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Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Elohim verdadeiro, e a Yeshua o Messias, a quem enviaste. JOÃO 17:3
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Os argumentos do antinomianismo

Os argumentos do antinomianismo
Vítor Quinta
Agosto 2009
Introdução
Antinomianismo significa literalmente: “anti-Lei”.
Antes de entrarmos na análise de cada um dos temas abaixo, lembremos um
aspecto doutrinal fundamental acerca do significado do Novo Concerto: O “novo
concerto” não está limitado no tempo, nem sequer podemos dizer que ele é definido
com a morte e ressurreição de Yeshua, pois Nele se reflecte a renovação do
concerto feito no princípio entre YHWH e Israel. Este “novo concerto” é firmado por
cada crente individualmente, quando e se ele permite que a Torá de YHWH fique
gravada nas tábuas do seu coração. Este “novo concerto” significa o mesmo que
“novo nascimento”, quando cada criatura aceita viver pela Palavra e se chega a
Deus YHWH para O servir e andar em fé e obediência aos Seus preceitos. A frase
que talvez melhor caracterize este “novo concerto” ou “novo nascimento” é a que
Paulo proferiu na carta aos Gálatas 2:20 – “Já estou crucificado com Cristo; e
vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne,
vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por
mim”.
Só nesta nova condição pode o crente esperar que a “Graça” de Deus abunde em si,
i.e. que O Espírito Santo faça nele morada.
Vejamos agora a situação oposta, a dos que ainda não se converteram a Cristo,
conforme nos é também apontado por Paulo em 2.Coríntios 3:14-16 – “Mas os
seus sentidos foram endurecidos; porque até hoje o mesmo véu está por
levantar na lição do velho testamento, o qual foi por Cristo abolido; e até hoje,
quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Mas, quando se
converterem ao Senhor, então o véu se tirará”. Quando o homem se tiver
convertido a Yeshua com humildade e sinceridade de coração, i.e. quando tiver
celebrado “o novo concerto” com O Altíssimo, deixando que a Sua Lei seja gravada
nas tábuas do seu coração, então começará a entender a Verdade que lhe serárevelada pelo Espírito de Deus, porque lhe será então (e só então) retirado o véu
que ainda lhe tolda o entendimento no que respeito à santa e eterna Lei de YHWH
dada através de Moisés, a Torá de Israel.
Qual o papel da Lei na vida dos homens?
Condena o pecado e instrui o homem no caminho da justiça e da rectidão –
Romanos 7:7; 1.João 3:4.
Revela O Messias a cada ser humano e ensina cada um a andar como Ele
andou – Lucas 24:25-27; João 5:46; Romanos 10:1-13; Deuteronómio 18:15.
Permite ao que verdadeiramente se converte a Cristo, ter a mente do próprio
Senhor Yeshua – 1.Coríntios 2:16.
Revela-nos a justiça de YHWH no Filho, O Messias. Quando a Torá é vivida
verdadeiramente na vida de cada crente, ela projecta a imagem de Yeshua
em cada um deles para que os descrentes vejam essa grande diferença –
1.Coríntios 11:1; 1.Pedro 2:21.
Lembremos ainda que nunca foi intenção de Deus que os remidos das nações
permanecessem separados de Israel e do Seu Messias, O Senhor Yeshua. Bem
pelo contrário, pois Ele veio resgatar o que se havia perdido – a parte de Israel que
se havia desviado do Deus verdadeiro. Se já estamos convertidos a Yeshua, então
fomos enxertados nesse povo salvo: o Israel de Deus e, como tal, pela fé, passámos
a fazer parte da herança e das promessas dadas a Abraão – Actos 20:32;
Colossenses 3:24; Gálatas 3:29. Para todos os que procuram andar em fé e
obediência perante O Deus Todo-Poderoso, a Sua Lei é vida e paz – Salmo 19:7-11
– “A lei de YHWH é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho de YHWH é fiel, e
dá sabedoria aos símplices. Os preceitos de YHWH são rectos e alegram o
coração; o mandamento de YHWH é puro, e ilumina os olhos. O temor de
YHWH é limpo, e permanece eternamente; os juízos de YHWH são verdadeiros
e justos juntamente. Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito
ouro fino; e mais doces do que o mel e o licor dos favos. Também por eles é
admoestado o teu servo; e em os guardar há grande recompensa [a vida eterna
pela aceitação do sangue de Yeshua]”.
Após esta introdução, vamos fazer uma breve análise dos principais argumentos que
alguns usam para se oporem aos ensinamentos da Lei eterna de Deus, não
esquecendo que a palavra Torá para além de ser correctamente entendida como
Lei, também significa “Instrução” ou “Ensino” do Altíssimo Deus. Pensamos existir
vantagem em resumir e agrupar num só tópico o conjunto mais habitual de
argumentos1 falaciosos que são usados por aqueles que rejeitam a “Lei de
YHWH/Moisés”, tais como:
“Yeshua violou o Sábado”
“A Lei é uma carga pesada”
“A Lei foi cumprida por Cristo”
1 A análise a estas questões encontra-se já sistematizada e publicada no trabalho de um crente e
estudioso da Palavra de Deus, Tim Hegg, que publicou quatro pequenos livros (“It Is Often Said” – “É
dito frequentemente”) onde ele combate estes argumentos com base na Palavra de Deus.
Socorremo-nos de algumas partes destes seus livros para reforçar o nosso entendimento.
“A Lei não é espiritual”
“A Lei de Cristo veio substituir a Lei de Moisés”
“Temos O Espírito…Para que precisamos da letra?”
“Moisés trouxe-nos condenação; Yeshua trouxe-nos a Graça”
“O trabalho do Espírito começou no Pentecostes”
“Paulo foi tudo para todos…”
“A Lei foi dada para condenação”
“A Igreja veio substituir Israel”
“A Lei é só para os Judeus”
Dada a importância destes temas, apresentamos de seguida e de forma resumida,
algumas respostas a estas questões.
i) “Yeshua violou o Sábado”
Lembremos que Yeshua, a Lei viva, em tudo foi obediente à vontade do Pai. Se
essa obediência total não tivesse estado presente em todos os Seus actos, Ele não
se poderia constituir como O Salvador Verdadeiro que tira o pecado do mundo.
Lembremos o que nos é ensinado em:
Deuteronómio 8:11 – “Guarda-te que não te esqueças de YHWH teu Deus,
deixando de guardar os seus mandamentos, e os seus juízos, e os seus
estatutos que hoje te ordeno”.
Daniel 9:4 – “E orei a YHWH meu Deus, e confessei, e disse: Ah! Senhor!
Deus grande e tremendo, que guardas a aliança e a misericórdia para
com os que te amam e guardam os teus mandamentos”.
1.Coríntios 7:19 – “A circuncisão é nada e a incircuncisão nada é, mas,
sim, a observância dos mandamentos de Deus”.
Tal como O próprio Senhor Yeshua, ou também a santa cidade de Jerusalém, e
também o Sábado ainda hoje, aos olhos de alguns, são autênticas pedras de
tropeço. O 7º dia da semana, o Sábado, sempre foi um dia santificado desde a
Criação para todo o homem e não só para o judeu. A autoridade da santificação
deste dia reside no Deus YHWH, que atestou essa santificação no acto da Criação
do mundo. Onde está pois escrito que este dia foi invalidado no propósito com que
Deus determinou, ou quem tem autoridade, para substituir este dia por qualquer
outro?
É evidente que os inimigos de Yeshua, no Seu tempo, tentaram acusá-lo da violação
do 4º Mandamento. Porém falsamente O acusaram, como ainda os Seus inimigos de
hoje O pretendem acusar de ter violado o Sábado santo. Ao praticar o bem no dia de
Sábado (curar enfermos), Yeshua mostrou-nos como este dia deve ser observado:
em perfeita ligação e adoração ao nosso Deus YHWH. Ele magnificou este dia para
além da letra.
ii) “A Lei é uma carga pesada”
Na realidade, foram as leis orais e as tradições dos homens, com os seus erros e
contradições (algumas dessas leis e tradições humanas contradizem mesmo a Lei
divina de YHWH, a Torá de Israel) que se transformaram numa carga pesada para o
que se quer chegar ao Deus de Israel e nunca a Lei perfeita da liberdade de que nos
fala o apóstolo Tiago 1:25, a mesma acerca da qual O Senhor Yeshua diz em
Mateus 11:30 – “Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. O mesmo
nos diz o apóstolo em 1.João 5:2-5. Este fardo leve que Yeshua aponta como sendo
o Seu, é a Sua Lei libertadora, a mesma que Ele deu ao homem enquanto Verbo
divino, e Legislador, e a que Ele obedeceu integralmente enquanto esteve entre nós
como Homem.
Esta lei oral (pesada, cheia de contradições e antagónica à Lei divina) é a mesma
acerca da qual Yeshua disse em Mateus 23:4 – “Pois atam fardos pesados e
difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem
com o dedo querem movê-los”; ler também Marcos 7:6-13.
O crente que já se converteu de coração a Yeshua e Nele espera, medita na Lei do
Senhor de dia e de noite. Medite-se então no que nos é ensinado em Salmo 1:2;
19:7-11; 40:8; 119:77 (e todo o Salmo 119); Provérbios 28:9; Romanos 2:13; 3:31;
7:12-14.
O erro daqueles que invocam este falso argumento para não aceitarem
integralmente a vontade de YHWH, é não serem capazes de fazer a distinção entre
a lei oral (farisaica), baseada em preceitos e tradições de homens, e contra a qual
falava Yeshua e o apóstolo Paulo, e a Lei divina dada por YHWH ao homem através
de Moisés, a Torá de Israel, a Lei perfeita da liberdade de que nos fala o apóstolo
Tiago. Enquanto o homem tropeçar neste erro devido à sua ignorância, continuará a
falar mal de uma coisa que é santa, porque emanou do próprio Deus.
Por isso os que ainda têm um véu à frente dos olhos que não os deixa ver O
Caminho, dizem que os que querem andar por fé em obediência à Torá são
legalistas, ritualistas e que seguem uma lei que caducou em Yeshua. Na verdade
têm um véu sobre os olhos que os não deixa ver as maravilhas da Lei eterna de
YHWH como regras de vida para o povo de Deus, a mesma que será gravada no
coração de todos os que viverem no Milénio de Yeshua. A Torá de YHWH transmite
ao Seu povo o carácter do próprio Deus. Para além de reflectir toda a Sua vontade,
reflecte também a Sua sabedoria para nós, para que vivamos por Ele. Paulo fala-nos
dela nestes termos: “E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom”
– Romanos 7:12.
Por isso estamos hoje a assistir a um profundo reavivamento espiritual em muitas
comunidades e congregações que no mundo seguem a Yeshua, e que, à medida
que se aproxima a Sua vinda gloriosa, estão a despertar para a importância de voltar
às veredas antigas e são iii) “A Lei foi cumprida por Cristo”
Basta a palavra de Yeshua para que este argumento falacioso caia pela base:
Mateus 5:17-20 – “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim
abrogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra
passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido.
Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e
assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele,
porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus.
Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus,
de modo nenhum entrareis no reino dos céus”. Palavras simples, claras e
definitivas. Como há muitos que torcem as palavras de Paulo (para sua própria
perdição) mas não podem torcer estas palavras de Yeshua, optam então por ignorálas.
O seu fim será manifesto, pois estão a pisar o sangue do Filho do Homem, i.e. a
invalidar o Seu sacrifício (Hebreus 10:29).
Yeshua veio magnificar (engrandecer, restabelecer na sua devida dimensão),
praticar e ensinar a Sua Lei eterna. A Sua Palavra diz-nos que esta mesma Lei
eterna será gravada nas tábuas do coração de todos os que viverem durante o
Milénio, o que, infelizmente, não acontece hoje com muitos. Não mais será
necessário que um ensine essas leis a outros, porque todos as conhecerão e
viverão por elas: Jeremias 31:33-34; Hebreus 8:10; 10:16. Por isso é que o Reino do
Messias será próspero e pacífico: “não se fará mal ou dano algum no monte da
minha santidade, porque a terra se encherá do conhecimento de YHWH, como as
águas cobrem o mar”. Medite-se na grandeza destas palavras em Isaías 11:9; 65:25;
Habacuque 2:14. De Sião sairá a Lei, diz em Isaías 2:2-4. No governo milenar de
Yeshua, uma só será a Lei que regerá todas as nações da Terra.
Yeshua veio para colocar de novo a Sua Lei no coração dos fiéis, como Deus YHWH
sempre pretendeu que ali estivesse: Deuteronómio 6:6; 8:2; 30:14; Job 22:22;
Ezequiel 44:5a; Romanos 10:8.
E, se a Lei “foi cumprida” (no sentido de ter sido abolida) por Yeshua, como pode
então Paulo ter escrito em Romanos 3:31 – “Anulamos, pois, a lei pela fé? De
maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei”? Ou, como diz em Jeremias e
Hebreus acima citados que no reino milenar de Yeshua todo o povo viverá pela Lei
gravada nos seus corações de carne? Só a lei dos sacrifícios dos animais foi abolida
em Cristo, porque um melhor, único e verdadeiro sacrifício nos foi oferecido pelo
Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Por isso o Templo foi destruído no
ano 70 d.C. e cessaram, até hoje, os sacrifícios dos animais e o ofício dos
sacerdotes levitas porque O Sumo-Sacerdote Yeshua, da Ordem de Melquisedeque,
entrou nas suas funções celestiais.
Os que dizem que Cristo “cumpriu” a Lei por eles como se estivessem livres para a
poder violar, são cegos e andam a conduzir outros na cegueira. Quando um cego
conduz outros cegos todos caiem na cova (no erro). Este e outros erros doutrinais,
lançados pelo adversário das almas (o diabo), têm desviado muitos da salvação por
Cristo. São doutrinas eivadas de filosofias humanas (diabólicas) que têm causado a
perdição de muitos. Diz YHWH em Deuteronómio 10:16 – “Circuncidai, pois, oenxertadas na boa oliveira que é Israel.

prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz”. Coisa que,
de resto, é muito difícil ao homem de todos os tempos, pois tal implica abdicar de si
mesmo para verdadeiramente seguir a Cristo, i.e. andar como Ele andou.
iv) “A Lei não é espiritual”
Um dos erros que tem presidido a este tipo de afirmação por parte de alguns que
ainda não compreenderam que a Lei de YHWH é verdadeiramente espiritual, deriva
da leitura enviesada da passagem que está em 2.Coríntios 3:6 – “O qual nos fez
também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do
espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica”.
Quando Paulo nos diz que Deus nos habilita a sermos “ministros de um novo
testamento, não da letra, mas do espírito, porque a letra mata e o espírito vivifica”
está a combater aqueles que pensavam que a sua salvação seria unicamente
assegurada através da obediência à Lei, pelas boas obras do homem, o que,
necessariamente, deixava de lado o sacrifício de Yeshua, O Cristo. Mas, graças ao
mesmo Deus YHWH, Ele também nos habilita com a compreensão do valor e
significado da salvação através do sangue do Cristo. Pelo que, é a fé no sangue
resgatador do Filho, em conjunto com a expressão dessa mesma fé (a obediência),
que nos leva a andar em todos os mandamentos, testemunhos, juízos e estatutos de
YHWH. Temos então a fé casada com a obediência à vontade de Deus.
A Lei nunca se opôs ao Espírito, antes ambos têm que estar no nosso coração.
Enganam aqueles que dizem que o caminho do Espírito não é o caminho da Lei, e
vice-versa. Veja-se o quanto Pedro tinha razão ao alertar que alguns escritos de
Paulo eram de difícil interpretação e que (o mesmo sucedendo a algumas outras
escrituras), eram torcidos por alguns indoutos e inconstantes para sua própria
perdição – 2.Pedro 3:16.
Como é que dois podem andar juntos se nem sequer alguns deles concordam
acerca da natureza e propósito da autoridade das Escrituras, quando colocam em
dúvida a validade e perenidade de alguns dos escritos divinos? Quem estará
errado? Deus ou o homem que não aceita o que Deus lhe diz? A resposta é óbvia e
encontra-se espelhada em Isaías 8:16 e 20.
A circuncisão do coração (i.e. a verdadeira conversão) implica a humilde e total
aceitação de toda a palavra que sai da boca de Deus, e não a rejeição da Lei ou de
partes dela – Jeremias 4:4. Este mesmo Espírito é que nos revela toda a verdade –
2.Coríntios 3. Se O Espírito de Deus não estiver no coração do crente, então não
poderá entender os preceitos de Deus, pelo que a Lei (Torá) passa a ser vista como
um instrumento de condenação e não de libertação: Romanos 8:2 e 9 em diante. Só
assim se compreende o que David escreveu em Salmo 19:7-11 (lembremos que as
Escrituras se interpretam a si mesmas).
Por isso podemos entender que só os que têm O Espírito de Deus podem
compreender a Sua Lei, pois, pela fé, O Espírito conduz estes em todos os preceitos
dados por Deus para que o homem viva (tenha vida abundante como disse Yeshua).
Os que não têm O Espírito de Deus não se querem submeter à Torá. Foi através da
presença deste mesmo Espírito de Deus que os da antiguidade se submeteram aos
preceitos da Torá. Os exemplos abundam nas Escrituras.
A nossa santificação é o trabalho do Espírito de Deus nos nossos corações:
1.Coríntios 6:11. A nossa submissão a Esse Espírito de Verdade é essencial para
que o nosso coração/mente sejam limpos e transformados pela lavagem da Palavra.
No Seu sermão do Monte, Yeshua dá-nos a verdadeira dimensão espiritual e o valor
eterno da Sua Lei naqueles que a Ele se entregam com sinceridade e inteireza de
coração. O apóstolo João reflecte todo este pensamento nas seguintes palavras:
1.João 2:7-8 – “Irmãos, não vos escrevo mandamento novo, mas o
mandamento antigo, que desde o princípio tivestes. Este mandamento antigo é
a palavra [a Torá dada por Moisés, os escritos dos profetas e os Salmos2] que
desde o princípio ouvistes. Outra vez vos escrevo um mandamento novo, que
é verdadeiro nele e em vós; porque vão passando as trevas, e já a verdadeira
luz ilumina [Yeshua, a Lei viva]”.
O Espírito Santo de YHWH esteve sempre activo, tanto com o antigo povo de Israel
como com os restantes de todos os povos que se entregaram ao Filho Yeshua. O
que O Messias ensinou, por exemplo em Marcos 12:29-33, não era mais do que a
confirmação dos preceitos dados através de Moisés em: Levítico 19:2;
Deuteronómio 10:16; Ezequiel 11:19-20; Oséias 6:6; Provérbios 21:3; Eclesiastes
12:13. Quando os preceitos de Deus passam a estar gravados nos nossos corações,
passamos a viver por eles e não a negá-los. Passamos a andar neles em genuína
obediência porque em guardá-los há grande recompensa (Salmo 19:11).
A resposta de Yeshua é exemplar em João 15:10 – “Se guardardes os meus
mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho
guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor”.
v) “A Lei de Cristo veio substituir a Lei de Moisés”
As respostas a alguns destes pontos seguintes tornam-se redundantes. Mesmo
assim, prossigamos. É o caso do que alguns dizem que o sermão do Monte
pronunciado por Yeshua veio substituir a Torá dada através de Moisés.
Principalmente porque Ele usa nesse sermão expressões do tipo “Ouviste o que foi
dito aos antigos; porém Eu vos digo…”. Neste discurso Yeshua seguiu o mesmo
método de todos os rabis do Seu tempo que citavam a Torá para dar a sua
interpretação. Porém, Ele veio dar-nos o verdadeiro espírito (sentido) com que a Lei
deveria ter sido entendida e obedecida desde o princípio. E.g.: quando Ele ensina a
respeito do mandamento “não matarás”, Ele vai muito mais além, dizendo que
aquele que sem motivo se encolerizar contra seu irmão também será réu de juízo;
ou o que chamar louco a seu irmão terá por condenação o fogo do inferno. Ou,
quando fala a respeito de “não adulterarás” e diz que se o homem cobiçar a mulher
do seu próximo, já em seu coração está a adulterar com ela. Ora este ensino é
verdadeiramente espiritual e vai muito além da letra da Lei e da forma como era
ensinada até então.
2 Exactamente o que Yeshua disse em Mateus 5:17—19.

Longe de abandonar a Torá, Yeshua ensinou-a com o carácter que ela sempre
deveria ter tido entre o povo que Deus elegeu para ser uma luz entre as nações,
precisamente porque a Lei lhes tinha sido dada para andarem em rectidão e para
ensinarem esse caminho a outros povos. Será que o povo de Israel ao tempo de
Yeshua O poderia considerar como um Homem de Deus (lembremos as palavras de
Nicodemos em João 3:2; ou 4:19; 6:14; 7:40; 9:17) se o propósito de Yeshua fosse o
de anular a Torá? A resposta também é óbvia: Não.
vi) “Temos O Espírito…Para que precisamos da letra?”
Não nos alongaremos em considerações sobre esta questão, pois as Escrituras dãolhe
resposta cabal e definitiva em Jeremias 31:34; 32:40; Hebreus 8:10 e 10:16; Tito
2:14.
Uma das passagens que tem confundido muitos, encontramo-la na carta de Paulo
aos Romanos 7:6 que diz – “Mas agora temos sido libertados da lei, tendo
morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em
novidade de espírito, e não na velhice da letra”. Uma vez mais se lembra que não
podemos nem devemos estudar a Palavra de Deus isolando um versículo e
ignorando o contexto em que o mesmo foi escrito ou a sua relação com outras
passagens bíblicas, pois se houver contradição com o que nos é dito noutras
passagens, é porque não estaremos a fazer uma correcta interpretação do texto
(neste caso das palavras de Paulo aos Romanos).
Olhemos para o contexto: Paulo escreve aquelas palavras no contexto de um
contrato de casamento, dizendo que enquanto um dos cônjuges permanecer vivo ou
outro está-lhe ligado pela lei do matrimónio. Paulo também nos ensina que Eles
estão ligados um ao outro, da mesma forma que, por analogia, nos diz no verso 4
“Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para
que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos
fruto para Deus”. Ou seja tendo morrido para o mundo, pela morte e ressurreição de
Cristo, passamos a viver para Ele em novidade de vida. Se assim for, não estaremos
mais sujeitos à Lei que condena o pecado em nós, pois não viveremos mais
pecando.
Mas, neste mesmo contexto, Paulo também pergunta no verso 7 – “Que diremos
pois? É a lei pecado? De modo nenhum. Mas eu não conheci o pecado senão
pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse:
Não cobiçarás”. Mais adiante afirma no verso 12 que “E assim a lei é santa, e o
mandamento santo, justo e bom”. Embora exigindo alguma concentração para
perceber o que Paulo nos quer transmitir, vale a pena ler e reler estas passagens no
contexto em que ele as escreveu para podermos concluir que, de forma alguma,
Paulo nos está a dizer que a Lei de Deus perdeu a sua validade (“termos sido
libertados da lei”). Na realidade, somos libertados da Lei que condena o pecado se
estivermos crucificados em Cristo, como o próprio Paulo falou de si mesmo.
É necessário entender que o aparente contraste entre a letra e O Espírito (na carta
de Romanos e na de 2.Coríntios) não coloca qualquer entrave à aceitação da Lei de
YHWH e à sua vivência. Quando se compreende as palavras e o contexto em que
Paulo as escreve não colocamos qualquer restrição à Lei de YHWH nos nossos
corações, pois quando ele fala da letra, tal significa a Torá sem O Espírito. Fora do
Espírito que lhe dá vida, a Torá é somente letras que muitos não entendem. Mas,
quando Esse mesmo Espírito escreve a Torá no coração do crente, então o caso
muda de figura, pois aí essa letra vai limpar esse coração pela presença do Espírito
de Deus; vai transformá-lo e vivificá-lo. Essa letra torna-se viva, pois revela Yeshua.
Assim se confirmam as palavras de Paulo na mesma carta aos Romanos 6:22 –
“Mas agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso
fruto para santificação, e por fim a vida eterna”. Aquele que voltou costas ao
pecado em que antes vivia e se entregou a Yeshua, não mais tem que ter qualquer
receio da letra da Torá, porque já vive com ela gravada no seu coração obediente e
com fé. Para este, a Torá já não tem qualquer poder de condenação, pois passou a
andar segundo a vontade e a justiça de YHWH – Romanos 6:6-7; 8:7-9.
A Lei/Torá só é condenatória para os servos rebeldes, cujo coração ainda não está
circuncidado e que ainda praticam a iniquidade/desobediência à Lei do Altíssimo.
vii) “Moisés trouxe-nos condenação; Yeshua trouxe-nos a Graça”
Este é um argumento que só revela que quem o diz não conhece suficientemente as
Escrituras para nelas poder ver que a Graça de Deus existe desde o princípio, e
estava derramada em todos os servos fiéis do passado anterior à vinda de Yeshua.
É costume dizer, e é verdade, que não guardamos os preceitos da Lei para sermos
salvos pois tal só é possível através da Graça de Deus pelo sacrifício de Yeshua;
mas, porque estamos salvos, guardamos os preceitos da Lei de YHWH.
Muitos pensam que o voltarmos às raízes hebraicas da nossa fé é voltarmos a
colocar-nos debaixo da condenação da Lei. Já antes demonstrámos o contrário, pois
a condenação da Lei só existe para os transgressores e não para aqueles que, pela
fé, procuram servir O Deus YHWH em obediência aos Seus preceitos.
Pergunta-se:
Será que a Bíblia porventura ensina que Moisés e Yeshua ensinaram
caminhos diferentes para que o pecador se arrependa e pratique a justiça de
Deus?
Ou que a salvação era assegurada antes da vinda de Yeshua por
guardarmos todos os preceitos da Lei?
Ou que a graça de Deus se opõe à Sua Lei?
Ou que a salvação pela fé, através da graça de Deus, só esteve acessível ao
homem após a vinda de Yeshua?3
De que forma é que podemos considerar que os fiéis do passado (antes da
vinda de Yeshua), tais como Abraão ou David foram salvos, senão pela fé e
pelas obras da fé, em obediência?
O que quer então dizer o apóstolo quando escreveu em João 1:17 – “Porque a lei
foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”? Por estas
palavras somos levados a pensar que existe um aparente desencontro entre a Lei
por um lado e a Graça e a Verdade por outro. Isto leva muitos a afirmar que vindo a
Graça e a Verdade por Cristo não mais a Lei seria necessária, a qual era um aio que
esteve em vigor até que veio Yeshua (sombras de coisas futuras). Esta é uma
interpretação enviesada também.
Se lermos com atenção, vemos que João limita-se a apresentar dois factos distintos
um do outro, e não conflituantes entre si:
i) “a lei foi dada por Moisés”
ii) “a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”.
Sabendo que a Lei apontava para Yeshua, O Salvador que haveria de vir e que, na
sua função de aio, nos leva a entender a verdadeira dimensão Daquele que haveria
de vir, O Messias, podemos então entender as palavras de João como colocando
Moisés e Yeshua em paralelo, duas realidades temporais mas complementares.
viii) “O trabalho do Espírito começou no Pentecostes”
Escreveu-nos David inspirado pelo Espírito de Deus:
Salmo 119:166 – “YHWH, tenho esperado na tua salvação, e tenho
cumprido os teus mandamentos”.
Salmo 119:174 – “Tenho desejado a tua salvação, ó YHWH; a tua lei é
todo o meu prazer”.
Contrariando o que alguns dizem (em título viii), podemos claramente concluir que
nos fiéis da antiguidade habitava o Espírito Santo e já neles trabalhava. Os
exemplos são muitos. Vemos casos concretos em João, o Batista (Lucas 1:15) que
foi cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe; Zacarias, seu pai (Lucas
1:67); o próprio Senhor Yeshua4; tudo relatos de antes do derramamento do Espírito
Santo sobre a Igreja por ocasião do Pentecostes – Actos 2:1-4.
Os fiéis da antiguidade, que viveram em épocas anteriores à primeira vinda de
Yeshua, foram salvos pela mesma forma que todos os que creram em Yeshua e
aceitaram o sangue do Seu sacrifício no madeiro, i.e. foram salvos como nós hoje
3 Lembremos que Abraão foi justificado pela fé por acreditar em Deus, e isso lhe foi imputado por
justiça (Romanos 4:3, citando Génesis 15:6). Veja-se, porém, pelas palavras de YHWH, que Abraão
em tudo era obediente: Génesis 26:5 – “Porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu
mandado, os meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas leis”.
4 O que baptizou com fogo (Espírito Santo), conforme ao relato de João, o Batista (Isaías 44:3;
Mateus 3:11), habilitando os Seus discípulos para a divulgação do Evangelho entre as nações.
somos, pela fé, pela graça de Deus e pela nossa obediência aos Seus
mandamentos, a Sua Torá – veja-se os exemplos que nos são dados em Hebreus
11; Romanos 10:6-8 (citando Deuteronómio 30:12-14).
É de notar um aspecto muito interessante: através do Êxodo, aprendemos que o
antigo Israel foi salvo do Egipto antes de receber a Torá no Monte Sinai; também
nós hoje, antes de recebermos a Torá, temos que estar salvos pela fé, pois é a fé
que nos conduz à obediência a todos os preceitos de YHWH (o mesmo se passou
com Abraão: ele primeiro creu e isso lhe foi imputado por justiça, e depois
obedeceu).
Na realidade, o trabalho do Espírito Santo começou desde o princípio da Criação
entre todos os fiéis a YHWH. Só O Espírito de Deus pode dar o discernimento da
Sua vontade e da Sua justiça. Este trabalho tem implicado a preparação e reunião
da santa assembleia dos justos, a Israel de Deus, aquela que é apelidada de “santa
Jerusalém” na Bíblia Sagrada. Este povo santo será reunido no fim dos tempos, ante
o toque da sétima trombeta, com a vinda gloriosa do Salvador e Rei Eterno, Senhor
Yeshua. Estes serão os chamados, eleitos e fiéis de todas as nações, tribos, povos
e línguas que, em todos os tempos, revelaram a sua fé nas promessas do Altíssimo
Deus e obediência aos Seus preceitos – a Torá de Israel.
ix) “Paulo foi tudo para todos…”
O Senhor Yeshua em tudo foi obediente à Torá, assim instruindo os Seus discípulos
– Paulo incluído. O próprio Paulo se confessa como obediente à Lei de seus pais e
seguidor/servo de Yeshua. Como se vê, não existe aqui qualquer desvio da parte de
Paulo em relação à Torá de Israel.
Já antes assinalámos que os escritos de Paulo têm lançado a confusão no espírito
de muitos que são inconstantes (e rebeldes) e que torcem as palavras de Paulo para
sua própria perdição, assim se afastando da Verdade, que é Yeshua, a Lei viva.
Poderíamos sequer pensar que Paulo teria alguma autoridade para contrariar a
santa Lei de YHWH ou os ensinamentos e exemplo de Yeshua? De maneira
nenhuma, como ele nos deixou escrito.
Quando Paulo se refere aos que “estão debaixo da lei” (1.Coríntios 9:20), está a
referir-se aos seguidores da Lei de YHWH (e também aos da lei oral, farisaica, cheia
de interpretações e tradições dos homens), que ainda não confessavam Yeshua
como O Messias, tal como ele próprio também fora antes de Yeshua lhe aparecer na
estrada de Damasco e se ter convertido ao Salvador.
Precisamente pela conversão que teve quando Yeshua lhe apareceu, Paulo lamenta
a incredulidade dos seus irmãos israelitas que não creram Nesse Messias – Deus
bendito eternamente, como ele nos diz em Romanos 9:1-5. A sua entrega foi tal (até
à morte), que no desempenho da sua missão recebeu por cinco vezes trinta e nove
chicotadas para poder continuar a pregar a Cristo nas sinagogas – 2.Coríntios 11:24.
Não tenhamos dúvidas que Paulo foi um obreiro escolhido pelo próprio Deus, devido
ao seu zelo e fé, para levar a Sua mensagem aos povos gentios e aos filhos de
Israel na Diáspora, aos quais anunciou o Evangelho e a salvação pelo sangue do
Messias Yeshua – Aquele que eles esperavam e a Quem não reconheceram no
tempo da sua visitação, pois que Paulo foi também enviado às ovelhas perdidas da
Casa de Israel, as mesmas para as quais O Salvador tinha vindo.
Aquele que É tudo para todos e em todos, é somente Yeshua, nunca o obreiro
obediente e fiel que foi Paulo. Mesmo convertido a Yeshua, Paulo nunca abdicou da
sua condição de judeu, pois permaneceu sempre na Lei de YHWH e de seus pais,
tendo, inclusive, sacrificado no Templo e feito voto de nazireu.
x) “A Lei foi dada para condenação”
A Lei de YHWH é, na realidade, aquela segundo a qual todos serão julgados. Nesta
perspectiva, a Lei servirá para condenar todos os que não se lhe querem submeter e
que a violam voluntariamente. Tal como na lei dos homens, ninguém poderá invocar
em sua defesa o seu desconhecimento para não a cumprir.
Através dos séculos e de uma leitura distorcida das Escrituras quando prejudicada
por filosofias de homens, verificamos que muitas congregações cristãs que hoje
existem, cada vez mais se afastaram do Cristo verdadeiro e do entendimento
hebraico da Lei de YHWH. Por isso muitos há ainda hoje que rejeitam os
ensinamentos de Deus (e este é um ponto que não nos cansamos de apontar),
apesar de Paulo os tentar ensinar que a Lei é santa, justa e boa, como é bom é tudo
o que sai da boca de Deus. A Sua Palavra permanece para sempre.
A Lei só é condenatória dos que escolhem permanecer no caminho da
desobediência, porque o seu coração é rebelde. A Lei revela-nos o pecado para que
não escolhamos esse caminho que leva à morte. Lembremos: “o salário do pecado é
a morte”. A Lei dada por Deus é uma dádiva de vida, e não algo que tenha sido dado
para condenação dos filhos a quem Ele ama: Provérbios 4:1-2 – “Ouvi, filhos, a
instrução do pai, e estai atentos para conhecerdes a prudência. Pois dou-vos
boa doutrina; não deixeis a minha lei”.
Paulo confirma-nos que a Lei é espiritual – ver Romanos 7:14. Ela emanou do Deus
Todo-Poderoso para chamar para Si um povo santo, zeloso de boas obras – Tito
2:14. Não esqueçamos nunca as palavras do próprio Senhor Yeshua em Mateus
5:17-19 – “nem um jota ou um til se omitirá da Lei sem que tudo seja cumprido”.
Nisto não há condenação para todos os que confiam nas Suas palavras eternas e
andam segundo os Seus preceitos.

comunidade de fiéis é algo que existe desde muito antes do Messias, pois era
designado também por sinagoga, sendo este o local onde os fiéis se reuniam em
comunidade para louvar O Deus eterno e para ali estudarem a Sua Lei e
ordenanças.
Yeshua, O Messias, deu ênfase a este entendimento, uma vez que Ele próprio,
como judeu, frequentava a sinagoga e ali também ensinou. O mesmo se passou
com os Seus discípulos e apóstolos, nomeadamente com Paulo.
Por esta exposição fácil é concluir que a “Igreja” nunca pode ter substituído “Israel”,
uma vez que Deus anuncia um só batismo, uma só fé, um só Deus e um só povo
salvo. Em lado algum da Bíblia se pode encontrar um plano diferente para os gentios
convertidos diferente daquele que desde o princípio foi dado a Israel. Paulo confirma
isso mesmo em Romanos 11. Aqui ele explica que, tanto os ramos que por
incredulidade foram cortados da boa oliveira que é Israel, como aqueles que tendo
sido gentios de outros povos se arrependerem e converterem ao Deus de Israel,
então, todos eles farão parte de um único povo santo e salvo: a Israel de Deus. Para
Paulo, “estar em Cristo”, é fazer parte dessa Israel.
Vemos na Bíblia, com clareza surpreendente, que não há dois planos de Deus para
a salvação da humanidade que se arrepende. Por isso Paulo diz em Romanos
11:25-26a – “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que
não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre
Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E assim todo o Israel será
salvo”. Este endurecimento foi decretado por Deus para que os gentios (todos os
que ouvirem a voz do Senhor YHWH e se arrependerem pela aceitação do sacrifício
de Yeshua) possam entrar no Concerto firmado entre YHWH e os patriarcas de
Israel. Esse tempo está no fim.
Esses “gentios” que se arrependeram pertencem também a Israel, quer sejam
descendentes de uma das doze tribos de Israel (Mateus 10:6; 15:24), mesmo que o
não saibam, quer pertençam a qualquer outro povo: João 10:16; Apocalipse 7:9.
Esta será uma grande multidão que reunirá a Israel de Deus, i.e. todos os que se
entregaram ao Deus de Israel e ao Seu Cristo para salvação, em todos os tempos.
Paulo é muito claro quando escreve em Efésios 3:6 – “A saber, que os gentios são
coherdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo
pelo evangelho”. Este único corpo é a Israel de Deus. Não que sejam israelitas
todos os que o são pela genealogia como nos diz o apóstolo Paulo, mas sim todos
os que se converteram de coração a YHWH e ao Seu Messias.
A teoria da dispensação6 não tem pois qualquer fundamento bíblico. YHWH nunca
esqueceu as promessas e o concerto firmado com os patriarcas. Deus voltará a
firmar um novo concerto com as casas de Israel e Judá (Jeremias 31:31-34), sob o
reinado de Yeshua, quando estas duas casas voltarem a estar reunidas para não
mais se separarem. Vejamos algumas passagens: Jeremias 23:5-8; 31:31-34; Amós
3:2; Isaías 40:2; 44:3; 56:3-5, 7; Zacarias 8:23; 9:12; 12:10.
6 A de que a “Igreja” veio substituir “Israel” nas promessas de Deus para a vida eterna.
Se cada um de nós, hoje, aceitar a sua identidade como israelita (não esquecer que
fomos enxertados na boa oliveira que é Israel), então aceita também a Lei de Deus
no seu coração. Não uma Lei limitada somente a alguns preceitos, como alguns
pretendem ou entendem, mas toda a Torá, com os seus mandamentos, estatutos,
juízos e testemunhos. Um israelita de coração (i.e. todo o convertido ao Deus de
Israel e ao Seu Cristo) compreende isto e passa a viver pelos preceitos intemporais
dados por YHWH a Israel através de Moisés. A Torá passa a assumir então o papel
de um contrato de casamento (ketubah) entre YHWH e cada filho Seu. Só vivendo
pelos preceitos eternos poderemos aspirar a vir a estar presentes nas Bodas do
Cordeiro, que hão-de ser celebradas entre O Rei vindouro, Senhor Yeshua e a Sua
esposa, a Israel de Deus, o povo santo e salvo por Ele.
xii) “A Lei é só para os Judeus”
Eis mais um argumento falacioso. E porquê?
Basta lermos a passagem que está em Eclesiastes 12:13 para compreendermos
quão falacioso ele é: “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e
guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem”! Não
diz aqui que esta obrigação é para todo o homem? Só a ignorância das Escrituras
pode conduzir a que aquele argumento seja utilizado. Certamente só aquele que é
contra a Lei de Deus o pode usar. Eis um sério aviso de Deus em Provérbios 28:9 –
“O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será
abominável”.
Apesar de tudo, é preciso reconhecer que este não é um fenómeno novo. Muitos
dos chamados “pais da Igreja” dos primeiros séculos, foram os precursores desta
mentira, pois a sua posição pró-Roma e anti-judaica, está na génese da mesma.
Porém, para grande desgosto destes, concludente é também o facto de que o povo
salvo é constituído por todos os que, através de todos os tempos, “guardam os
mandamentos de Deus e têm a fé de Yeshua”, como nos é dito em Apocalipse
14:12; 12:17. Esta é a condição de vida daqueles a quem Deus chamou e que
regem as suas vidas de acordo com a vontade Daquele que os chamou. Só assim, o
crente tem condições de receber a graça de Deus.
Os que são contra a Lei perfeita da liberdade, dizem que Cristo veio abolir a Lei, o
que o próprio Cristo contradiz em Mateus 5:17-20. Por isso, os que seguem O
Caminho que YHWH lhes deu através da Lei e de Cristo (a Lei viva), são acusados
de “legalistas” ou que se querem “colocar debaixo da lei”. Habitualmente, os que
condenam a Lei, dizendo que é só para os judeus, são os que se opõem, também à
guarda do Sábado (um dos grandes tropeços do homem dos nossos dias). Mas,
também entre alguns que guardam o Sábado ainda há laivos de antinomianismo,
particularmente em questões como a circuncisão da carne (depois da circuncisão do
coração), entre outros preceitos.
No ponto precedente (xi) parece ter ficado bem claro que da Israel de Deus fazem
parte todos os que, em todos os tempos, governaram as suas vidas segundo os
mandamentos de Deus e manifestaram a sua fé em Yeshua e, por isso mesmo, se
tornaram parte da Israel de Deus, pois foram enxertados na boa oliveira que é Israel,
o povo salvo. Lembremos como viviam todos os que fizeram parte da chamada
“igreja primitiva” (da seita “Os Nazarenos”, ou “O Caminho”) que não se distinguiam
dos judeus na sua maneira de viver, excepto que aceitaram Yeshua como O
Messias há muito prometido.
Tal como no passado, todos os que se chegam ao Deus de Israel para O servir,
tornam-se israelitas e assumem o compromisso de servir a Deus nos termos que Ele
propôs ao Seu povo, a Sua Torá – Deuteronómio 31:12.
Em Actos 2:39 é-nos dito: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos
filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor
chamar”. Como facilmente podemos concluir por estas palavras, a salvação por
Cristo é para tantos quantos Deus nosso Senhor chamar, quer sejam descendência
de Judá, de Israel (Efraim) ou de todo o homem (mesmo de entre os povos gentios)
que se arrepende e converte ao Deus de Israel, andando na Sua Torá, colocando a
sua confiança no poder salvador do sangue do Cordeiro de Deus (Efésios 2:13).
Entendamos porém isto: todo o homem, em todos os tempos e povos é compelido a
viver de toda a palavra que sai da boca de Deus: Provérbios 30:5; Mateus 4:4. Esta
verdade universal e intemporal manifestou-se em acções de homens e mulheres
santos e obedientes à Lei de YHWH, mesmo antes desta ser dada por escrito
através de Moisés, como é o caso de homens justos como Abel, Enoque, Job e
tantos outros.
Tomemos o exemplo de Abraão, depois confirmado em Isaac e Jacob. Porque razão
foi Abraão escolhido por Deus para através dele constituir um povo santo e peculiar
para Si? A resposta encontramo-la em Génesis 26:5 – “Porquanto Abraão
obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os
meus estatutos, e as minhas leis”, o que prova a intemporalidade da Lei de
YHWH, mesmo antes desta ter sido transmitida por escrito através de Moisés,
mesmo antes de haver um povo chamado Israel da qual os judeus são parte
integrante. Dizer pois que a Lei é só para os judeus é revelar uma completa falta de
conhecimentos bíblicos.
-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-
Muito mais poderia ser acrescentado a cada um dos argumentos usados pelos que
se opõem à Lei santa e boa de YHWH. Ficamos porém por aqui, acrescentando
somente:
CONCLUSÕES:
Apesar dos muitos que, levados pelas tradições dos homens, desde sempre e ainda
hoje procuram diminuir ou invalidar a importância da Lei de YHWH como padrão
intemporal de modo de viver para toda a humanidade, podemos estar seguros do
seguinte:
A Torá foi dada a Israel por YHWH, de forma escrita através de Moisés
(embora ela já existisse desde o princípio e por muitos foi cumprida com
fidelidade – e.g. Abel, Enoque, Noé, Job, Abraão e tantos outros). Este servo
de Deus leu-a perante todo o povo para que este guardasse aquelas palavras
nos seus corações e vivesse por elas.
A Torá de YHWH foi vivida e ensinada por Yeshua e por todos os apóstolos e
demais convertidos ao Messias Yeshua.
A Torá de YHWH permanece para sempre e nada se lhe deve acrescentar ou
retirar.
A Torá de YHWH será gravada nos corações de carne de todos os que
viverem no Reino Milenar de Yeshua, que em breve será estabelecido sobre
todas as nações da Terra, e uma só será a Lei para todos os povos (tal como
Deus pretendeu que assim fosse desde o princípio).
Do mesmo modo, a Torá de YHWH já hoje deve estar gravada no coração
dos salvos, da Israel de Deus, a qual é o padrão de vida dos que, com
humildade, obedecem à voz do Deus de Israel.
Esta é a segurança e a Verdade que nos advêm pelo estudo da Palavra de Deus.
Vítor Quinta
Agosto 2009

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