor opere milagres nessa vida. Tu És o Deus dos milagres. Quando tudo está perdido, quando a gente sente que não tem mais forças, não tem mais para onde ir, aí é a Tua grande oportunidade; e se fizeste milagres na vida de milhões de seres humanos do mundo, por que não podes operar na vida desse Teu filho agora? Suplicamos-Te tudo isso, em nome de Jesus. Amém.
PR. ALEJANDRO BULLÓN