Os patriarcas antes de Moisés guardaram o Sábado?
Um das objeções mais frequentes contra o sábado é a falta de uma declaração da observância do dia de descanso pelos patriarcas antes de Moisés. Os críticos perguntam onde está escrito que
Sete, Enoque, Noé, Abraão, Isaque, Jacó e José guardaram o sábado.
Esse é o clássico argumento do silêncio, que pode ser usado tanto para provar quanto para negar uma doutrina na Bíblia. Para que você veja a fraqueza desse raciocínio, eu pergunto:
Onde está escrito que esses homens acima adoravam somente ao Deus Jeová, não usavam imagens no culto a Deus, ou que não praticavam o adultério e o assassinato? Ou que eles aguardavam o Messias prometido, cultuavam publicamente a Deus, temiam o inferno e aguardavam o Céu, etc.? Isso significa que essas coisas só deviam ser obedecidas após uma lei formalmente escrita ter sido registrada?
A proibiçao do assassinato só passou a existir depois que ela foi declarada a Noé?
Embutida na pergunta dos críticos, existe outra falácia: a de que apenas o povo que recebe uma lei formalmente escrita precisa obedecê-la. Então os gentios da época de Israel estavam livres para praticar a idolatria e o homossexualismo, por exemplo?
As palavras com as quais o mandamento começa – “Lembra-te do dia de sábado para o santificar” – mostram que o sábado não foi instituído pela primeira vez no Sinai. Essas palavras indicam que ele fora estabelecido antes; efetivamente, o foi na Criação, conforme o próprio mandamento revela. Deus tencionava que observássemos o sábado como o Seu memorial da Criação.
O mandamento que pede a observância do sábado está “inseparavelmente vinculado ao ato da Criação, sendo que a instituição do sábado e o mandamento quanto a observá-lo representam uma consequencia direta do ato de Criação. Adicionalmente, toda a família humana deve sua existência ao divino ato criativo; e, de acordo com isso, a obrigação de aceitar o mandamento do sábado como memorial do poder criador de Deus repousa sobre toda a humanidade”. – A. H. Strong, Systematic Theology, pág. 408.
O Sábado foi dado apenas aos judeus?
Ronaldo Fagundes – O Sábado Chegou
A expressão O SÁBADO FOI DADO AOS JUDEUS é um grande equívoco doutrinário, sem respaldo bíblico ou teológico. Obviamente, o sábado foi proclamado no Monte Sinai, a uma multidão judia. Mas concluir que nós, os gentios, não estamos obrigados a observá-lo, não está correto. Sabe por quê? Medite nisto:
“Quando os três discípulos Pedro, Tiago e João – todos judeus, estavam com Cristo no Monte da Transfiguração, veio uma voz do Céu, dizendo: ‘… Este é o Meu Filho amado; a Ele ouvi’ (Luc. 9: 35). Devemos então compreender daí que esta ordem do Pai de ‘ouvir’ a Cristo devesse ser obedecida unicamente por aqueles três discípulos, ou, quando muito, unicamente pela raça judia, da qual faziam parte? Isto, porém, seria tão razoável como a conclusão acerca do mandamento do sábado.” – Francis D. Nichol, Objeções Refutadas, pág. 23.
Como se vê, tanto no Monte Sinai, quanto no Monte da Transfiguração, Deus está diante de pessoas judias. No Sinai, ao dar a Lei, o monte incandesceu; na transfiguração, os três discípulos viram Jesus, Moisés e Elias rebrilharem como o Sol. Num e noutro caso, os circunstantes eram todos judeus. Ouça agora:
“…o simples fato de que o auditório se compusesse de judeus, não justifica a conclusão de que a ordem só a esses se destinasse. Basear uma objeção a um mandamento bíblico no fato de que ele tem ligações positivas com os judeus, levar-nos-á às mais estranhas conclusões. Toda a Bíblia foi escrita por judeus, e a maior parte se dirige especialmente aos judeus. Todos os profetas foram judeus, e o próprio Cristo ‘… tomou a descendência de Abraão’ (Heb. 2:16) e andou na Terra como judeu. E Ele também declarou: ‘… a salvação vem dos judeus’ (João 4:22). Devemos então concluir que… os profetas bíblicos, os apóstolos, o Salvador e a salvação devessem ser limitados aos judeus?” – Idem, pág. 24.
A Bíblia é clara ao ensinar que tanto judeus quanto gentios são salvos pela fé e devem obedecer aos Dez Mandamentos.
A doutrina bíblica, no tocante a Israel, pode assim ser resumida: Somos o Israel espiritual. Deus não tem absolutamente nenhuma promessa para os gentios, senão quando se tornam Israel. O gentio, como gentio, está completamente sem esperança, e isto a Palavra de Deus declara repetidamente. Jesus era da raça de Israel. Também os profetas, e todos os apóstolos, os autores do Novo Testamento eram israelitas. Jesus mesma declarou que “a salvação vem dos judeus.” João 4:22. Somente Israel será salvo.
“É porventura Deus somente dos judeus? E não o é também dos gentios? Também dos gentios certamente… Porque nem todos os que são de Israel são israelitas; nem por serem descendência de Abraão são todos filhas… E, se sois de Cristo, então sois descendentes de Abraão, e herdeiros conforme a promessa…. Naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunhão de Israel, e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança… mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Crista chegastes perto… E ouvi o número dos assinalados e eram cento e quarenta e quatro mil assinalados de todas as tribos dos filhos de Israel.” — Rom. 2:28; 9:6 e 7; Gál. 3:29; Efés. 2:12 e 13; Apoc. 7:4.
Vejamos o que diz o comentarista batista William Carey Taylor em A Epístola aos Gálatas, pág. 316:
“O gentio por sua fé se torna descendente espiritual de Abraão, membro do Israel de Deus. A Jerusalém palestiniana e seu povo são repudiados categoricamente: ‘está em escravidão com seus filhos’ Gál. 3:25. Os crentes gentios são ‘como Isaque, filhos da promessa’. 28. Israel segundo a carne passa a ser ‘lançado fora,’ não será ‘herdeiro’ das promessas proféticas, v. 30, antes identifica-se com a escrava Agar e o bastardo Ismael: mas o filho, o herdeiro, o Isaque, o Israel real, o povo de Deus, a Jerusalém celestial e seus filhos, são os crentes gentios, incorporados com Jesus e Paulo e os outros apóstolos, no tronco indestrutível da árvore de Abraão e da aliança da graça.”
Na gloriosa cidade que dará a Seus filhos, há doze portas, e seus nomes são os das doze tribos de Israel. É preciso que nos tornemos Israel. Mesmo o estrangeiro, o gentio, terá que tornar-se membro da família de Deus, do Israel espiritual. Não há uma lei para o judeu e outra para o gentio, que peregrina conosco, como aqueles que peregrinavam com o Israel literal. Núm. 15:16.
“Aquilo que Deus propôs realizar em favor do mundo por intermédio de Israel, a nação escolhida, Ele executará afinal por meio de Sua igreja na Terra hoje. Ele arrendou Sua vinha ‘a outros lavradores'” — Ellen G. White, Profetas e Reis, págs. 713 e 724.
Os privilégios de Israel transferiram-se a nós. Somos “os outros lavradores”, mas as bênçãos da vinha são as mesmas. Todas as bênçãos divinas, inclusive o sábado, se transferiram para o Israel espiritual. Tanto Jesus quanto Seus discípulos ensinam que os privilégios e responsabilidades de Israel foramtransferidos, na Nova Aliança, de Israel para a Igreja . Ela agora é o Israel segundo a fé, enxertada no remanescente do Israel segundo a carne.
Basta ao cristão guardar um dia em sete?
Sonete, Príscila e Melissa – Crer e Observar
A idéia de que basta guardar um dia em sete é muito comum para defender a falta de apoio na Bíblia para a guarda do domingo e tentar manipular o mandamento de Deus. Esta esdrúxula interpretação de “um dia em sete,” junto com a não menos esdrúxula denominação de “sábado cristão” aplicada ao domingo, surgiu em 1595 A. D. quando a questão do dia de guarda agitava a Inglaterra, provocando acesos debates entre os teólogos protestantes. E, segundo lemos em The Creeds of Christendom, de Philip Schaff, cap. 21, Vol. 1, pág. 762, foi NICHOLAS BOWND que, naquele ano, pela primeira vez, estabeleceu a tese de “um dia em sete.” O dado é importante ao mostrar que ninguém no tempo de Cristo nem 1.000 anos depois pensou em fazer tão esquisita interpretação do mandamento divino!!!
Leiamos o mandamento em Êxo. 20:8-11:
“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o SENHOR o dia do sábado, e o santificou.”
O Assim Diz o SENHOR é claro demais: “o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus”. Somente a conveniência e rebeldia humanas querem traduzir “um em sete dias é o sábado do SENHOR teu Deus”.
O domingo vem da Bíblia ou da Igreja de Roma?
Tomás de Aquino:
“Na Nova Lei a observância do dia do Senhor tomou o lugar da observância do sábado não em virtude de preceito mas pela instituição da igreja e o costume do povo cristão.”
Thomas Aquinas, Summa Theologia, 1947, II, Q. 122 Art.4, pág. 1702.
John Eck, um dos mais destacados defensores da fé católica romana, ao atacar Lutero no ponto da Sola Scriptura:
“As Escrituras ensinam: ‘Lembra-te do dia de sábado para o santificar; seis dias trabalharás e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus’, etc. Entretanto, a Igreja mudou o sábado para o domingo com base em sua própria autoridade, e para isto você [Lutero] não tem Escritura.”
John Eck, Enchiridion of Commonplaces Against Luther and Other Enemies of the Church, tradução de Ford L. Battles, 3a edição (Grand Rapids: Baker, 1979), pág. 13.
John Eck:
“A autoridade da Igreja não poderia estar presa à autoridade das Escrituras, porque a Igreja havia mudado o sábado para o domingo, não por um comando de Cristo, mas por sua própria autoridade.”
John Eck, Cânone e Tradição, pág. 263
Gaspare de Fosso, arcebispo de Reggio, por ocasião do Concílio de Trento (1545 a 1563):
“A autoridade da Igreja é, pois, ilustrada mais claramente pelas Escrituras; pois ao passo que de um lado ela [a Igreja] as recomenda, declara-as como divinas [e] no-las oferece para serem lidas… por outro lado, os preceitos legais das Escrituras, ensinados pelo Senhor, cessaram em virtude da mesma autoridade [da Igreja]. O sábado, o mais glorioso dia da lei, foi modificado para o Dia do Senhor… Estes e outros assuntos similares não cessaram em virtude dos ensinamentos de Cristo (pois Ele declarou que não veio para destruir a lei e sim para cumpri-la), mas foram modificados pela autoridade da Igreja.”
Gaspare [Ricciulli] de Fosso, Pronunciamento na 17a Sessão do Concílio de Trento, 18 de janeiro de 1562, in Mansi, Sacrorum Conciliorum, vol. 33, cols. 529 e 530, conforme transcrito em SDA Bible Students’ Source Book, edição revista, pág. 887.
Catecismo Romano:
“A Igreja de Deus porém, as achou conveniente transferir para o domingo a solene celebração do Sábado… em virtude da ressurreição de nosso Salvador.”
Catecismo Romano, edição 1566, pág. 440, parág. 5:18.
Rev. Henry Tuberville:
“Pelo próprio ato da mudança do dia de descanso para o domingo, o qual todos os protestantes aceitam; e portanto, contradizem-se positivamente, observando estritamente o domingo, e violando a maioria dos outros dias de festa ordenados pela mesma igreja.” – Abridgment of Christian Doctrine, Rev. Henry Tuberville, D.D. do Douay College, França, 1649, pág. 58.
John Gilmary Shea:
“O Protestantismo, ao descartar a autoridade da igreja, não tem boas razões para sua teoria do domingo, e devia logicamente guardar o sábado como dia de repouso.(…) O domingo, como dia de semana separado para o culto obrigatório público do Deus Todo Poderoso, a ser santificado suspendendo-se to do o trabalho servil, o comércio e ocupações mundanas e pelo exercício da devoção, é puramente uma criação da igreja Católica”.
John Gilmary Shea, “The Observance of Sunday and Civil Laws for its Enforcement”, The American Catholic Quarterly Review 8 (jan, 1883), pág. 139 e 152.
cardeal James Gibbons:
“A Igreja Católica… em virtude de sua divina missão, mudou o dia de Sábado para o domingo.”
Catholic Mirror , órgão oficial do Cardeal Gibbons, de 23 de Setembro de 1893.
cardeal James Gibbons:
“Você poderá ler a Bíblia do Gênesis ao Apocalipse, e não encontrará uma única linha autorizando a santificação do domingo. As Escrituras ordenam a observância religiosa do sábado.”
James Gibbons, The Faith of Our Fathers, 47a edição revista e ampliada (Baltimore: John Murphy & Co., 1895), págs. 111 e 112.
Kansas City Catholic:
“A Igreja Católica, por sua própria infalível autoridade, criou o domingo como dia santificado para substituir o Sábado, da velha lei.”
Kansas City Catholic, 9 de Fevereiro de 1893.
Catholic Press:
“O domingo é uma instituição católica, e sua observância só pode ser definida por princípios católicos. Do princípio ao fim das Escrituras não é possível encontrar uma única passagem que autorize a mudança do culto público semanal, do último para o primeiro dia da semana.”
Catholic Press, Sidney, Austrália. 25 de Agosto de 1900.
The Convert’s Catechism of Catholic Doctrine
“Observamos o domingo em vez do Sábado, porque a Igreja Católica no Concílio de Laodicéia (364 a.D.) transferiu a solenidade do Sábado para o domingo.”
The Convert’s Catechism of Catholic Doctrine, Rev. Peter Geierman, C.S.S.R.) pág. 50 – terceira edição, 1913, obra que recebeu a bênção apostólica do Papa Pio X, em 25 de Janeiro de 1910
Padre Dubois
“A Bíblia manda santificar o Sábado, não o domingo; Jesus e os apóstolos guardaram o Sábado. Foi a tradição católica que, honrando a ressurreição do Redentor, ocorrida no domingo, aboliu a observância do Sábado.”
O Biblismo, pág. 106, Padre Dubois – Belém/PA.
Monitor Paroquial:
“Foi a Igreja Católica que, por autoridade de Jesus Cristo, transferiu esse descanso para o domingo, em memória da ressurreição de nosso Senhor: de modo que a observância do domingo pelos protestantes é uma homenagem que prestam, independentemente de sua vontade, à autoridade da Igreja.” – Monitor Paroquialde 26 de Agosto de 1926, Socorro, SP.
Pe. Júlio Maria:
“Nós, católicos romanos, guardamos o domingo, em lembrança da ressurreição de Cristo, e por ordem do chefe de nossa igreja, que preceituou tal ordem de o Sábado ser do Antigo Testamento, e não obrigar mais no Novo Testamento.” – Pe. Júlio Maria, em Ataques Protestantes, p. 81.
Um Catecismo Doutrinal:
“Não tivesse ela (Igreja Católica) esse poder, e não poderia haver feito aquilo em que concordam todos os religionistas modernos – não poderia haver substituído a observância do Sábado do sétimo dia, pela do domingo, o primeiro dia, mudança para a qual não há autoridade escriturística.”
Um Catecismo Doutrinal, Rev. Stephan, pág. 174.
John A. O’Brien:
“Uma vez que o sábado, e não o domingo, é especificado na Bíblia, não é curioso que os não-católicos que professam obter sua religião diretamente da Bíblia e não da Igreja, observem o domingo em lugar do sábado? Sim, efetivamente, isto é inconsistente.” O costume da observância do domingo, diz ele, “repousa sobre a autoridade da Igreja Católica, e não sobre um texto explícito da Bíblia. Esta observância permanece como uma lembrança da Igreja-Mãe, da qual as seitas não-católicas se originaram – tal como um garoto que foge de casa mas ainda carrega em seu bolso uma fotografia da mãe ou uma mecha de seus cabelos”.
John A. O’Brien, The Faith of Millions, edição revista (Huntington, IN: Our Sunday Visitor Inc., 1974), págs. 400 e 401.
Peter Geiermann:
“P. Qual é o sábado?
“R. O sábado é o sétimo dia.
“P. Por que observamos o domingo em lugar do sábado?
“R. Observamos o domingo em lugar do sábado porque a Igreja Católica transferiu a solenidade do sábado para o domingo.”
Peter Geiermann, The Convert’s Catechism of Catholic Doctrine (Rockford, IL: Tan Books and Publ., 1977), pág. 50.
Karl Keating:
“… os fundamentalistas [um grupo de cristãos protestantes conservadores] reúnem-se para adorar no domingo. No entanto, ainda não há evidências na Bíblia que a adoração conjunta deveria ser aos domingos. O sábado judeu, o dia de descanso, era, naturalmente, o sábado. Foi a Igreja Católica que decidiu que o domingo deveria ser o dia de adoração para os cristãos, em honra da Ressurreição.”
Karl Keating, Catolicism and Fundamentalism, 1988, pág. 38.
Podemos guardar qualquer dia ou dia nenhum ?
Edgar Lopes – Sábado
Baseados em 3 textos paulinos, alguns argumentam que podemos guardar qualquer dia ou nenhum, sem que ninguém nos julgue por isto. Será mesmo? Vamos ler os três textos:
Rom. 14:5 Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente.
Gál.4:10 Guardais dias, e meses, e tempos, e anos.
11 Receio de vós, que não haja trabalhado em vão para convosco.
Col.2:16 Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados,
17 Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.
Estes dias de que fala Paulo são o sábado semanal, ordenado no quarto mandamento? NÃO!!!
Primeiro, precisamos distinguir entre o sábado da Lei Moral (os Dez Mandamentos, que definem o pecado) e os sábados da Lei Cerimonial (os sacríficios e festas judaicos, que remediam o pecado). A Lei Moral continha um Sábado semanal (Êxo. 20:8-11), o dia semanal de descanso e adoração que conhecemos. Ele continuará mesmo na eternidade (Isa. 66:22,23) e permanece como mandamento guardado pelos cristãos (Lucas 23:54-56).
Já a Lei Cerimonial continha 7 Sábados anuais (você os encontra em Lev. 23:24, 27-28, 32, 37-39). Estes eram os dias de festas do calendário anual judaico, recaindo em diferentes dias da semana:
15 de Nisã (Páscoa),
21 de Nisã (pães asmos),
6 de Sivã (Pentecostes),
1.º de Tishri (memória da jubilação, Festa das Trombetas),
10 de Tishri (Dia da Expiação),
15 de Tishri (Festa dos Tabernáculos) e
22 de Tishri (oitava dos Tabernáculos).
Para você entender melhor, pense nos dias de festa do calendário anual católico, como a Quarta de Cinzas, o Domingo de Páscoa ou o Corpus Christi. Estas festas católicas variam de um ano para outro, embora sejam calculadas segundo um tempo pré-fixado por métodos astronômicos. A Páscoa católica sempre cai num domingo, por exemplo, mas pode ser em março num ano e em abril em outro. Mas não importa a data em que a festa caia: segundo a Igreja de Roma, todo bom católico deve guardá-las como dias santos, com a mesma solenidade e reverência com que guarda o domingo. Tanto é que, no catecismo católico, o mandamento bíblico do sábado foi trocado por “guardar domingos e festas”.
Festas judaicas e festas católicas são parecidas em muitos aspectos. O primeiro é que as festas judaicas caíam em dias fixos do ano mas não em dias fixos da semana. Por exemplo, a Páscoa judaica caía sempre no dia 14 do mês lunar judaico de Nisã, mas em um ano esta data poderia ser quarta-feira e no seguinte, domingo. O segundo é que as festas judaicas deveriam ser guardadas pelos judeus como dias santos, em que nenhum israeleita deveria praticar qualquer tipo de trabalho. O terceiro é que o judeu deveria guardar estas festas, independente do dia da semana em que caíssem, com a mesma solenidade e reverência com que ele guardava o sábado semanal. A diferença principal para nós, contudo, é a seguinte: as festas judaicas eram tão parecidas com o sábado que eram chamadas… SÁBADOS!!! Poderia ser quarta-feira ou domingo, o judeu chamava estes dias especiais de… sábado! Se duvida, leia os versos acima indicados em Levítico 23 e comprove você mesmo.
São estes sábados anuais da Lei Cerimonial de que fala a Bíblia quando diz que os sábados seriam abolidos (Osé.2:11). Estes sábados anuais apontavam para o futuro, para a Salvação que Cristo traria para a humanidade; como o véu que se rasgou de alto abaixo e os cordeiros sacrificados que perderam o valor quando Jesus morreu, estes sábados perderam completamente o valor na cruz. São estes os sábados e dias de que fala Paulo.
Os sábados anuais prefiguravam a cruz e terminaram na cruz, mas o sábado do Senhor foi estabelecido antes da entrada do pecado, e portanto, esses sábados não podiam prefigurar nada sobre livramento do pecado. Esta é a razão pela qual Colossenses faz menções específicas dos sábados que eram “sombra das coisas que haviam de vir”. O sábado semanal aponta para o passado, as “coisas que aconteceram” na Semana da Criação , realizada por Deus em seis dias.
Os crentes em Rom.14:5 podiam achar ou não alguns dias mais santos do que outros, porque a santidade destes dias santos era indiferente para o cristão. Os judaizantes de Gál. 4:10-11 erravam por achar que a guarda das festas judaicas pudesse salvá-los. Os irmãos de Col. 2:16-17 não deveriam julgar os outros por estes sábados, porque eles eram sombras que apontavam para o futuro; quando Cristo, o corpo veio, as sombras perderam a razão de existir.
Voltemos ao exemplo das festas católicas. Motivado por sua experiência religiosa anterior, pode acontecer de um católico fervoroso que se converte ao protestantismo querer dedicar o dia de Pentecostes para orar mais ou evitar trabalhos desnecessários na Sexta-Feira da Paixão. Estes dias santos para o catolicismo não têm santidade alguma para o protestantismo, assim não precisam ser guardados. Mas qual o problema se o irmão que veio do catolicismo quiser separá-los para o estudo da Bíblia ou para uma vígila de oração? Podemos dizer para este ex-católico o mesmo que Paulo disse para os ex-judeus do primeiro século: não há nenhum problema. Mas ele deve respeitar os demais irmãos que não veem nada de diferente ou especial neste dia (Rom. 14:5). Ele também não deve pensar que esta prática pessoal tenha qualquer mérito para sua salvação (Gál.4:10-11). Muito menos deve tentar impor este hábito sobre os outros crentes, julgando o o caráter ou a salvação dos que não pensam como ele (Col.2:16-17).
Estes textos, portanto, não se referem ao sábado semanal e não fundamentam a idéia de podemos guardar qualquer dia ou dia nenhum. Se alguém acha que esta é uma conversa fiada adventista, pode conferir trechos de vários comentários não-adventistas que interpretam os 3 textos acima da mesma maneira.
O Novo Testamento ensina a guardar o Sábado?
O Novo Testamento e o Sábado
Muitos dizem: “os princípios da lei que valem para nós são apenas os que são repetidos no Novo Testamento. De fato, todos os princípios morais da lei são repetidos, mas o sábado não é.” Essa argumentação, comum em livros que acusam e combatem os adventistas do sétimo dia, são unânimes em afirmar que NOVE mandamentos do Decálogo são repetidos no Novo Testamento, apresentando inclusive uma surrada tabela em que só não aparece o sábado.
Será isto verdade? Não, pelo contrário! Existem 59 referências ao sábado semanal no Novo Testamento, 1 sobre o sábado cerimonial e 8 ao “primeiro dia da semana”. Abaixo seguem as passagens que mostram o sábado como o dia de descanso e adoração na vida de Cristo e história da Igreja primitiva:
Mateus 12:8 Porque o Filho do Homem é senhor do sábado.
Mateus 24:20 Orai para que a vossa fuga não se dê no inverno, nem no sábado.
Lucas 4:15-16 E ensinava nas sinagogas, sendo glorificado por todos. Indo para Nazaré, onde fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler.
Lucas 23:54-56 Era o dia da preparação, e começava o sábado. As mulheres que tinham vindo da Galiléia com Jesus, seguindo, viram o túmulo e como o corpo fora ali depositado. Então, se retiraram para preparar aromas e bálsamos. E, no sábado, descansaram, segundo o mandamento.
Atos 13:13-14 E, navegando de Pafos, Paulo e seus companheiros dirigiram-se a Perge da Panfília. João, porém, apartando-se deles, voltou para Jerusalém. Mas eles, atravessando de Perge para a Antioquia da Pisídia, indo num sábado à sinagoga, assentaram-se.
Atos 13:42-44 Ao saírem eles, rogaram-lhes que, no sábado seguinte, lhes falassem estas mesmas palavras. Despedida a sinagoga, muitos dos judeus e dos prosélitos piedosos seguiram Paulo e Barnabé, e estes, falando-lhes, os persuadiam a perseverar na graça de Deus. No sábado seguinte, afluiu quase toda a cidade para ouvir a palavra de Deus.
Atos 16:12-13 e dali, a Filipos, cidade da Macedônia, primeira do distrito e colônia. Nesta cidade, permanecemos alguns dias. No sábado, saímos da cidade para junto do rio, onde nos pareceu haver um lugar de oração; e, assentando-nos, falamos às mulheres que para ali tinham concorrido.
Atos 17:2-3 Paulo, segundo o seu costume, foi procurá-los e, por três sábados, arrazoou com eles acerca das Escrituras, expondo e demonstrando ter sido necessário que o Cristo padecesse e ressurgisse dentre os mortos; e este, dizia ele, é o Cristo, Jesus, que eu vos anuncio.
Atos 18:1, 4 e 11 Depois disto, deixando Paulo Atenas, partiu para Corinto. 4 E todos os sábados discorria na sinagoga, persuadindo tanto judeus como gregos. E ali permaneceu um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus.
Hebreus 4:4-10 Porque, em certo lugar, assim disse, no tocante ao sétimo dia: E descansou Deus, no sétimo dia, de todas as obras que fizera. E novamente, no mesmo lugar: Não entrarão no meu descanso. Visto, portanto, que resta entrarem alguns nele e que, por causa da desobediência, não entraram aqueles aos quais anteriormente foram anunciadas as boas-novas, de novo, determina certo dia, Hoje, falando por Davi, muito tempo depois, segundo antes fora declarado: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração. Ora, se Josué lhes houvesse dado descanso, não falaria, posteriormente, a respeito de outro dia. Portanto, resta um repouso para o povo de Deus. Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo descansou de suas obras, como Deus das suas.
O Sábado foi mudado para o domingo?
Marcelle, Douglas e Milce – Descanso para o Coração
Três contra-argumentos comuns usados contra o sábado são: A) O sábado foi mudado para o domingo. B) Para guardar o mandamento, basta guardar um dia em sete. C) Podemos guardar qualquer dia ou nenhum dia, sem que ninguém nos julgue por isto. Vejamos cada um deles.
Apenas 8 textos no Novo Testamento falam do domingo, chamando-o meramente de “o primeiro dia da semana”. Cinco deles (Mat. 28:1; Mar.16:2 e 9, Luc. 24:1; João 20:1) apenas relatam que Jesus ressuscitou neste dia, sem falar de qualquer alteração no dia de guarda ou reunião religiosa no domingo. João 20:19 é o único nos evangelhos que fala de reunião “no primeiro dia”, mas não foi para comemorar a ressurreição do Salvador: embora as mulheres tivessem contado a eles que viram o túmulo vazio e Jesus ressurreto, os apóstolos não creram e estavam “de portas trancadas, por medo dos judeus” quando Jesus apareceu. “Oito dias depois” (que pode ser o domingo ou a segunda-feira), Ele aparece novamente para convencer Tomé da ressurreição, não para celebrar o domingo — se for domingo — com os discípulos (João 20:24-27).
Se Jesus tivesse feito a alteração do sábado para o domingo, Ele próprio teria comunicado a mudança a Seus discípulos, e estes escreveriam a respeito nos evangelhos. Mas nada é encontrado. É curioso notar que um verso antes no evangelho de Lucas, escrito 40 anos depois da ressurreição, afirma que as mulheres “no sábado, descansaram, segundo o mandamento” (Lucas 23:56). O advogado e teólogo protestante DR. WILLIAM SMITH no seu célebre Dicionário da Bíblia, pág. 366, embora advogando a vigência do domingo, reconhece a escassez de provas e admite honestamente o seguinte em relação a esses textos:
“Tomadas separadamente, talvez, ou mesmo todas em conjunto, estas passagens se nos afiguram não muito adequadas para provar que a dedicação do primeiro dia da semana ao propósito acima mencionado [dia de repouso em honra da ressurreição] fosse matéria de instituição apostólica, ou mesmo uma prática dos apóstolos”.
Atos 20:7 fala dos discípulos reunidos para partir o pão no primeiro dia. Como a contagem bíblica do dia começa ao fim da tarde, não à meia-noite (Gên. 1:5,8; Lev. 23:32; Mar. 15:42; Luc. 24:29), a reunião em Trôade aconteceu exatamente no sábado à noite, não no domingo. Além disso, o próprio verso mostra que esta não era uma reunião regular para santa ceia, mas convocada de forma extraordinária para reunir os crentes antes de Paulo partir de viagem. As reuniões religiosas mencionadas no livro de Atos são efetuadas no sábado — congregando judeus e gentios — na sinagoga (13:14, 42-44;18:1-4) ou ao ar livre (17:1-3).
1 Cor. 16:2 faz referência a coletas feitas no primeiro dia da semana para os pobres de Jerusalém. O texto na Almeida Revista e Atualizada fala para que o crente separe o dinheiro “EM CASA” e “VÁ AJUNTANDO”. Não se tratava de culto nem de reunião alguma no primeiro dia da semana, pois a coleta a) não era feita na igreja, b) não era parte do culto nem se destinava à igreja local e c) era uma separação de dinheiro que cada um devia fazer em sua casa. Assim, quando Paulo viesse, cada um lhe entregaria o total da oferta que foi AJUNTANDO, isto é, separando e guardando ao longo da semana e que Paulo levaria ou mandaria para os crentes pobres de Jerusalém. Sobre a omissão de EM CASA no texto em outras versões bíblicas, vejamos o The Cambridge Bible For Schools and Colleges, publicado pela Cambridge University Press, declara, comentando este texto, que “não podemos inferir desta passagem que os cristãos se reuniam no primeiro dia da semana.” E prossegue:
“‘Cada um ponha de lado’, isto é, em casa, no lar, não em reuniões como geralmente se supõe. Ele [Paulo] fala aqui de um costume que havia naquele tempo, de se colocar uma pequena caixa ao lado da cama, e dentro dela se depositavam as ofertas, depois de se fazer oração.” – Parte “The First Epistle to the Corinthians”, editado por J. J. Lias, pág. 164.
Os primeiros 6 textos sobre o domingo vistos no Novo Testamento mostram que não há qualquer mandamento claro ou ou indireto de Jesus ordenando guardar o domingo em honra à Sua ressurreição. O apóstolo Paulo escreveu muito sobre ela, sendo este um de seus temas favoritos ao pregar aos judeus e aos gentios. Mas os dois últimos textos vistos mostram que Paulo não via qualquer ligação entre a este evento e a guarda do domingo. Para comemorarmos a ressurreição de Jesus, o Novo Testamento ordena não a guarda do domingo, mas o batismo nas águas. Paulo ensina que, no simbolismo da imersão, somos sepultados na morte com Cristo e ressuscitamos com Ele para uma nova vida por meio do batismo (Rom. 6:3-5).
Quando surgiu o Sábado – no Sinai ou no Éden?
A Origem do Sábado como Dia Sagrado
“Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército. E, havendo Deus terminado no dia sétimo a Sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a Sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera” (Gênesis 2:1-3). Deus instituiu o sábado (junto com o matrimônio) no último dia da semana da criação, quando o mundo ainda ostentava sua perfeição original (Gênesis 31), antes que o homem pecasse e antes de estabelecer as nações. Desse modo, o sábado foi dado a toda a família humana, e não apenas a uma parte dela. Etimologicamente, “sábado” é uma palavra hebraica que significa “descanso”, e os diversos idiomas testemunham a universalidade do sábado.
Deus instituiu o sábado em Gênesis 2:1-3 através do tríplice ato de descansar, abençoar e santificar. Houvesse Deus apenas descansado, e dúvidas ainda poderia haver quanto à validade desse descanso para as criaturas. Mas o fato de Ele também haver abençoado (transformando em um canal de bênçãos) e santificado (separando para uso sagrado) esse dia confirma a instituição edênica do sábado para a raça humana.
Jesus disse: “O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.” Marcos 2:27. Não somente para os judeus, mas para o homem – todo homem e toda mulher em todos os lugares. Os judeus só passaram a existir 2.500 anos após o estabelecimento do sábado.
O sábado, como foi dito e reiteramos, antedata o pecado e fora dado antes da Queda, portanto antes que o homem necessitasse de Redenção. Mas se não tivesse havido a tragédia da Queda, o que aconteceria com o sábado? Continuaria a ser observado pelo homem no Éden, com o privilégio da companhia de Deus. Mas não há dúvida que continuaria a ser observado.
E tanto isto é verdade que, na Restauração de todas as coisas, quando enfim a maldição for removida desta Terra e tudo voltar à pureza edênica e o homem à glória original, o sábado continuará a ser observado e para sempre pelos salvos no lar eterno, segundo lemos em Isa. 66:22. Portanto, o sábado é uma instituição universal que associa os três fundamentos basilares da fé cristã: Criação, Queda e Redenção.
Que Gênesis 2:1-3 deve ser entendido como a instituição do dia de repouso para todos os homens podemos ver também pela explicacão do teológo batista Augustus Strong, que não é adventista. Ele contradiz a idéia de que o sábado é mosaico. Diz ele:
“O sábado é de obrigação perpétua como memorial instituído por Deus, de Sua atividade criadora. A exigência do sábado é anterior à época do Decálogo, e forma uma parte da lei moral. Feita na Criação, aplica-se ao homem como homem, em toda a parte e em qualquer tempo, em seu presente estado de existência.”
Por esta declaração do mestre batista se evidencia que o sábado não se originou do legalismo de Israel. E acrescenta:
“No Velho Testamento há indicações da observância do dia do sábado antes da legislação mosaica.” — A. H. Strong, Systematic Theology (Ed. Three Volumes in One, The Judson Press), pág. 408.
Em outra passagem, Strong é mais incisivo:
“O sábado é de obrigação perpétua…. A sua instituição antedata a Decálogo e forma uma parte DA LEI MORAL.” – A. H. Strong, Systematic Theology, pág. 408.
O erudito comentador batista Broadus também defende a universalidade do sábado nestas palavras:
“O sábado parece ter sida ordenado aos nossos pais logo que foram criados; e juntamente com a instituição do casamento constituem as únicas relíquias que nos restam da vida sem pecado no Paraíso. O mandamento de santificá-lo foi incluído entre os Dez Mandamentos, a LEI MORAL, que é de obrigação perpétua.” – John A. Broadus, Comentário ao Evangelho de S. Mateus, Vol. 1, 344.